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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2001 Cathy Williams

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Casamento por conviência, n.º 2158 - dezembro 2016

Título original: The Boss’s Proposal

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9193-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

– Ah, sim, a menina Lockhart! – cumprimentou-a, sorridente, uma mulher de meia-idade e bom aspecto, que acabara de atravessar as portas de vidros fumados que levavam ao hall impressionante da Paxus PLC. – O meu nome é Geraldine Hogg e sou a supervisora do grupo de dactilógrafas – apresentou-se, apertando a mão de Vicky com força. – Tenho aqui o seu formulário de aplicação para emprego, querida – indicou, mostrando-lhe uns documentos, – e vai ter uma surpresa.

Ao ouvir aquilo, Vicky sentiu um aperto no coração. Não gostava de surpresas e não passara meia hora a lutar com os engarrafamentos da hora de ponta para ter de enfrentar uma. Decidira concorrer para o lugar de dactilógrafa na Paxus PLC porque o salário que lhe ofereciam era magnífico e, ainda que não oferecesse nenhuma perspectiva de futuro, pelo menos era o tipo de trabalho que lhe permitiria pôr a sua casa em ordem, sem nenhum tipo de pressão.

– E agora, querida, porque não vem para o meu escritório para lhe explicar todos os pormenores? – perguntou-lhe Geraldine Hogg, com o tom de voz de alguém educado numa escola privada. Falava com firmeza, sem ser agressiva e Vicky teve a sensação de que podia trabalhar bem com ela. – Devo dizer que me parece demasiado qualificada para o trabalho – acrescentou, enquanto caminhavam por um corredor com escritórios de ambos os lados. Vicky tentou reprimir um suspiro de desilusão.

– Sou uma boa trabalhadora, menina Hogg – declarou Vicky, enquanto se esforçava por seguir o passo acelerado da outra mulher. De repente, percebeu que algumas madeixas estavam a fugir do seu coque, que fizera para ter os seus cabelos frisados sob controlo. Aquele emprego interessava-lhe muito e não queria dar uma má impressão, embora fosse quase impossível parecer uma mulher madura e sofisticada com aquele cabelo avermelhado tão rebelde e a cara cheia de sardas.

– Já chegámos! – Geraldine Hogg parou bruscamente à porta de um dos escritórios e Vicky quase caiu para cima dela. – As minhas dactilógrafas trabalham ali – explicou, ao mesmo tempo que apontava para uma sala ampla em frente do seu escritório.

Vicky deu uma olhadela ao seu interior, imaginando como seria trabalhar ali.

O seu último trabalho na Austrália não tivera nada a ver com aquilo. Fora uma das secretárias pessoais do director de uma empresa muito importante.

– Entre. Chá? Café? – indicou-lhe uma cadeira, à frente da sua mesa, e esperou que Vicky se sentasse antes de chamar uma jovenzinha para lhes trazer alguma coisa para beber. – Recomendo-lhe o café, querida. Não é instantâneo.

– Sim, obrigada. Beberei uma chávena – redarguiu Vicky, cansada devido à velocidade com que a sua futura chefe a trouxera até ao seu escritório. – Com leite e sem açúcar. Obrigada.

– E agora, vou falar-lhe da pequena surpresa que tenho reservada para si – replicou Geraldine. Tinha os cotovelos apoiados sobre a mesa, as mãos cruzadas e olhava para Vicky fixamente com a cabeça inclinada. – Primeiro deixe-me dizer-lhe que fiquei muito impressionada com o seu currículo. Tem muitas qualificações! – enumerou algumas delas, para que Vicky percebesse que era demasiado qualificada para o trabalho. – A empresa em que trabalhou anteriormente deve ter ficado muito contente consigo!

– Eu gostaria de pensar que sim – começou a dizer Vicky com um sorriso, contente por ver a rapariga entrar com os cafés.

– Porque decidiu sair da Austrália? – perguntou-lhe Geraldine, com um olhar interrogativo, porém, antes que Vicky pudesse responder, disse: – Não! Não é preciso responder! Vou informá-la do trabalho que teria de fazer na nossa empresa. Para começar, devo dizer-lhe que pensamos que seria um desperdício deixá-la trabalhar como dactilógrafa…

– Ah! – Vicky lutou por conter as lágrimas. Desde que chegara da Austrália, tinham-na rejeitado em dois empregos pela mesma razão que Geraldine estava a descrever naquele momento e, a não ser que conseguisse um trabalho estável, em breve estaria com sérios problemas económicos.

– Mas, por sorte – continuou Geraldine, com satisfação, – temos algo melhor para lhe oferecer, portanto não tem de ficar com essa cara de desilusão. O nosso director-geral precisa de uma secretária pessoal e, embora seja um pouco jovem para o lugar, é muito qualificada, por isso apresentei a sua candidatura para o lugar. O salário que receberia seria o dobro deste.

– Trabalhar para o director-geral?

Vicky pensou que aquilo era demasiado bom para ser verdade.

– Irá vê-lo agora. Não lhe garanto que vá conseguir o lugar, mas a sua experiência dar-lhe-á mais hipóteses.

Vicky pensou que tudo aquilo devia ser um sonho e em breve acordaria. Ao ver o anúncio no jornal, ela lembrara-se do nome da empresa. Shaun, numa das muitas vezes em que se gabara, mencionara-a como uma das muitas empresas que a sua família possuía. Custara-lhe muito responder ao anúncio, porque tinha más recordações da sua relação com Shaun, mas a curiosidade de conhecer uma das empresas da família Forbes e o salário esplêndido que ofereciam acabaram por a fazer concorrer.

Olhou em seu redor com curiosidade ao chegar ao terceiro andar. A decoração era luxuosa e cuidada. As plantas artificiais, habituais nas empresas importantes, eram substituídas ali por orquídeas e rosas naturais.

– Espero que não se tenha importado de subir pelas escadas – replicou Geraldine, – mas é que não consigo suportar os elevadores. Além disso, um pouco de exercício nunca faz mal.

Vicky assentiu enquanto continuava a olhar em seu redor. Custava-lhe imaginar Shaun num ambiente tão eficiente e bem organizado como aquele. Tentou não pensar nele e concentrou-se na conversa de Geraldine, que parecia concentrada em elogiar os lucros do império Forbes. Segundo ela, a Paxus PLC era apenas uma pequena empresa, embora estivesse a crescer a bom ritmo. Perguntou-se se mencionaria Shaun ou o irmão que vivia em Nova Iorque, mas não o fez. Limitou-se a continuar a falar do crescimento da empresa.

– Trabalho há vinte anos para a empresa. Ao princípio, pensei dedicar-me ao ensino, mas pensei melhor e nunca me arrependi de trabalhar aqui – confessou. Vicky pensou que a conversa ia começar a ser mais pessoal mas, de repente, parou à frente de uma porta e bateu.

– Sim!

Como por arte de magia, o rosto inexpressivo de Geraldine tornou-se rosado e, quando abriu a porta, espreitou e o seu tom de voz tornou-se melódico.

– A menina Lockhart está aqui, senhor.

– Quem?

– A menina Lockhart.

– Agora?

Assustada, Vicky olhou para o quadro abstracto que estava numa parede em frente dela e perguntou-se se aquele trabalho «surpresa» também seria uma surpresa para o homem em questão ou se todos os directores-gerais eram mal-educados.

– Informei-o na semana passada – esclareceu Geraldine, no seu tom de voz habitual.

– Deixa-a entrar, Gerry, deixa-a entrar – ao ouvir aquelas palavras, Geraldine abriu por completo a porta e desviou-se para deixar Vicky entrar.

O homem estava sentado à frente de uma mesa enorme, numa poltrona giratória de pele, que afastara um pouco para conseguir esticar as pernas.

Com o coração acelerado, Vicky conseguiu ouvir a porta a fechar-se atrás dela e deu por si no meio daquele escritório enorme. Custava-lhe respirar e não se atrevia a mexer um músculo, porque, se o fizesse, receava que as suas pernas falhassem.

O que viu à sua frente pareceu-lhe um pesadelo: aquele cabelo preto, o rosto ossudo, aqueles olhos cinzentos, tão peculiares.

– Está bem, menina Lockhart? – perguntou-lhe ele, com impaciência, sem mostrar a mínima preocupação. – Parece que está quase a desmaiar e a verdade é que não tenho tempo para me ocupar de uma secretária desmaiada.

– Estou bem, obrigada – afirmou, pensando que não mentia, porque estava bastante bem, apesar da surpresa que tivera. Pelo menos era capaz de se manter em pé.

– Então, sente-se – apontou para uma cadeira que havia em frente dele. – Receio que me tenha esquecido por completo que vinha hoje… O seu formulário está por aqui… Dê-me um instante…

– Não faz mal – redarguiu Vicky, que finalmente parecia ter encontrado a voz. – Na verdade, não vale a pena perder o seu tempo a entrevistar-me. Não penso ser a pessoa adequada para este tipo de emprego.

A única coisa que desejava era sair dali o mais depressa possível. O seu coração estava acelerado e sentia a cara a arder.

Aquele homem não lhe respondeu imediatamente. Parou de procurar o currículo dela durante um instante e observou-a com curiosidade.

– Ah, sim? Porquê? – levantou-se e apoiou o seu corpo musculado contra a janela que havia atrás da cadeira, para a observar melhor.

Vicky tentou com todas as suas forças encontrar uma desculpa válida para ter ido a uma empresa candidatar-se para um trabalho e, de repente, querer ir-se embora o mais depressa possível, mas não lhe ocorreu nada.

– Parece um pouco nervosa – indicou, enquanto a observava como um predador observa a sua presa. – Não será uma daquelas pessoas neuróticas?

– Sim – apressou-se a responder Vicky, agarrando-se àquilo como um salva-vidas. – Muito neurótica. Um homem como você não precisaria de mim para nada.

– Um homem como eu? E que tipo de homem é esse? – Vicky limitou-se a baixar o olhar. A resposta que lhe tivesse dado não seria satisfatória. – Sente-se, por favor. Está a começar a interessar-me, menina Lockhart – esperou até ela se sentar e, depois, ficou a observá-la um instante, como se tentasse perceber o que estava a passar-lhe pela cabeça. – Agora, conte-me tudo. Estou a começar a pensar que se passa algo de que não tenho conhecimento.

– Não sei o que quer dizer.

– Bom, vou esquecer isso por enquanto – declarou com condescendência, avisando-a que não ia esquecer o assunto.

Vicky lembrou-se, então, das palavras de Shaun ao dizer-lhe que o seu irmão Max pensava que era Deus e que sempre pensara que tinha o direito de gerir a vida de Shaun. Referira-se a ele como um homem egoísta, que só queria pisar as pessoas, começando pelo seu próprio irmão. Segundo Shaun, ele desacreditara-o tanto que até o pai de ambos lhe virara as costas.

Quando se candidatara para o emprego, nunca teria imaginado que o seu destino seria conhecer Max Forbes, porque sabia que ele vivia em Nova Iorque há anos. Shaun podia ter sido um pesadelo, mas os pesadelos não nasciam, criavam-se e o homem que estava a observá-la naquele momento com frieza certamente ajudara a fazer com que Shaun fosse assim, o que o tornava uma pessoa ainda pior.

– Portanto, declara-se neurótica mas, no entanto – tirou uma folha de entre várias, – teve um emprego bastante importante numa empresa australiana, que deixou com muito boas referências. Um pouco estranho, não lhe parece? Ou talvez a sua neurose estivesse sob controlo naquela altura? – Vicky não fez nenhum comentário e observou os edifícios de tijolo vermelho que se viam pela janela. – Geraldine disse-lhe porque é que este lugar está disponível?

– Com pormenor, não – respondeu Vicky, – mas sinceramente não há nenhuma necessidade de me dar explicações, porque já tomei a decisão de trabalhar como dactilógrafa…

– É claro, compreendo que não queira comprometer o seu talento indubitável ao conseguir um trabalho com excelentes perspectivas de futuro – ironizou.

Confusa, Vicky olhou para ele devido ao sarcasmo que notava no tom de voz dele.

– Neste momento tenho muitos assuntos para resolver – retorquiu vagamente, – e não gostaria de aceitar um emprego com grandes responsabilidades sem saber se conseguirei assumi-las.

– Como?

– Desculpe?

– A que tipo de assuntos se refere? – Max olhou novamente para o currículo de Vicky e, depois, olhou para ela.

– Bo… bom – gaguejou Vicky, surpreendida pela pergunta directa, – acabei de regressar da Austrália e tenho de resolver muitos assuntos referentes… à minha casa e ainda estou a tentar estabelecer aqui…

– Porque decidiu sair da Austrália?

– A minha mãe… faleceu… Pensei que a mudança me faria bem… e a verdade é que consegui trabalho numa empresa muito boa e, em seis meses, fui promovida, portanto acabei por ficar mais tempo do que tencionava ficar. Era mais fácil do que regressar para cá e…

– E confrontar a sua perda?

Vicky assustou-se ao notar que aquele homem percebera alguma coisa. Shaun sempre lhe parecera muito intuitivo. Talvez fosse uma coisa de família.

– Agradeceria que acabássemos esta entrevista agora – levantou-se e começou esticar o fato; faria tudo para não ter de olhar para aqueles olhos cinzentos inquietantes. – Lamento tê-lo feito perder o seu tempo. Sei que é um homem muito ocupado e o seu tempo é ouro. Se soubesse o que aconteceria, teria telefonado para cancelar a entrevista. Como já disse, não me interessa aceitar nenhum trabalho que possa monopolizar o meu tempo livre.

– As referências – continuou Max com frieza, não fazendo caso do desejo de Vicky de abandonar o escritório, – que a empresa australiana lhe deu são fabulosas – disse a Vicky, que permanecia em pé, sem saber o que fazer. – Na verdade, são impressionantes e são ainda melhores vindo de James Houghton, que conheço muito bem.

– Conhece-o? – ao ouvir aquilo, Vicky pressentiu que aquilo seria um desastre e voltou a sentar-se. Não queria que Max Forbes telefonasse ao seu antigo chefe na Austrália. Lá, deixara demasiados segredos que não tinha a menor intenção de revelar.

– Andámos na escola juntos, há um milhão de anos – levantou-se e começou a passear pelo escritório, saindo às vezes do campo de visão de Vicky. Esta pensou que, se o fazia para a incomodar, estava a conseguir. – É um bom homem de negócios, portanto uma recomendação dele conta muito para mim – ficou calado um instante atrás dela e Vicky sentiu pele de galinha. – Onde vivia?

– Em Sidney. A minha tia tem um apartamento lá.

– E tinha uma boa vida social?

– Com quem? – perguntou-lhe, com cautela. Preferia conseguir vê-lo para tentar interpretar a expressão dele.

– Com pessoas do seu emprego – esclareceu, já ao lado dela.

Pelo canto do olho, conseguia vê-lo apoiado na parede, com as mãos nos bolsos e a cabeça inclinada para um lado, à espera das respostas dela. Parecia querer gravá-las na sua mente para as usar mais tarde contra ela. De repente, lembrou-se de que não haveria um «mais tarde» porque, por muito poderoso que ele fosse, não podia obrigá-la a trabalhar na sua empresa. A ideia de que se iria embora dali em breve tranquilizou-a um pouco e até conseguiu sorrir.

– Às vezes. Tinha muitos amigos em Sidney. A verdade é que os australianos são muito abertos.

– Foi o que me disseram. Certamente, o meu irmão pensava isso.

– Tinha um irmão lá? – perguntou Vicky, sentindo que começava a suar de nervosismo.

– Shaun Forbes. O meu irmão gémeo.

Vicky surpreendeu-se ao ouvir aquilo. Estivera com ele quase um ano e meio e nunca lhe dissera que eram gémeos. De repente, percebeu o que Shaun devia ter sentido por não conseguir obter o sucesso que seu irmão gémeo alcançara.

Ver Max Forbes deixara-a impressionada. Era muito parecido com Shaun e trazia-lhe muitas lembranças dolorosas.

– Acho que saía muito e era muito conhecido na sociedade de Sidney – explicou, enquanto voltava a sentar-se na sua mesa.

– O nome não me diz nada – conseguiu dizer Vicky.

Teve a sensação de que o diabo estava a brincar com ela. Desde a sua chegada a Inglaterra, só tivera problemas. Os últimos inquilinos que tinham vivido em casa da sua mãe tinham-na deixado muito deteriorada e a agência através da qual alugara o apartamento não queria aceitar as responsabilidades, portanto, para além de ter de encontrar emprego, tinha de reformar a casa.

Além disso, havia Chloe.

Vicky fechou os olhos e sentiu náuseas.

– Surpreende-me, porque James passava muito tempo com ele. O lógico é que se tivesse encontrado com ele na empresa – Vicky, incapaz de falar, limitou-se a abanar a cabeça. – Não? – perguntou Max e voltou a olhar para o currículo de Vicky. – Bom, talvez não. De qualquer forma, não penso que Shaun tenha reparado em si.

Aquele comentário pareceu ordenar as ideias de Vicky. Certamente, não quisera insultá-la, mas fizera-o. O que ele não sabia era que o seu irmão tentara seduzi-la durante meses com flores e elogios, até a ter convencido de que estava destinada a salvá-lo, a fazer dele uma pessoa melhor, mas não ela demorara muito tempo a perceber quem ele era realmente, um homem com uma faceta muito desagradável.

– Muito obrigada – agradeceu, com frieza.

– Porque decidiu sair da Austrália, se tinha um trabalho tão bom e uma vida social tão intensa?

Vicky sentiu uma pontada de medo.

– Nunca tive a intenção de ficar lá para sempre, portanto a certa altura decidi que era hora de regressar a Inglaterra.

Chloe. Fora tudo por causa dela.

– E só arranjou empregos temporários desde que regressou? Terá de concordar que o salário é muito baixo.

– Para mim, serve.

– E está a viver…? – parou de olhar para ela e leu no seu currículo. – Nos subúrbios de Warwick. Uma casa alugada?

– A minha mãe deixou-me a casa quando faleceu, mas aluguei-a durante os anos que estive fora.