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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2009 Lee Wilkinson

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Um chefe enganado, n.º 1201 - janeiro 2018

Título original: The Boss’s Forbidden Secretary

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-986-2

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Cathy carregara o carro, despedira-se dos vizinhos, entregara as chaves do apartamento e partira de Londres naquela manhã.

Como era um trajecto tão longo e Carl estava preocupado com ela, tinha acedido a fazer a viagem em duas etapas e dormir no Ilithgow House, um pequeno hotel cómodo e barato, gerido por uma família.

Carl dissera-lhe:

– Levanta-te o mais cedo possível, mana. São muitos quilómetros até ao Ilithgow. Além disso, nestes dias antes do Natal há mais trânsito.

Apesar da advertência, a viagem fora mais longa do que tinha imaginado e já estava a viajar de noite há várias horas.

Acabava de deixar a Inglaterra e tinha entrado na Escócia quando começou a nevar. Adorava neve e pensou em como seria maravilhoso um Natal branco.

Isso, se não se tivesse deixado convencer por Carl a viver uma mentira.

Quando, finalmente, viu uma placa na estrada a anunciar o hotel, o vento aumentava com força, fazendo com que a neve batesse contra o pára-brisas e conduzisse, praticamente, às cegas.

Ao reservar quarto no Ilithgow House, descobrira que o hotel ficava a um quilómetro da estrada principal. No entanto, ao chegar era necessário atravessar uma velha ponte de pedra que atravessava o rio Ilith.

Depois de ter entrado na estrada secundária que levava ao hotel e de recordar a ponte, Cathy parou o carro. Naquelas condições, poderia não ver a ponte e acabar no rio.

Depois de reflectir alguns segundos, pareceu-lhe que o melhor era sair do carro e dar uma olhadela.

Com a mão no manípulo da porta, viu um carro a aproximar-se atrás dela. Era um carro grande, um Range Rover. O veículo parou ao lado do seu e a silhueta escura de um homem tornou-se visível na janela.

Quando Cathy desceu a janela, uma voz viril e agradável perguntou-lhe:

– Precisa de ajuda?

Brevemente, ela explicou o que se passava.

– Felizmente, conheço esta zona muito bem – disse ele. – Levo-a lá, siga-me.

Antes que ela tivesse tempo de lhe agradecer, ele já arrancara.

Finalmente, através da tempestade de neve, Cathy avistou as janelas iluminadas do hotel.

Pouco depois, o carro que a guiava ligou o pisca-pisca da direita e parou diante dos degraus da entrada.

Enquanto Cathy estacionava o seu carro ao lado do dele, o homem desligou os faróis do seu veículo, saiu e levantou a gola do casaco.

Embora ela não conseguisse ver-lhe a cara, viu que era um homem alto e de ombros largos.

Então, ele abriu-lhe a porta do carro e perguntou-lhe:

– Suponho que tenha quarto reservado, não é verdade?

– Sim.

Ao ver os sapatos de camurça de salto alto dela, disse-lhe:

– O chão está perigoso. Tenha cuidado ao andar.

– Sim. Devia ter calçado uma coisa mais apropriada, mas não esperava esta tempestade de neve.

Ele não usava gorro e, ao dar-se conta de que os flocos de neve caíam com força sobre a sua cabeça, Cathy saiu do carro com demasiada rapidez e escorregou.

Agarrando-a pelo braço, ele segurou-a.

– Agora, pode dizer-me: «Eu avisei».

Ele desatou a rir-se.

– Nunca faria uma coisa assim. Tem bagagem?

– Só um saco com o que preciso para esta noite.

Quando Cathy o tirou do porta-bagagem, ele disse:

– Eu levo-o – e tirou-lho da mão.

– Obrigada – murmurou ela. – Mas… Não tem também bagagem para levar?

– Não, não tenho bagagem. Não tinha intenção de passar a noite aqui. No entanto, uma reunião que tinha de manhã foi adiada para mais tarde e, dadas as condições meteorológicas, é preferível que passe aqui a noite, se não quiser arriscar-me a acabar num buraco.

Cathy não poderia estar mais de acordo e, através da cortina de neve, subiram os degraus da entrada.

Ao ver que ela tinha problemas em acompanhá-lo, ele rodeou-a com um braço. O gesto carinhoso reconfortou-a, em agudo contraste com a tristeza que sentia há muito tempo.

Desde a morte dos seus pais, vira-se obrigada a assumir todo o tipo de responsabilidades, por isso, era extraordinário sentir-se protegida, que outra pessoa assumisse o controlo de uma situação.

Deu-lhe pena quando chegaram à porta e ele retirou o braço.

Uma vez lá dentro, enquanto limpavam os pés no tapete da entrada, ele desceu a gola do casaco e passou a mão pelo cabelo para tirar a neve.

O hall do hotel tinha uma carpete vermelha e era acolhedor, com várias poltronas, dois sofás, decoração de Natal e uma lareira acesa.

Mas a atenção de Cathy estava concentrada naquele homem. Era a primeira vez que o via a sério e a sua reacção foi profunda. Um rosto de traços marcados e pestanas espessas tornavam-no o homem mais atraente que já tinha visto na sua vida e desejou continuar a olhar para ele.

Mas depressa recordou a si mesma que não podia permitir-se sentir-se atraída por um homem. Devia assumir o papel de mulher casada.

Um papel que tinha acedido representar, com o objectivo de o seu irmão conseguir o lugar de professor de esqui, o sonho dele desde pequeno. Um papel em que tinha de aparentar ser feliz, apesar de a sua curta experiência no casamento, com Neil, ter sido tudo menos feliz.

Consciente de que o desconhecido estava a observá-la e, a julgar pela sua expressão, agradava-lhe o que via, ficou nervosa e desviou rapidamente o olhar.

Caiu-lhe um floco de neve no pescoço e fê-la tremer.

– Parece-me que não lhe faria mal utilizar isto – aquele homem tirou do bolso um lenço dobrado e ofereceu-lho. – O meu nome é Ross Dalgowan.

Os seus olhos encontraram-se brevemente e ela baixou-os.

– Eu chamo-me Cathy Richardson.

Um pouco tímida, pensou ele, mas era a mulher mais fascinante que já tinha visto e queria continuar a olhar para ela.

Apesar de ter os dentes e a pele bonitos, não era bonita no sentido estrito da palavra. O seu cabelo era entre castanho e loiro, os olhos eram de uma cor indefinível, tinha o nariz demasiado pequeno e a boca demasiado grande. Mas o seu rosto em forma de coração possuía verdadeiro carácter.

Enquanto se aproximavam do balcão da recepção, ela secou o rosto com o lenço e devolveu-lho.

– Obrigada.

– Sempre ao seu dispor – disse ele, com um sorriso que fez com que o seu coração disparasse.

Cathy ainda tentava recuperar a compostura quando uma mulher roliça e de cabelo grisalho saiu por uma porta ao fundo do hall.

Sorrindo enquanto se aproximava do balcão, disse, animadamente:

– Boa tarde… Embora receie que de boa não tem nada – então, a sua expressão tornou-se de surpresa. – Meu Deus, é o senhor Dalgowan, não é?

– Sim, é verdade. Boa tarde, senhora Low!

– Não o esperava com este tempo.

– É por causa do tempo que estou aqui – disse ele. – Estava a caminho de casa quando a tempestade de neve me surpreendeu e fez com que decidisse passar a noite aqui.

– Oh, não! – exclamou a mulher. – Não temos nenhum quarto livre. Mas seria uma loucura viajar numa noite assim, portanto, a única coisa que posso oferecer-lhe é um sofá diante da lareira e a utilização da casa de banho da família, que fica do outro lado do arco, à direita. Parece-lhe bem?

– Sim, perfeito. Obrigado.

– Dava-lhe o quarto de Duggie, mas veio passar o Natal connosco e trouxe a sua namorada – a senhora Low suspirou. – Os jovens de agora são muito atrevidos no que se refere às relações. Nunca me teria ocorrido fazer isso quando era jovem, mas Duggie está sempre a dizer-me e a Charlie que temos de nos modernizar. Enfim, suponho que tem razão! Bom, é melhor parar de falar sobre isto ou nunca mais acabo. E… a menina?

– A menina Richardson tem quarto reservado – respondeu Ross Dalgowan, reparando nas mãos dela, sem aliança de casada.

A senhora Low abriu o livro onde estavam as reservas.

– Richardson… Richardson… Ah, sim, aqui está…

Então, corada, levantou o rosto e, olhando para Cathy, disse:

– Receio que lhe devo um pedido de desculpa, menina Richardson. Esta tarde, demo-nos conta de que tínhamos cometido um erro e a única coisa que está livre é uma pequena suíte familiar no rés-do-chão. Tem dois quartos e uma casa de banho. Mas, como o erro foi nosso, ficará pelo preço do quarto que tinha reservado. Tem bagagem?

– Só um saco.

Precisamente naquele momento, outro floco de neve caiu pelo rosto de Cathy e Ross, levantando uma mão, limpou-o.

Ao ver o gesto íntimo, a senhora Low interpretou mal a relação entre ambos e, como se tivesse resolvido um problema, sugeriu:

– Porque não partilham a suíte?

– Se há dois quartos, não vejo problema… – disseram os dois em uníssono.

– Vou mostrá-la. Verão como será fácil decidirem-se – saindo de trás do balcão, a senhora Low conduziu-os por um pequeno corredor e abriu uma porta à sua direita.

– Embora haja aquecimento, acendi a lareira do quarto. É muito agradável numa noite como esta, não é?

A suíte era quente e acolhedora. Havia uma cama de casal coberta com um edredão antigo, um armário, uma cómoda e, diante da lareira, uma mesa de apoio e duas poltronas.

Ao lado da lareira havia uma cesta com troncos e pinhas para o fogo. O cheiro dos troncos misturava-se com o cheiro a lavanda.

Do outro lado de um arco com cortinas havia um pequeno quarto com uma cómoda, beliches e um armário embutido.

Depois de lançar um olhar rápido ao metro e oitenta e sete de Ross, a senhora Low disse, com voz cheia de dúvida:

– Receio que os beliches sejam para criança, mas suponho que, mesmo assim, será mais cómodo do que o sofá. E aqui é a casa de banho…

Apesar de ser antiga, a casa de banho estava impecável e, para além de banheira, tinha um duche.

– Há toalhas de sobra, sabonetes e tudo o mais – a senhora Low olhou para um e para outro. – Enquanto se decidem, porque não se sentam comodamente diante da lareira? Entretanto, vou buscar-vos qualquer coisa para jantarem.

Satisfeita por ter feito o que estava ao seu alcance, a mulher partiu.

Depois de deixar o saco de Cathy em cima da cómoda, Ross Dalgowan arqueou um sobrolho.

– Tem algum problema com a sugestão da senhora Low? Porque se for assim…

– Não, não, claro que não!

– Nesse caso… – ele ajudou-a a tirar o casaco, antes de tirar o seu e pendurar ambos num bengaleiro.

Cathy viu que usava umas calças elegantes e um colete de couro por cima da camisa. O relógio de pulso parecia caro e os sapatos, feitos à mão. Embora a sua roupa parecesse simples, o aspecto daquele homem indicava riqueza e poder, enquanto os seus gestos e presença sugeriam segurança em si mesmo.

Tirando um telemóvel do bolso, ele disse:

– Desculpe-me um minuto, por favor. Quero telefonar para as pessoas que estão à minha espera, com o fim de que não se preocupem, para lhes dizer que vou passar a noite aqui.

– Sim, é claro.

Enquanto ele fazia a chamada, Cathy sentou-se diante da lareira.

Chamando Marley à pessoa que lhe tinha atendido o telefone, o homem foi directo e acabou:

– Então, até amanhã! Adeus!

Cathy não conseguiu evitar perguntar-se se Marley seria a sua esposa.

Ross guardou o telemóvel no bolso e juntou-se a ela diante da lareira.

– Tem os sapatos encharcados. Porque não os tira e aquece os pés?

Cathy não precisou que insistisse e, rapidamente, tirou os sapatos, deixou-os ao lado da lareira para que secassem e pôs os seus pés magros diante das chamas.

– Está melhor? – perguntou-lhe ele.

– Sim, muito melhor.

– Há quanto tempo estava a conduzir?

– Saí de Londres a meio da manhã. Mas, embora só tenha parado um pouco para comer uma sandes e beber um café, levou muito mais tempo do que tinha imaginado.

– É londrina?

– Sim.

– Para onde se dirige?

– Para uma pequena vila que se chama Luing, na zona dos montes Cairngorms.

– Sim, conheço muito bem essa zona. Fez muito bem em não fazer a viagem de seguida, é um trajecto muito longo. Gosta de esquiar, não é?

– Sim, mas não esquio bem. E você?

– Eu nasci no sopé dos montes Cairngorms, portanto, durante o Inverno, passava a vida a esquiar.

– Receio que a minha experiência com os esquis se limite a férias nos Alpes quando era pequena.

– Era divertido, não era?

– Sim, eu gostava muito.

Sem pensar duas vezes, Cathy comentou:

– Para escocês, não tem quase sotaque.

– O meu pai e a sua família eram da Escócia, mas a minha mãe era inglesa. Quando eu tinha catorze anos e a minha irmã, onze, os nossos pais divorciaram-se e a nossa mãe foi viver para Londres. Embora o meu pai e eu não nos déssemos muito bem, fiquei a viver com ele e com a sua segunda esposa até fazer dezoito anos; então, fui estudar para Oxford.

Ross fez uma pausa antes de continuar:

– Depois de me licenciar, instalei-me em Londres e montei uma empresa de Informação e Tecnologia com alguns amigos meus. Tenho intenção de me mudar em breve para a Escócia, mas ainda continuo em Londres, a tratar de pontas soltas.

– Em que parte de Londres vive?

– Num apartamento em Belmont Square.

O facto de viver no elegante bairro de Mayfair confirmava a impressão que lhe dera de ser um homem com dinheiro.

– Vem muito à Escócia?

– Quatro ou cinco vezes por ano.

– Por negócios ou por prazer?

– As duas coisas.

Naquele momento, bateram à porta e a senhora Low, com um avental atado à cintura, entrou, empurrando um carrinho com o jantar.

– Bom, aqui está o jantar! – anunciou a senhora Low. – Há sopa de alho francês, empadas de presunto e, de sobremesa, bolo de maçã com natas. E trouxe café – enquanto falava, a senhora Low deixou o carrinho ao lado deles. – Receio que seja um jantar simples…

– Obrigado, senhora Low – disse Ross Dalgowan. – No que me diz respeito, é um banquete. Obrigado por se ter incomodado.

Cathy também lhe agradeceu.

– Não foi nenhum incómodo – respondeu a senhora Low, visivelmente satisfeita. – Ah, quando disse a Charlie que estavam aqui, disse-me para vos entregar isto, para que bebam um copo.

Como um mágico a tirar um coelho da cartola, a mulher tirou do bolso do avental uma garrafa de uísque escocês e dois copos com gelo, enrolados num guardanapo branco.

– Por favor, agradeça-lhe.

– Vai despedir-se dele antes de partir?

– Sim, claro que o farei.

A senhora Low agachou-se para colocar mais troncos na lareira e continuou:

– As camas estão feitas. Também deixei uma almofada e mantas num dos sofás, caso decida dormir lá. Faça o que lhe parecer melhor – a senhora Low endireitou-se. – E agora, se não quiserem mais nada, vou para a cama. Com o hotel cheio, tive um dia muito ocupado. Boa noite!

– Boa noite! – responderam Ross e Cathy em uníssono.

A senhora Low parou ao chegar à porta.