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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

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28001 Madrid

 

© 2006 Lee Wilkinson

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Diamantes de vingaça, n.º 1046 - abril 2017

Título original: The Bejewelled Bride

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9656-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Bethany olhou à sua volta. A paisagem que avistava era assombrosa naquela tarde de Fevereiro. Durante os últimos quilómetros, vira um Range Rover preto pelo espelho retrovisor, porém, já devia ter saído da estrada porque naquele momento não havia mais carros.

Quando naquele mesmo dia saíra mais cedo para visitar a senhora Deramack e ver algumas antiguidades, seguira pela estrada principal, mas decidira regressar por aquela rota solitária para poder admirar aquela paisagem silvestre que recordava da sua visita anterior a Lake District.

Enquanto conduzia, recordou aquela maravilhosa visita e aquele atraente rosto de homem que fazia com que se arrepiasse.

Um rosto que estivera fresco na sua memória durante os últimos seis anos.

Calada e tímida, tinha apenas dezassete anos naquela época e estava de férias com a sua família. Tinham decidido passar uma noite em Cumbria na viagem de regresso a Londres depois de uma visita à costa oeste escocesa.

Tinham ficado hospedados no Dundale End e, depois de jantar, tinham assistido a um concerto na vila. Fora ali que se apaixonara pela primeira vez. Fora amor à primeira vista.

Vira-o entrar na sala; alto, com ombros largos, vestido de forma informal e com um ar de confiança em si mesmo. Teria por volta de vinte anos, mas já era um homem, loiro e de olhos claros.

Com ele, estava um casal de idosos e uma rapariga com mais ou menos a mesma idade que se referira a ele pelo nome de Joel.

Prestara mais atenção àquele rapaz do que ao concerto em si e uma das vezes em que o observava reparara que ele estava a olhar para ela intensamente, fazendo com que o calor se apoderasse dela. Sentira como corara e desviara rapidamente o olhar, o que fizera com que a sua cabeleira de cabelo escuro lhe tapasse a cara e o seu rubor.

Quando o concerto acabara, ela continuara a olhar para o palco, desejando que quando toda a gente saísse trocassem algumas palavras. No entanto, quando olhara para trás, o pequeno grupo já saíra. Sentira-se amargamente decepcionada.

Embora se tivesse dito que era ridículo desejar algo que podia ter acontecido, sonhara e pensara nisso durante meses.

As lembranças daquela adoração inocente permitiram-lhe afastar a sua mente durante alguns segundos muito apreciados do que estava a tornar-se um desastre.

Naquela manhã, depois de não ter dormido muito e de ter estado meia hora sentada à frente do seu ainda zangado chefe, Tony, enquanto tomavam o pequeno-almoço no Dundale Inn, saíra de carro para o vale de Bosthwaite para visitar a senhora Deramack.

Era, como descobrira, um vale sem saída. Tivera de parar para perguntar como chegar à casa da senhora Deramack.

– A velha senhora Deramack é um pouco… já sabe… – advertira-lhe um agricultor antes de lhe indicar o caminho para a casa Bosthwaite.

Bethany percebeu imediatamente o que o agricultor quisera dizer quando a senhora lhe dissera que, embora Joseph, o seu marido, tivesse falecido há cinco anos, ainda estava com ela e teria de concordar com o preço de qualquer coisa que ela vendesse.

As antiguidades que queria vender estavam armazenadas nas águas-furtadas da casa, onde estava muito frio e havia muito pouca iluminação e, enquanto a senhora Deramack ficara a conversar com «o seu marido» no início das escadas, como se este ainda estivesse vivo, ela analisara muitas das caixas que ali havia.

Quando finalmente acabara de ver a última caixa, gelada de frio e dorida devido ao esforço, admitira a sua derrota.

Então, partira, decidindo regressar por uma estrada secundária em vez de seguir pela estrada principal.

No começo, a paisagem fora espectacular, mas naquele momento era ainda mais.

Muito antes do que esperara, o ar fresco tornara-se nublado e o sol começara a pôr-se. Perguntou-se se, embora adorasse a paisagem de Lakeland, fora sensato ter escolhido aquele caminho de regresso.

Aquele era um amor pelo campo que Tony Feldon, o seu chefe e dono da Feldon Antiques desde o falecimento do seu pai, no ano anterior, não partilhava.

Quando na noite anterior tinham chegado à porta do Dundale Inn, ele olhara à sua volta e tremera.

– Parece que estamos no meio do nada! Quando fiz as reservas devia ter-me certificado de que o hotel ficava na vila…

Bethany perguntara-se por que razão teria feito ele mesmo as reservas em vez de tê-lo pedido a Alison, a rapariga que fazia tudo por ele.

– Se temos de ficar neste lugar esquecido por Deus, será melhor que valha a pena – resmungara Tony.

– Tenho a certeza de que sim – dissera ela. – Há alguns artigos magníficos especificados no catálogo anterior de Greendales.

– Isso é verdade – dissera ele, enquanto tirava as malas do carro e dava a Bethany a sua.

Então, tinham entrado no hotel, dirigindo-se à recepção, que estava vazia.

– Deus, que horror! Parece que somos os únicos hóspedes.

– Bom, estamos a meio da semana e não é temporada alta – assinalara ela.

– Talvez seja um dia de semana e não seja temporada alta – dissera ele, irritado, tocando na campainha da recepção. – Mas era suposto o maldito lugar estar aberto.

Bethany ignorara o mau humor e o sobrolho franzido de Tony.

– Pelo que a senhora Deramack disse quando falei com ela ao telefone, parece que tem peças muito boas de prata e porcelana.

– Bom, se as tiver, esperemos que a velha não se dê conta do seu valor real, caso contrário, quererá uma fortuna por elas.

– Pretendes ir tu mesmo falar com ela?

– Não. Estive a ver o mapa e é uma grande distância até ao vale de Bosthwaite. Apanharei um táxi até Greendales e tu podes levar o carro. Se achares que alguns dos artigos que a senhora Deramack quer vender valem a pena, não dês muitos pormenores nem fixes um preço. Eu faria a negociação pessoalmente, mesmo que isso significasse ter de ficar mais um dia, mas…

Bethany franzira o sobrolho. Ficara irritada ao ver que ele era incapaz de confiar nela. Ela trabalhara para James Feldon, o pai de Tony, desde que acabara a escola aos dezoito anos e, depois do seu repentino ataque de coração, sentira muito a falta dele.

Não gostava nem confiava em Tony. A ideia que tinha de que podia brincar com as mulheres enfurecia-a, assim como as suas sugestões de que, já que Devlin estava fora de cena, se ela se abrisse um pouco, poderiam divertir-se muito juntos.

Observando o ainda deserto hall do hotel, Tony tocara à campainha novamente com uma violência desnecessária.

– Onde demónios está toda a gente?

Alguns segundos depois, aparecera uma senhora de alguma idade.

– Lamento tê-los feito esperar, mas a recepcionista teve de ir para casa porque estava doente e não há ninguém para a substituir… Têm reservas?

– Sim, para duas noites. Em nome de Feldon.

– Ah, sim, aqui está… Senhor e senhora Feldon. Um quarto duplo no andar de baixo. O número cinco – dissera a senhora, olhando para o livro de registos.

– Acho que há um engano – esclarecera Bethany. – Eu não sou a senhora Feldon e preciso de um quarto só para mim.

Mas então, ao ver a fúria que a cara de Tony reflectia, apercebera-se de que não houvera nenhum engano. Fora por isso que ele fizera as reservas e dissera que «seria melhor que valesse a pena».

– Oh, lamento – desculpou-se a mulher. – Bom, há um quarto individual ao fundo do corredor. O número nove, se lhe parecer bem.

– Está bem, obrigada – assegurara-lhe Bethany, pegando na chave e seguindo a direcção que a mulher indicara.

– Bolas, Bethany! – queixara-se Tony, depois de a ter seguido até à porta do quarto. – Porque tinhas de insistir para que te desse outro quarto?

Ela virara-se para trás para o enfrentar, com o aborrecimento reflectido nos seus olhos cinzentos.

– Não te ocorreu pensar que não quero ir para a cama contigo?

– Porquê? Muitas mulheres querem – dissera ele, muito surpreendido.

– Então devias ter trazido uma delas.

– Eu gostaria de o ter feito, em vez de trazer uma menina convencida como tu – resmungara ele, zangado.

Então, ela virara-se e ele continuara a falar de uma forma mais moderada.

– Olha, desculpa. Pensa bem. Deus sabe que podíamos divertir-nos muito num buraco como este.

– Vou dizê-lo pela última vez: não vou dormir contigo e se não parares de me incomodar serei forçada a demitir-me – dissera Bethany, furiosa.

– Não há necessidade de exagerar – dissera então Tony, que não queria perdê-la. Mas ainda acrescentara, carrancudo: – Não sei porque não podes abrir-te um pouco comigo. És demasiado velha para agir como uma virgem dissimulada. Já não estás comprometida com aquele Devlin…

Faltavam seis semanas para o seu casamento quando Bethany, que regressara de uma viagem a Paris, fora ao apartamento de Devlin e o encontrara na cama com outra mulher.

Então, devolvera-lhe o anel de noivado e partira.

– Só porque ainda estás zangada e amargurada por causa da forma como ele te tratou – prosseguira Tony – não significa que tenhas de o descarregar em todos os outros homens.

Quando ela olhara para ele friamente, Tony aborrecera-se ainda mais.

– Se não fosses tão frígida, ele não teria precisado de procurar outra mulher… – quando se apercebera de que as suas piadas cruéis não tinham provocado qualquer resposta, partira para o seu quarto…

O carro agitou-se violentamente e fez com que ela regressasse ao presente.

Assustada, desviou para a beira da estrada e parou o carro. A tremer, saiu e viu que, como imaginara, um dos pneus da frente furara.

Bom, tinha de fazer alguma coisa… e rápido. Estava a anoitecer e a densa névoa ameaçava descer até ao nível do chão e impedir a visibilidade.

Sentia calafrios e vestiu o seu casaco antes de se dirigir para o porta-bagagem, de onde tirou o macaco e o pneu suplente.

Apesar de, até àquele momento, nunca ter mudado um pneu, quando comprara o seu primeiro carro, o seu pai insistira em ensiná-la a fazê-lo. E naquele momento estava-lhe muito agradecida… No entanto, não parecia ser tão fácil como recordava.

Ainda estava a tentar pôr o macaco no sítio certo quando, milagrosamente, avistou as luzes de um carro a aproximar-se. Alguns segundos depois, um grande Range Rover preto, como aquele que estivera a segui-la momentos antes, parou na beira da estrada, perto dela.

Ao levantar-se, viu um homem alto e loiro a sair do carro.

Apesar de estar encandeada pelas luzes e de ele ter o rosto na penumbra, havia algo de familiar naquele homem.

– Precisa de ajuda? – perguntou.

Bethany apercebeu-se de que tinha uma voz atraente, sem sotaque da zona.

– Por favor – respondeu ela, agradecida.

Então, viu-o trocar o pneu com uma destreza que só podia admirar.

– Deve ser suficiente – disse o homem, depois de acabar.

– Muito obrigada. Não imagina como estou agradecida.

O homem limpou as mãos num lenço depois de pôr as ferramentas no porta-bagagem e dirigiu-se para o seu carro.

– Fico contente por ter ajudado.

Então, nesse momento, quando as luzes do carro iluminaram o seu rosto, Bethany conseguiu vê-lo claramente: era o rosto que a perseguira durante os últimos seis anos.

Não, não podia ser! Mas sabia que era ele e que mais uma vez ia desaparecer da sua vida.

– Não sei o que teria feito se não tivesse aparecido – disse, desesperada.

– Tenho a certeza de que se teria desenvencilhado… – disse então, sério. – Sugiro que retomemos os nossos caminhos enquanto ainda conseguimos ver a estrada.

A névoa era muito densa naquele momento e Bethany tremeu devido ao frio e à desolação que sentiu.

– Conhece a estrada? – perguntou ele, como se tivesse percebido o seu estado de espírito.

– Não – respondeu em voz baixa.

– Nesse caso, sugiro que vamos juntos – esperou que ela assentisse com a cabeça antes de continuar a falar. – O meu nome é Joel McAlister.

Bethany sentiu um aperto no coração.

– Eu sou Bethany Seaton.

– Para onde vais?

– Estou hospedada no Dundale Inn – respondeu ela, nervosa.

– Eu também vou para os arredores de Dundale. Mas, a julgar pelo nevoeiro, acho que não vamos chegar tão longe.

– Oh…

– Mas não te preocupes. Se conseguirmos chegar a Dunscar, que fica a um quilómetro e meio de distância, podemos alojar-nos no hotel de lá. Durante o Inverno está fechado, mas acho que os porteiros vivem sempre lá. É melhor voltarmos para a estrada. O caminho é muito estreito para que eu passe com o meu carro, portanto teremos de ir no teu.

Então, dirigiu-se para o seu carro e apagou as luzes.

– Como conheço o caminho, é melhor ser eu a conduzir.

Entraram no carro e Bethany mal conseguia ver através da densa névoa, porém, ele conduzia com cuidado e confiança, fazendo com que ela se sentisse segura. Mas a verdade era que, mais do que preocupada com a sua segurança, estava a pensar no facto de o destino ter devolvido aquele homem à sua vida.

Aquele estranho, que na verdade não era um estranho para ela, e ela estavam destinados a ficar juntos. Nunca antes estivera tão certa de alguma coisa.

Enquanto se dirigiam para Dunscar, o seu coração acelerou e analisou o perfil de Joel.

Era extremamente bonito. Tinha uma covinha que, quando ele sorrisse, faria as suas delícias…

– Achas que sou de confiança? – perguntou, a olhar para ela.

– Espero que sim. Apesar de ser um pouco tarde para me preocupar com isso – respondeu ela, desviando o olhar rapidamente.

Ao ver que ele não dizia mais nada, ela continuou a falar:

– Obviamente conheces esta zona, apesar de não teres sotaque.

– Não.

– Não vives por aqui? – perguntou, a brincar, nervosa, com a alça da sua mala.

– Não. Vivo em Londres.

Bethany respirou aliviada. Aquilo eram boas notícias.

– Estás aqui em negócios? – perguntou ela.

– Podemos dizer que sim… – Joel sorriu ironicamente.

Então ele parou de falar para poder concentrar-se na condução e ela manteve silêncio.

– Já chegámos – disse ele, algum tempo depois. Então, estacionou o carro e apagou as luzes.

Ao princípio, tudo o que Bethany conseguia ver era o nevoeiro. Mas então começou a ver uma ténue luz.

Joel saiu do carro e abriu-lhe a porta, agarrando-a pela cintura para a ajudar a sair e esse leve contacto conseguiu fazer com que o calor se apoderasse dela, quase ficando sem fôlego.

Quando chegaram ao que parecia um pequeno anexo do hotel, Joel bateu à porta.

Abriram quase imediatamente e então viram um homem idoso.

– Lamento incomodá-lo, mas precisamos de dois quartos para esta noite – disse Joel.

– O hotel está fechado – disse o porteiro. – Vão ter de ir para outro sítio.

– Infelizmente é impossível, o nevoeiro está demasiado denso.

– O hotel está fechado – repetiu o homem obstinadamente, preparando-se para fechar a porta.

No entanto, Joel adiantou-se e agarrou-a, dizendo algo em voz baixa que Bethany não conseguiu ouvir.

– Todos os quartos estão fechados e na zona principal não há aquecimento.

– Bom, tenho a certeza de que consegue encontrar alguma coisa para nós – insistiu Joel num tom agradável. – Num lugar antigo como este, certamente há algum quarto com lareira.

– A gerente vive no hotel quando está aberto, portanto há o quarto dela. Mas a cama não está feita e o gerador não funciona, por isso não há electricidade…

– Pode mostrar-nos?

O porteiro virou-se, entrando na casa. Bethany apercebeu-se de que Joel não afastou o pé da porta até que este voltou com umas chaves e uma lanterna na mão. Fechou a porta e conduziu-os entre a névoa para uma porta que dava para um pequeno hall.

Abriu uma porta no final de um pequeno corredor e iluminou o quarto com a lanterna.

– Isto será suficiente – garantiu-lhe Joel. – Tudo o que precisamos é de algumas almofadas, umas quantas mantas e umas velas.

– No armário há roupa de cama, toalhas, um candeeiro a óleo e fósforos – disse o porteiro, a contragosto.

– Obrigado – Joel entregou-lhe algumas notas. – Talvez pudesse trazer alguma coisa para comer e uma bebida quente para a menina?

O homem pôs o dinheiro no bolso das calças.

– Verei o que posso fazer – disse, saindo em seguida.

Deixou-os na completa escuridão e Bethany hesitou um pouco sobre o que fazer.

– Fica onde estás até eu encontrar os fósforos – ordenou Joel.

Pouco tempo depois, encontrou os fósforos e acendeu o candeeiro, ajustou a chama e, em segundos, o quarto ficou iluminado por uma luz dourada.

Então, começou a preparar a lareira, pondo madeira.

– Estás a tremer – disse, ao levantar a cabeça. – Aproxima-te da lareira.

Sem precisar que o repetisse e, apesar de estar a tremer devido tanto ao frio como à excitação, Bethany aproximou-se e sentou-se na poltrona que ele aproximara da lareira.

– Tens os pés frios? – perguntou ele.

– Congelados – admitiu ela.

– Aquecerão muito mais rápido se tirares as botas – sugeriu.

Apercebendo-se de que era verdade, tentou descalçar-se, no entanto, tinha as mãos tão frias e as botas eram tão altas que lhe foi impossível fazê-lo.

– Deixa-me ajudar-te – disse Joel, ajoelhando-se, tirando-lhe as botas e, depois, esfregando-lhe os pés entre as suas mãos.

Aquilo fez com que ela sentisse o pulso a acelerar, tal como fez com que se sentisse reconfortada. Naquele momento, era até capaz de lhe entregar o seu coração… se já não era dele.

– Está melhor assim? – perguntou ele, depois de ver que os seus pés estavam mais quentes.

– Muito melhor, obrigada – respondeu ela com a voz rouca.

– Óptimo.

Joel tinha a pele bronzeada e um sorriso que tirava o fôlego. Quando olhou para ela, Bethany deu-se conta de que os seus olhos não eram do azul-claro que ela imaginara, mas de um verde prateado. Tinha uns olhos fascinantes…

Joel levantou-se justamente quando o porteiro regressou com um saco de plástico que deixou na bancada da cozinha.

– Aqui têm tudo de que podem precisar. O fogão funciona a gás e no armário encontrarão uma chaleira e uma baixela.

– Obrigado… e boa noite – disse Joel.

Emitindo um grunhido, o senhor virou-se e saiu, arrastando os pés.

Pensar em beber algo quente era reconfortante e Bethany começou a levantar-se.

– Fica onde estás e aquece-te. Eu prepararei alguma coisa para beber e umas sandes.

Num minuto, acendeu o fogão e pôs a chaleira a ferver. Então, tirou as coisas que havia no saco de plástico: café instantâneo, leite, manteiga, queijo e um pouco de pão.

– Não é grande coisa – comentou. – Mas muito adequado, desde que gostes de queijo, café e que não comas açúcar.

– Sim, gosto, e não como açúcar – respondeu ela.

Joel sorriu levemente e o seu coração acelerou.

– Então não há nenhum problema – disse, tirando o casaco.

Assim que a chaleira começou a apitar, preparou o café e deu-lhe uma chávena. Ela observou-o enquanto preparava as sandes e as punha em cima de uma das mesas.

– Acho que já não preciso mais dele – disse Bethany, levantando-se e começando a tirar o casaco.

Ele ajudou-a. Depois, afastou uma cadeira e sentou-se perto dela à frente da lareira, oferecendo-lhe uma sandes.

– Faz as honras.

– Não tenho muita fome.

Mas como ele continuava a oferecer-lha, Bethany aceitou-a para lhe agradar.

– Assim está melhor – disse ele, sorrindo.

Tinha os dentes muito brancos e o seu sorriso era tão encantador que o coração dela voltou a acelerar.

Estar à frente daquela fogueira com o homem que vivera no seu coração, na sua mente e nos seus sonhos durante tanto tempo era demasiado maravilhoso para ser verdade…