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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1999 Lee Wilkinson

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Casamento desfeito, n.º 480 - março 2019

Título original: Marriage on Trial

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1307-593-8

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

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Capítulo 1

 

 

 

 

 

Supondo que a ocasião exigia glamour, mas sem condições de se apresentar sempre com um vestido novo, Elizabeth optou por um dos seus modelos favoritos, simples e elegante, de cor azul-escuro e sapatos de salto alto em camurça no mesmo tom. Os cabelos castanhos-escuros, quase pretos, estavam presos num pequeno carrapito.

Para enfeitar, colocou os seus brincos de prata e madrepérola delicadamente moldados em forma de sereia, a sua única jóia, e o relógio no pulso esquerdo, do qual nunca se separava.

Quando a campainha tocou, estava pronta para atender.

Abriu a porta da sua casa e sorriu para o homem alto, loiro e atraente ao mesmo tempo que vestia o seu casaco de pele sintética.

Richard Beaumont inclinou-se e beijou-a no rosto.

– Estás linda! – ele elogiou-a com as suas maneiras sempre finas e aristocráticas.

A noite estava fria e escura. A neblina invadia pouco a pouco as ruas.

– A que horas começa o leilão? – perguntou Elizabeth enquanto Richard a conduzia à limusina.

– Às nove e trinta, após o cocktail. Não creio que se estenda por muito tempo. Como se trata de uma colecção pequena e particular de pedras preciosas, os interessados deverão arrematá-las numa hora, talvez menos.

Rico e apreciador do que era belo, Richard coleccionava pedras preciosas como outros coleccionavam selos.

– Tu tens em vista alguma pedra em especial? – perguntou Elizabeth enquanto o motorista os levava a Hyde Park.

Os olhos azuis de Richard reflectiram um grande entusiasmo.

– A mais especial de todas. O diamante Van Hamel.

– Achas que haverá disputa?

– Embora os convites tenham sido entregues apenas a um grupo seleccionado, eu ficaria surpreso se fosse o único a desejá-lo – respondeu Richard com franqueza.

– Nesse caso, pretendes adquiri-lo a qualquer preço?

– Oh, sim. Eu quero-o para mim. Embora o diamante não seja grande, a lapidação é magnífica. Não posso pensar em nada mais perfeito para um anel de noivado.

A última frase foi dita com tanta naturalidade que Elizabeth pestanejou.

– Sabes a que me refiro, não?

Elizabeth engoliu em seco. Já tinha percebido que Richard estava a levar o relacionamento a sério, mas como ela ainda não tinha a certeza sobre os seus sentimentos, não sabia se devia ficar contente ou preocupada com a notícia.

Como homem inteligente e maduro que era, Richard deveria ter percebido a sua insegurança e nunca a pressionara.

Até àquele momento.

– Quero que cases comigo, Elizabeth. Aceitas?

Incapaz de responder, Elizabeth baixou os olhos e tentou ordenar os seus pensamentos.

Filho único de um barão, Richard era um homem bonito, gentil e carismático. A sua inteligência e um profundo conhecimento do mercado de acções a nível mundial tornaram-no rico pelo seu próprio esforço e mérito e uma pessoa respeitada em todos os círculos.

Ela tinha vinte e seis anos de idade. Se perdesse esta oportunidade, dificilmente encontraria outro pretendente com estas qualidades. Além disso, sempre sonhara ter um marido e filhos.

– Se a resposta for sim – continuou Richard, – celebraremos o nosso noivado no meu apartamento com uma taça de champanhe.

Além da mansão em estilo georgiano em Lombard Square, que herdara dos seus antepassados, Richard possuía um apartamento em Park Lane que Elizabeth ainda não conhecia.

Homem convencional e paciente, Richard nunca sugerira intimidades, mas estava a deixar claro agora que não pretendia continuar com um relacionamento puramente platónico.

Era chegada a hora de uma decisão.

Elizabeth mordeu o lábio. O que deveria responder? Fazia mais de cinco anos que virara a página da sua vida. Gostava sinceramente de Richard. Porque é que não esquecia de uma vez o passado e voltava a viver? Porque é que não aceitava a proposta de Richard e lutava pela felicidade?

– E então, minha querida?

Elizabeth ergueu os olhos castanho-escuros e fez um movimento afirmativo com a cabeça.

– Sim, Richard. A minha resposta é sim.

Um sorriso de triunfo iluminou o rosto masculino. E esse sorriso persistiu enquanto ele apertava as mãos de Elizabeth e as beijava.

– Não vejo necessidade de um noivado longo. Se tu concordares, poderemos casar na Primavera.

Estavam a aproximar-se de Belham Place, onde o leilão seria realizado.

Um palacete residencial noutros tempos, a linda construção ficava protegida por muros de pedra e grades douradas.

O portão de entrada estava guardado por um polícia. Ao ver o convite nas mãos de Richard, ele fez sinal para que entrassem.

O motorista deixou-os diante da porta principal.

– Não é preciso esperar, Smithers – disse Richard. – Nós voltaremos de táxi.

No hall de mármore, Richard e Elizabeth foram recebidos por um homem que se ofereceu para guardar os casacos. Um minuto depois, o anfitrião, um senhor de cabelos grisalhos, que Elizabeth veio a saber ser um conde, saudou-os e ofereceu-lhe champanhe.

Richard apresentou-a a vários conhecidos, todos muito bem vestidos e cordiais. Mais tarde, enquanto se serviam de um excelente buffet, regado a vinho e champanhe, Elizabeth percebeu que o seu acompanhante estava ansioso como nunca o vira antes, apesar de parecer calmo e descontraído para quem não o conhecesse.

Pouco antes das nove e trinta, os convidados foram conduzidos à sala onde seria realizado o leilão. À entrada, cada um recebeu um catálogo.

Assim que todos se sentaram, o leiloeiro assumiu o seu posto e deu início à sessão.

Pedras excepcionais foram apresentadas, com e sem lapidação. Richard não demonstrou nenhum interesse por elas. Porém, quando a última peça foi oferecida a um valor inicial de duzentas e cinquenta mil libras, Richard respirou fundo.

A disputa teve início, mas ele manteve-se em silêncio até que a oferta alcançou o valor de trezentas e cinquenta mil libras.

Dois dos participantes retiraram-se da disputa. Restavam agora apenas Richard e uma mulher de meia-idade que ele tinha identificado previamente como uma negociante de jóias.

O preço já tinha subido para quatrocentas mil libras quando a mulher se deu por vencida.

Richard olhou para Elizabeth e eles sorriram um para o outro ao som das marteladas do leiloeiro.

Ninguém esperava que um novo interessado surgisse na sala. O leiloeiro deteve-se, surpreso, ao ouvir o valor do lance.

– Quatrocentas e cinquenta mil!

Um murmúrio espalhou-se pela sala e os rostos viraram-se para trás. Os lances tinham sido cautelosos antes. Ninguém oferecia mais do que cinco ou dez mil libras de cada vez. O recém-chegado, contudo, tinha proposto cinquenta.

Decidido a possuir o diamante Van Hamel, Richard cobriu a oferta e aumentou-a em dez mil.

O recém-chegado ofereceu mais cinquenta.

Elizabeth começou a torcer as mãos de nervoso. Ao seu lado, Richard respirava com dificuldade.

– Consegues ver quem é que está a disputar o diamante comigo? – perguntou ele.

Elizabeth virou-se e olhou para o homem elegante e sofisticado que se colocara ao fundo da sala. Só conseguia ver o seu perfil arrogante e os seus cabelos escuros, mas ele parecia-lhe familiar.

De repente, a sua pulsação acelerou.

– Não, não pode ser Quinn. Não pode ser ele – disse ela a si mesma.

Então, o homem olhou na sua direcção e ela não teve dúvidas. O sangue desapareceu-lhe do rosto. Uma forte tontura obrigou-a a fechar os olhos.

Até àquele instante, não receara que Richard pudesse perder a disputa. Agora sabia que a batalha seria difícil.

Richard olhou-a de modo inquisitivo. Incapaz de falar, ela moveu a cabeça negativamente.

Richard ergueu a mão e sinalizou o seu aumento para setecentas mil libras. O silêncio que se seguiu trouxe esperança a Elizabeth, mas por pouco tempo.

– Oitocentos mil! – ofereceu Quinn.

O lance dessa vez fora de mais cem mil. A audiência deixou escapar uma exclamação de assombro.

Elizabeth notou a contrariedade de Richard. Um instante depois ele balançou a cabeça indicando que estava fora.

Sentiu pena. Conhecia Richard. Noutras circunstâncias, ele talvez tivesse continuado com a disputa, mas não naquela noite. Seria uma loucura.

Mal o leilão foi declarado encerrado, Richard levantou-se e levou-a consigo pelo braço. Sob o semblante calmo, Elizabeth adivinhou a ansiedade em afastar-se daquele lugar.

O mesmo acontecia com ela.

Não queria que Quinn a visse. Ele não podia vê-la.

O seu coração quase parou quando viu a aproximação de uma figura alta e morena. Mas um olhar de esguelha disse-lhe para não se preocupar pois tratava-se de um homem mais velho.

Já estavam a chegar à porta quando um dos conhecidos de Richard os cumprimentou.

– Má sorte – disse. – Quem poderia vencer um concorrente como aquele?

– Tu conhece-lo? – perguntou Richard.

– Sim. O nome é Quinn Durville. Ele é um banqueiro americano. A sua fortuna é astronómica. Ouvi um comentário acerca de sua vinda a Londres especialmente para participar neste leilão.

– Eu deveria ter adivinhado – resmungou Richard quando ele e Elizabeth ficaram a sós. – Já competi antes com este sujeito.

Elizabeth sentiu o ar faltar-lhe. Jamais lhe ocorrera que Richard e Quinn se conhecessem.

– Quando Quinn Durville quer algo, não se detém diante de nenhum obstáculo.

Era verdade. Seis semanas depois de o ter deixado, ela fora localizada, sem dúvida por um detective particular, e seguida. Foi preciso mudar de identidade e de endereço para o despistar.

Um arrepio percorreu todo o corpo de Elizabeth com esta lembrança.

– Tu não conheces aquele homem, pois não? – perguntou Richard como se tivesse lido os seus pensamentos.

– Não!

– Não te estás a sentir bem? – Richard deteve-se. – Estás muito pálida.

– Deve ser por causa da tensão de há momentos.

Estavam a servir café à saída e Richard perguntou se ela queria sentar-se e tomar uma chávena.

– Não, obrigada. Prefiro ir para casa.

O alívio de Richard foi evidente.

– Vou buscar o teu casaco.

Embora Richard não tivesse demorado mais de cinco minutos para ir e voltar com a peça de roupa, Elizabeth pensou que tinha passado um século. O seu medo de ser vista por Quinn estava a atordoá-la.

Estavam mesmo a sair da casa quando Quinn surgiu de trás de uma coluna, como se estivesse a aguardá-los, e barrou-lhes o caminho.

Elizabeth quase deixou escapar um grito ao encontrar-se cara a cara com o homem que esperara nunca mais tornar a ver. Foi com imenso esforço que manteve a calma e a serenidade.

Como se ela fosse invisível, Quinn estendeu a mão para Richard.

– Ah, Beaumont, deu-me trabalho…

Richard não teve alternativa excepto apertar a mão estendida para ele.

– Podemos dizer que estamos quites?

– Eu não diria isso – retorquiu Quinn e olhou para Elizabeth.

A etiqueta demandava uma apresentação, pensou Richard. Por mais que lhe custasse permanecer mais alguns minutos na presença de Quinn Durville, não tinha como escapar.

– Elizabeth, este é o senhor Quinn Durville.

O orgulho fê-la manter a cabeça erguida ao exame. Agora Quinn diria que já a conhecia e Richard olharia, atónito, para ela…

Não teria sido tão terrível se ela tivesse dito a verdade quando Richard lhe perguntara, mas não tinha tido coragem…

– Durville, esta é a minha noiva, Elizabeth Cavendish.

Richard apertou-lhe a mão de uma maneira gentil e impessoal.

– É um prazer conhecê-la, menina Cavendish.

Elizabeth respirou fundo. Não podia acreditar que Quinn não a tivesse reconhecido. Seria esperar demais da sua sorte.

Ele não a conhecia por Elizabeth, o seu nome de baptismo. E Cavendish era um sobrenome inventado. Além disso, ela tinha mudado bastante no decorrer dos anos. Já não era a rapariga roliça de cabelos curtos e ondulados, com sobrancelhas grossas.

A mudança maior, contudo, não dizia respeito ao físico, mas ao comportamento. Já não era a rapariga ingénua e sorridente de antes. No seu lugar tinha surgido uma mulher magra, elegante e sofisticada, que não sorria por qualquer motivo.

O toque dos dedos de Quinn, porém, afectou-a mais do que desejaria admitir. As suas pernas começaram a tremer. Era sempre assim quando Quinn a tocava. Sentia uma atracção quase magnética por ele.

Conforme o pânico teimava em dominá-la, Elizabeth tentou lembrar-se de que não era a rapariga vulnerável de antes, mas uma mulher madura e comprometida.

Mas, por que é que se estava a preocupar? Quinn não dera sinais de tê-la reconhecido.

Por outro lado, aquilo poderia ser um jogo para ele.

– Muito prazer – respondeu.

– Estão noivos há muito tempo, menina Cavendish?

A pergunta apanhou-a de surpresa. Mas antes que pensasse numa resposta, Quinn continuou:

– Notei que não usa anel de noivado – ele virou-se para Richard e sorriu, irónico. – Isso faz-me pensar que você, talvez, desejasse o diamante Van Hamel por um motivo especial.

Quinn continuava igual, pensou Elizabeth. Nunca conhecera ninguém com um raciocínio tão rápido.

– Pode dar-nos licença? – Richard segurou Elizabeth pelo braço e fez menção de se afastar. – Se não sairmos depressa teremos dificuldade para encontrar um táxi.

Quinn não se moveu.

– Para onde pretendem ir?

– Park Lane – respondeu Richard, evidentemente irritado.

– Por acaso, vou para lá. Será um prazer levá-los no meu carro.

A tensão fê-la erguer os olhos para Richard. Quase suspirou de alívio quando notou que ele iria recusar.

Antes que o fizesse, Quinn acrescentou:

– Se ainda está interessado em adquirir o diamante Van Hamel, poderemos conversar a esse respeito durante o trajecto.

Elizabeth sentiu Richard enrijecer. Ele queria muito aquele diamante. Estaria disposto a engolir o seu orgulho e negociar?

Mas porque é que Quinn se queria desfazer da pedra depois da batalha que travara para conseguir a jóia?

Se era verdade que ele viera dos Estados Unidos especialmente para comprar aquele diamante, por que é que o cederia a um rival?

Elizabeth concentrou-se e tentou falar mentalmente com Richard para que ele recusasse a oferta. Alguns segundos depois, ela foi forçada a admitir que o esforço não fora bem sucedido.

– Sim, podemos conversar.

Elizabeth acompanhou os dois homens como se fosse um autómato. Mas apesar do seu lamentável estado de espírito, ainda conseguiu notar o modo como as mulheres interrompiam as suas conversas para olhar para Quinn. Sem ser bonito no sentido convencional, ele exibia um dinamismo e um carisma que atraía a atenção das pessoas, principalmente as do sexo feminino.

A neblina caíra com mais intensidade enquanto durara o leilão.

Quinn parou diante de um Mercedes prateado e abriu as portas. Antes que Elizabeth se desse conta da sua intenção, viu-se sentada no banco da frente enquanto Richard, bastante contrariado, era obrigado a ocupar, sozinho, o banco traseiro.

Por trás do volante, enquanto ligava o motor, Quinn olhou para ela como se estivessem a sós no carro.

– Está confortável, menina Cavendish?

A pergunta, certamente, tinha um duplo sentido, pensou Elizabeth ao sustentar o escrutínio dos olhos verdes, mas não daria a Quinn a satisfação de a ver constrangida.

– Sim, obrigada.

O trânsito estava intenso naquela noite de sexta-feira. Ao pararem num semáforo, Elizabeth sentiu que Quinn tornava a olhar para ela.

– Como é que ganha a vida, menina Cavendish? Ou, talvez, não tenha necessidade de trabalhar?

A insinuação irritou-a, mas, mais uma vez, Elizabeth procurou não o demonstrar.

– Sou secretária. Trabalho para Lady Beaumont.

– Conveniente, não? – disse Quinn, sarcástico. – Aposto que dorme no emprego…

– Não – Richard interrompeu-os. – Pensei que iríamos conversar a respeito do diamante.

– Oh, sim, o diamante – repetiu Quinn com um sorriso. – Para uma pedra de tão pequeno tamanho, o interesse que despertou foi extraordinário.

– Ouvi comentários sobre a sua vinda a Londres ter sido motivada por ela.

– A sério? – Quinn não confirmou nem desmentiu a informação. – No entanto, quase não cheguei a tempo. Devido a falhas técnicas, o meu voo atrasou-se. Vim directo do aeroporto.

– Muitos interessados costumam fazer as suas ofertas por telefone – declarou Richard como se tanto esforço por parte do seu rival lhe parecesse absurdo.

Um sorriso cínico surgiu nos lábios de Quinn.

– Um leilão por telefone tende a ser monótono. Eu sou do tipo que gosta de acção.

-se com o de Quinn naquele momento. Com receio que ele fosse notar a sua ansiedade, olhou para o tapete. Por alguns segundos apenas, pois Quinn obrigou-a a voltar a olhá-lo.

– Parece-me que não mora aqui, menina Cavendish?

Decidida a firmar a sua posição como noiva de Richard, Elizabeth esboçou um sorriso.

– O que o faz pensar assim?

– Não vi sinais de uma presença feminina em lado nenhum. Se morasse aqui, aliás, tenho a certeza de que estaria a providenciar o café em vez do seu noivo.

Elizabeth deu uma gargalhada sarcástica.

– É um machista, pelo que vejo. Parece pensar que o lugar de uma mulher é na cozinha.

– Oh, não – retorquiu Quinn com malícia. – Há um lugar muito melhor para uma mulher – o rubor de Elizabeth era intenso, mas Quinn continuou. – Onde mora, menina Cavendish?

A vontade de Elizabeth era responder que o assunto não lhe dizia respeito, mas o bom senso recomendava uma atitude de indiferença.

– Neste momento, estou a morar numa pequena casa.

– Num bairro residencial?

– Sim.

– Em West End?

Quaisquer que fossem as razões para Quinn querer descobrir o seu endereço, ele não parecia disposto a desistir da investigação.

– Hawks Lane.

Para fugir do interrogatório, Elizabeth levantou-se e disse que iria à cozinha para verificar se Richard precisava de ajuda, mas ele reapareceu naquele exacto instante trazendo uma bandeja com duas chávenas de café.

– Agora, se for possível, gostaria que fôssemos directo à questão – sugeriu Richard.

– Sim, é claro – concordou Quinn.

O silêncio estendeu-se por longos minutos. Richard ficou tão nervoso que o seu rosto se tingiu de vermelho. Quando se convenceu de que o outro não abriria a conversa, encarou-o.

– Não quer estabelecer o seu preço?

– Antes, espero que me diga a razão do seu interesse em adquirir a pedra.

Richard demorou a responder.

– Você estava certo. Eu esperava mandar fazer um anel de noivado. Agora, se pretende aumentar o preço…

– Pelo contrário – declarou Quinn. – Estou disposto a vender-lho pelo mesmo valor que paguei.

Elizabeth pestanejou. Porque é que Quinn estaria a desfazer-se de algo que lutara tanto para conseguir? E sem ganhar nada em troca.

Simplesmente não fazia sentido.