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© Editora Gato-Bravo 2018

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editor Marcel Lopes

revisão Paula Cajaty e Inês Carreira
ilustração Osias André

projeto gráfico 54 design e Aron Balmas

imagem de capa arte de Osias André



Título O coração apaixonado do baobá

Autor Rafo Díaz
Ilustrador Osias André

Impressão Europress Lda.


isbn 978-989-99934-3-3

1a edição: março, 2018

Depósito legal 437832/18

Lisboa



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Sumário

Apresentação

O baobá e os espíritos sagrados

O coração apaixonado do baobá

O elefante, os animais pequenos e o baobá

Shinetemba e a árvore da esperança

A hiena e o baobá

As queixas do baobá

História do baobá e do abutre


“Para o meu velho, o meu querido pai, que durante as noites sem luz no Amazonas, iluminou com fábulas e anedotas o meu caminho de contador de histórias.”

Rafo Díaz

Apresentação

Sempre gostei de árvores grandes. Quando era menino, na casa onde cresci havia muitas árvores e, ao redor delas, aconteciam sempre coisas. Em muitas ocasiões, acabavam sendo o refúgio perfeito para escapar das palmadas no rabo que todas as noites de lua cheia a minha avó repartia, por tradição sua.

A primeira vez que ouvi o nome do baobá foi quando era um miúdo e lia “O Pequeno Príncipe”. Desde então o meu fascínio por esta árvore foi crescendo. Intrigava-me saber como é que uma árvore pode ser tão grande que destrua um planeta inteiro.

Não há no continente africano árvore mais venerada do que a árvore do baobá. Muitos dos mitos que se relatam nas aldeias têm um baobá como protagonista. A sua presença nestes relatos remete-nos para a imponência e sabedoria dos povos Africanos. O seu tronco pode atingir os 40 metros de diâmetro e é utilizado de diversos modos; na maioria de vezes, está habitado por muitas espécies de animais e, nalgumas ocasiões, por famílias nómadas, visto que no seu interior todos podem facilmente encontrar água e alimentos. Entre alguns povos do centro e sul de África, é utilizado pelos “griots”, contadores de história, que ao morrer são enterrados no interior do seu tronco imenso.

Por vicissitudes da vida, tive a sorte de vir para África e pude observar de perto algumas destas árvores.

Estes contos foram inspirados em diversas frases populares africanas sobre o baobá, o que me levou a criar um imaginário de histórias que espero seja do vosso completo agrado.


O autor



...havia sementes terríveis no planeta do principezinho: as sementes de baobá... O solo do planeta estava infestado. E de um baobá, se demoramos a descobri-lo, nunca mais nos livramos dele. Ele atravanca todo o planeta. Perfura-o com as suas raízes. E se o planeta for pequeno e os baobás numerosos, o planeta acaba rachando.

O Pequeno Príncipe,
de Antoine de Saint-Exupéry.



Na República Democrática do Congo conta-se que um deus tinha plantado o primeiro baobá numa lagoa chamada “Ruwenzori”, mas a árvore queixava-se da humidade. Este deus, muito zangado, decidiu arrancá-lo e atirou-o para o lado. Dizem que foi cair numa zona seca, mas que caiu virado ao contrário.