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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2000 Carole Mortimer

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Segredos familiares, n.º 621 - março 2020

Título original: To Become a Bride

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1348-244-6

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Epílogo

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Prólogo

 

 

 

 

 

– Senhor Noble?

Muito devagar, ele ergueu uma das pálpebras, revelando o olho avermelhado. De seguida, abriu a outra pálpebra, expondo outro olho avermelhado. Apesar da sonolência, reparou que estava na mira dos olhos verdes mais extraordinários que já tinha visto.

Não era um verde comum, meio embaciado, daqueles que às vezes ficam cinzentos, mas antes um matiz intenso e translúcido como o das esmeraldas. Umas maçãs do rosto altas ladeavam um nariz atrevido, a pele limpa e lisa, e havia algo de misterioso na boca, apesar da seriedade e do queixo erguido e orgulhoso.

Irritado, Jonas percebeu que não lhe conseguia ver o corpo. Um boné de basebol tapava os magníficos olhos verdes e os cabelos estavam bem escondidos, mas as pestanas que adornavam os olhos eram escuras e longas. Ela vestia calças pretas e um blusão fechado até ao pescoço.

Era, obviamente, uma rapariga que gostava de ser levada a sério.

– Qual é a graça? – indagou ela, com rispidez.

– Nada – respondeu Jonas, endireitando-se no assento.

– Imagino que seja o senhor Noble.

Ele olhou ao redor da luxuosa sala de espera privativa, que agora estava deserta.

– Parece que sim – confirmou, mordaz.

A raiva surgiu nos olhos verdes, mas ela controlou-se.

– Se já terminou de beber o café… o seu voo está preparado, para quando quiser – apontou o copo vazio na mesa diante dele.

Ele não sabia se se sentiria pronto em algum momento daquele dia. Apesar do café forte que bebera ao chegar quinze minutos antes! Fora uma longa noite de insónias e voar para uma quinta num ermo no interior da Inglaterra, para ir ao encontro de um homem que nem sequer conhecia, não encabeçava a sua lista de prioridades.

Mas, ao falar com Jerome Summer ao telefone, concordara… sob pressão… com essa reunião e cumpriria a sua palavra. Assim, apesar da mudança de planos, que o impedira de dormir, apresentara-se naquela sala de embarque privada inserida no complexo do grande aeroporto londrino. Mas não tinha de gostar!

Levantou-se e flexionou os músculos cansados.

– Tem um belo uniforme – elogiou, sarcástico. Se estava à espera de ser mimado por uma comissária sexy naquela curta viagem, obviamente que ficaria desapontado!

– Uniforme? – ela olhou para as próprias vestes. – Estas roupas são minhas, senhor Noble.

Jerome Summer não trabalhava bem, concluiu Jonas. Não lhe dizia respeito a forma como o outro lidava com os funcionários, mas a experiência ensinara-lhe que a familiaridade levava ao desrespeito. Permitir que um empregado relaxasse era meio caminho andado rumo ao desastre. A sua própria secretária, Dorothy, era uma bela prova disso!

Com quase cinquenta anos e cerca de dez anos mais velha do que ele, Dorothy assumira-se como a figura materna na sua vida. E, como a maioria das mães com filhos adultos, tratava-o com uma afeição tirânica.

No entanto, aquela jovem não se encaixava nessa categoria! Jerome Summer devia ter pouco mais de cinquenta anos, enquanto que a rapariga aparentava vinte e poucos. O que levava a uma pergunta… que papel é que ela desempenhava na vida de Jerome Summer para que ele permitisse tal familiaridade?

– Terei que comentar com o Jerome que uma comissária de saias curtas e blusa de seda propicia uma viagem mais confortável – declarou Jonas, suavemente.

Quando as suas intenções ficaram claras, ela franziu o sobrolho.

– Para quem, senhor Noble?

– Ora, para mim, claro – riu; o café estava finalmente a actuar, activando a adrenalina. Uma sensação temporária, claro, mas devia chegar para o levar à reunião. – Se o voo já vai partir, onde é que está o senhor Summer? – indagou, franzindo o sobrolho. – Ou ele já está no avião?

– Rome está na quinta, claro – respondeu, mordaz, a jovem. – De que é que adiantava levá-lo lá, se Rome estivesse na cidade?

– Rome… – espantou-se Jonas. Tanta intimidade! – Eu estava a falar de Danny Summer, claro – esclareceu com frieza. – Disseram-me que ele viria encontrar-se comigo aqui. É um familiar, suponho?

A rapariga sorriu sarcástica.

– Supôs correctamente, senhor Noble. Tem bagagem?

– Só isto – Jonas inclinou-se para pegar na pasta compacta que deixara ao lado da cadeira. – Não pretendo ficar mais do que algumas horas – acrescentou, com determinação sombria. – Só até o meu… negócio com o senhor Summer se concluir.

Ainda por cima, se toda a equipa Summer se mostrasse tão arrogante e presunçosa como aquela rapariga! Simplesmente, não estava disposto a lidar com atitudes agressivas, quando o seu trabalho requeria tacto e diplomacia!

A jovem olhou-o de soslaio enquanto caminhavam em direcção ao avião particular estacionado a poucos metros dali.

– Qual é, exactamente, o seu ramo de actividade, senhor Noble? – indagou ela, em tom casual.

Casualmente de mais, pensou Jonas. Pela pouca conversa que tiveram até àquele momento, ela não o trataria com educação sem que pretendesse algo… o que significava que havia alguma motivação por trás da pergunta.

– Nada de ilegal, asseguro-lhe – rebateu ele, evasivo.

A rapariga empinou o nariz.

– Não iria conversar com Rome, se assim fosse – retorquiu a rapariga, com desdém.

Pelo pouco que lera e ouvira falar sobre Jerome Summer, a rapariga tinha razão. O homem era uma lenda empresarial do seu tempo. Filho de um médico, trabalhara com afinco nas suas empresas até atingir o topo em todas as áreas em que actuava.

Não obstante, Jonas não pretendia discutir os seus negócios com outro homem, muito menos com uma rapariga quase mal-educada!

– Fico contente – replicou, sereno, enquanto subia as escadas. O interior do avião era luxuoso, do tipo que só se vê nos filmes.

O seu próprio estilo de vida estava longe de ser austero, reconheceu Jonas, mas aqueles acabamentos eram uma coisa do outro mundo. Parecia uma sala de estar ricamente decorada, com um sofá confortável, poltronas, uma carpete clara e um bar bem equipado junto à cabina de comando. Todo o acabamento em madeira parecia ser de mogno. O único detalhe que lembrava que estavam num avião eram os cintos de segurança no sofá e nas poltronas.

– O bar está abastecido com comida e bebida – a mulher fechou a porta. – Por favor, sirva-se do que quiser após descolarmos, mas há uma zona de turbulência e aconselho-o a aguardar até que superemos essa dificuldade.

Jonas ergueu o sobrolho.

– E o que é que vai fazer, exactamente, enquanto eu me sirvo de comida e bebida?

Ela abriu a porta da cabina de comando e ergueu o sobrolho.

– Ora, vou pilotar o avião, senhor Noble – informou, serena.

Ela era o piloto?

Jonas não ficou só surpreendido! Estava atónito. Nunca lhe ocorrera que…

Cuidado, alertou a si próprio, o teu machismo começa a notar-se!

Mas essa não era a questão, defendeu-se rapidamente; nunca fora machista. Reconhecia que as mulheres eram muito mais fortes, em certos aspectos, do que os homens!

Mas a rapariga adivinhara perfeitamente a suposição que ele fizera a seu respeito na sala de embarque… e optara por não desfazer o equívoco. Devia ter-se deleitado com o embaraço dele ao demonstrar um preconceito.

Por quê?

Ela nem sequer sabia quem ele era quando entrara na sala de embarque. Deduziu que era quem procurava porque só lá estava ele. O que é que lhe fizera para suscitar tal animosidade?

Nada de que se lembrasse. A menos que…

– O Dany Summer não pôde vir pilotar? – indagou Jonas, tentando perceber. Se aquela mulher foi convocada para pilotar sem aviso prévio, estaria explicada a sua contrariedade.

Ela deixou de sorrir e comprimiu os lábios, com os olhos verdes a cuspir fogo.

– Eu sou a Danie Summer, senhor Noble – esclareceu, por fim. – Jerome Summer é o meu pai. E, fique tranquilo… tenho licença para pilotar todos os jactos particulares dele.

Não era apenas uma familiar distante, mas a própria filha do homem, espantou-se Jonas. Como é que podia ter adivinhado que Danie Summer era uma mulher, ou melhor, justamente esta mulher?

Jonas não se conformava com o facto de ter sido ludibriado. Aquela Danie Summer… divertira-se bastante às suas custas para um só dia!

– Então, vamos descolar rapidamente – rugiu, mal-humorado. – O meu tempo é curto e acredito que tão valioso quanto o do seu pai.

Danie Summer parecia pronta a retorquir, mas aparentou ter pensado melhor. Com um suspiro, entrou na cabina e trancou firmemente a porta.

Bolas! Jonas gemeu ao instalar-se numa poltrona. Estava exausto, lamentava ter concordado com aquele compromisso, ainda por cima num sábado, e a última coisa que queria era lidar com uma feminista disposta a tudo para provar o seu direito à igualdade. Uma igualdade que ele nem sabia que questionara… a não ser pela suposição, de manhã, de que ela fosse a comissária de bordo, observou uma voz interior!

– Queira apertar o cinto de segurança, senhor Noble – solicitou a piloto, em tom gélido, através dos altifalantes. – Vamos preparar-nos para descolar.

Jonas obedeceu, mas não sentiu aplacar-se a sensação de mal-estar por saber que a sua vida estava, naquele momento, literalmente, nas mãos de Danie Summer, uma mulher que não lhe dispensara nada além de desprezo condescendente, até àquele instante!