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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2013 Carole Mortimer

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Rumores no tapete vermelho, n.º 1565 - Outubro 2014

Título original: Rumours on the Red Carpet

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5500-7

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

Capítulo 1

 

– Estás a gostar da paisagem?

Thia ficou tensa, vítima de um calafrio que lhe percorreu a coluna ao ouvir a voz gutural que surgiu de entre as sombras atrás dela. Virou-se e estudou a escuridão.

Conseguiu distinguir a silhueta de uma figura alta, iluminada pela lua, a poucos metros de onde estava, sozinha, no terraço que rodeava o apartamento luxuoso no quadragésimo andar de um dos edifícios mais impressionantes que iluminavam o horizonte de Nova Iorque. Do interior do apartamento surgiam gargalhadas e um falatório animado protagonizado pelas cinquenta pessoas que estavam na festa. A luz suave que atravessava os vidros só lhe permitia adivinhar que se tratava de um homem muito alto, moreno e de ombros largos. Imponente.

E perigoso?

O receio que sentia ao ouvir o som da voz gutural e sedutora fê-la responder à pergunta num sentido afirmativo.

– Bom... Sim – os dedos de Thia fecharam-se em torno do corrimão.

– És britânica – observou ele.

– De Londres – confirmou ela, secamente, com a esperança de que a deixasse em paz.

O horizonte de Nova Iorque, por muito impressionante que fosse de noite, não fora o motivo por que Thia decidira ir para o terraço enquanto o resto dos convidados aguardava a chegada de Lucien Steele, o empresário americano multimilionário e convidado de honra para a festa.

Depois do que Jonathan lhe contara sobre ele, não o achara tão atraente como esperara. Era um homem de meia-idade, estatura média, bastante corpulento e com uma calvície incipiente. Talvez a sua beleza residisse no seu dinheiro e no poder que ostentava. Em qualquer caso, Thia alegrara-se com a sua chegada tardia, que lhe permitira ficar a sós no terraço, em vez de se sentir sozinha na festa.

Contudo, nunca teria esperado encontrar-se naquele terraço com um homem que exsudava um poder e uma sensualidade tão densos que quase podiam saborear-se.

– Uma britânica de Londres que foge da festa que se celebra lá dentro? – adivinhou o homem, num tom divertido.

Desde a sua chegada a Nova Iorque, há quatro dias, assistira a outras três festas como aquela e começava a sentir-se enfastiada. A primeira fora divertida, até emocionante, e conhecera pessoas que costumava ver na televisão ou no cinema, atores mundialmente famosos e políticos de alto nível. Porém, abundava a artificialidade e as conversas eram sempre iguais, sempre em voz muito alta e acompanhadas de gargalhadas ainda mais escandalosas, cujo objetivo era impressionar ou superar os outros.

Além disso, mal tivera oportunidade de falar com Jonathan.

Jonathan Miller, uma estrela britânica da Network, a nova série de intriga de televisão dos Estados Unidos, dirigida por Felix Carew, o anfitrião da festa, e protagonizada pela sua esposa jovem e sensual, Simone.

O programa fora um êxito desde o princípio e Jonathan transformara-se no menino mimado das pessoas bonitas de Nova Iorque. E, nos últimos quatro dias, Thia descobrira que, em Nova Iorque, havia muita gente bonita.

No entanto, nenhuma dessas pessoas se importara de ignorar a mulher que acompanhava Jonathan desde que tinham descoberto que carecia de valor social ou político para eles.

O que não importava, já que não tinha nada em comum com aquelas pessoas.

Estava contente com o êxito de Jonathan, é óbvio. Tinham-se conhecido há alguns anos no restaurante londrino em que Thia trabalhava no último turno, e que lhe permitia frequentar a universidade durante o dia.

Jonathan trabalhava num teatro próximo e costumava pedir comida algumas vezes por semana, quando o teatro fechava as portas.

As conversas mantidas durante aquelas noites tinham dado lugar a uma série de encontros que se tinham prolongado durante algumas semanas. No entanto, a falta de faísca entre eles relegara-os para a categoria de amigos. E, há quatro meses, Jonathan conseguira o papel de protagonista na série e Thia resignara-se a perder a amizade com ele assim que se instalara em Nova Iorque.

Telefonara-lhe algumas vezes e, de repente, no mês anterior, Jonathan regressara a Inglaterra durante um fim de semana, insistindo que sentira saudades dela e convidando-a para passar tempo com ele enquanto estivesse em Londres. Fora divertido. Thia conseguira ter o fim de semana de folga e tinham jantado juntos, visitado museus e passeado pelo parque. Concluído o fim de semana, Jonathan regressara a Nova Iorque para continuar a rodar a série.

Ninguém se surpreendera mais do que ela quando, dois dias mais tarde, recebera um bilhete de avião em primeira classe, juntamente com um convite para passar uma semana em Nova Iorque.

Telefonara a Jonathan para lhe agradecer pela sua generosidade e para rejeitar a oferta. Não podia aceitá-la. No entanto, ele insistira, assegurando-lhe que podia pagá-lo e, sobretudo, que desejava voltar a vê-la. Queria mostrar-lhe Nova Iorque.

Jonathan fora muito persuasivo. E, dado que há anos que não podia ter férias, a tentação fora demasiado grande e acabara por aceitar, com a condição de que trocasse o bilhete de primeira classe por um de classe económica. Parecia-lhe quase uma obscenidade gastar tanto dinheiro num bilhete de avião.

Jonathan propusera que se alojasse no seu apartamento, num quarto só para ela, assegurando que só queria que desfrutasse de Nova Iorque com ele. E, assim, Thia acabara por gastar uma parte das suas escassas poupanças em roupa nova.

Contudo, uma vez lá, descobrira que a ideia que Jonathan tinha de desfrutar de Nova Iorque distava bastante da dela. Todas as noites, iam a alguma festa e ele costumava dormir até tarde para recuperar. As tardes costumavam estar ocupadas com trabalho.

Thia começara a questionar-se porque a convidara se mal se viam.

Naquele momento, para variar, Jonathan voltara a desaparecer com Simone, pouco depois da sua chegada à festa que, segundo ele, era muito importante devido à presença de Lucien Steele, o multimilionário dono da cadeia televisiva em que se gravava a série. Thia ficara à mercê de qualquer homem que quisesse abordá-la, como aquele que estava atrás dela.

Bom, talvez aquele não fosse qualquer homem. A maneira como parecia monopolizar o ar que o rodeava indicava-lhe que não era como os outros.

– Lindo – murmurou o homem, enquanto parava ao lado dela.

O coração de Thia quase parou e os seus nervos ficaram em alerta enquanto os sentidos se enchiam de um cheiro intenso a limão, acompanhado de uma masculinidade que impregnava tudo.

Thia virou-se para ele e teve de inclinar a cabeça para trás. Era muito mais alto do que ela, apesar dos saltos que usava. Tinha uns ombros muito largos e um rosto anguloso sob a luz da lua. Tinha o queixo quadrado, o nariz aquilino, os lábios esculpidos e maçãs do rosto proeminentes. E aqueles olhos claros...

Uns olhos de olhar penetrante que a observavam com admiração.

Thia suprimiu um novo calafrio. Estava completamente sozinha com um desconhecido.

– Já acabaram de lamber os sapatos de couro italiano de Lucien Steele? – perguntou ela, nervosa, fazendo uma careta ao ver o olhar duro que o homem lhe lançou. – Lamento, isso foi tremendamente descortês da minha parte – sabia como Lucien Steele era importante para o êxito de Jonathan naquela terra.

– E, no entanto, é verdade? – perguntou, secamente.

– Talvez – assentiu ela, – embora tenha a certeza de que o senhor Steele conquistou a adoração que lhe demonstram tão efusivamente.

– Ou talvez seja tão rico e poderoso que ninguém se atreveu a dizer-lhe o contrário – uns dentes imaculadamente brancos brilharam na escuridão.

– Talvez – admitiu Thia. – Cynthia Hammond – estendeu uma mão para tentar dar um pouco de normalidade à conversa. – Mas todos me chamam Thia.

O homem tomou posse da sua mão, não havia outra maneira de o descrever, pois desapareceu literalmente dentro da mão enorme e bronzeada. A jovem foi incapaz de ignorar o brilho de eletricidade que percorreu os seus dedos com o contacto.

– Não gosto de fazer o mesmo do que os outros – murmurou ele. – Vou chamar-te Cyn...

A maneira como o pronunciou, num tom de voz deliciosamente grave e sensual, bastou para iniciar um novo calafrio. Sentia um formigueiro nos seios e os mamilos ficaram rígidos, pressionando contra o vestido azul.

Uma reação totalmente inadequada diante de um estranho.

Thia não estava disposta a ficar ali e deixar-se seduzir por aquele homem de aspeto pecaminosamente comestível com o seu fato caro. Até ao momento não tivera a delicadeza de se apresentar.

– E o senhor é...?

– Lucien Steele – o sorriso revelou uns dentes brancos.

– Duvido muito! – exclamou ela, suspirando.

– A sério? – perguntou ele, num tom divertido.

– Não pode ser – insistiu Thia.

– Porquê? – levantou uma sobrancelha.

– Para começar – ela suspirou, impaciente, – não é suficientemente velho para ser o multimilionário Lucien Steele – calculava que aquele homem teria cerca de trinta e muitos anos, mais dez ou doze do que ela e, segundo Jonathan, Lucien Steele era o homem mais rico e também o mais poderoso de Nova Iorque há já dez anos.

– O que posso dizer? – o homem encolheu os ombros. – Os meus pais eram ricos e ganhei o meu primeiro milhão aos vinte e um anos.

– Além disso – continuou Thia, – vi o senhor Steele quando chegou à festa.

Era impossível ignorar a reação dos outros convidados. Aquelas pessoas, incrivelmente ricas e bonitas, tinham ficado em silêncio quando Lucien Steele aparecera. E Felix Carew, que não carecia precisamente de poder, tornara-se enjoativo ao cumprimentar o convidado.

– Lucien Steele deve ter pouco mais de quarenta anos – abanou a cabeça, – e é bastante mais baixo do que o senhor, robusto e com a cabeça rapada.

À primeira vista, parecera mais um valentão do que um magnata.

– Esse devia ser Dex.

– Dex...? – repetiu ela, dúbia.

– Sim – assentiu o homem. – Leva o seu papel de guarda-costas muito a sério, ao ponto de insistir em entrar primeiro em qualquer divisão, embora não saiba muito bem porquê – murmurou. – Talvez tema que haja um assassino escondido atrás de alguma porta.

Thia sentiu um vazio no estômago ao ouvir o tom divertido na voz de... Lucien Steele?

– E onde está Dex agora? – perguntou, depois de humedecer os lábios.

– Certamente, a montar guarda por trás das janelas grandes.

A certificar-se de que ninguém saía para o terraço ou de que Thia não podia escapar dali até o patrão o autorizar?

Franzindo o sobrolho, observou aquele homem, tão perto dela que sentia o calor que emanava do seu corpo enorme. Novamente, apreciou o toque de poder e arrogância que percebera da primeira vez que ouvira a voz dele.

Como se estivesse habituado a deixar que as pessoas lambessem os seus sapatos de couro italiano...

 

 

Lucien continuou a segurar a mão trémula de Cyn e aguardou em silêncio até a jovem recuperar a compostura, enquanto o observava com os seus olhos azul-cobalto e misteriosos.

Uns olhos que se toldaram de apreensão enquanto humedecia os bonitos lábios com a língua rosada.

– O Lucien Steele, dono da Steele Technology, Steele Media, Steele Atlantic Airline e Steele Industries, para além de outras Steele que não conheço? – murmurou ela, num tom fraco.

– Pareceu-me uma boa ideia diversificar – Lucien encolheu os ombros.

– Lucien Steele, o multimilionário? – Thia soltou a mão de Lucien.

– Penso que já tinhas referido isso antes – ele assentiu.

Thia respirou fundo, claramente inconsciente de como o vestido se ajustava aos seios e marcava uns mamilos excitados. Uns mamilos que, certamente, seriam de uma cor rosada e delicada. A cor não importava. Certamente, seriam deliciosos, doces, suculentos e muito sensíveis às carícias da sua língua...

Vira Cynthia Hammond assim que chegara ao apartamento de Felix e Simone Carew. Era impossível não o fazer, dado que a jovem se mantinha afastada do resto dos convidados, ao fundo da sala imensa. Tinha uns cabelos pretos, sedosos e brilhantes que lhe chegavam por baixo dos ombros e os olhos cor de cobalto destacavam-se no rosto delicado e pálido.

Usava um vestido comprido e sem alças, da mesma cor que os olhos dela, que deixava a descoberto os braços, os ombros e a parte superior do decote. A pele delicada, de um tom marfim ligeiramente rosado e luminescente, pedia para ser acariciada.

O vestido simples ajustava-se às curvas dos seios generosos, da cintura fina e das ancas voluptuosas, tanto que Lucien se interrogara se teria alguma coisa por baixo.

Porém, o que mais lhe chamara a atenção, mesmo mais do que a beleza sem artifícios ou a pele delicada e imaculada, fora o facto de, em vez de o abordar como os outros convidados tinham feito, aquela mulher delicada e bonita aproveitara o tumulto gerado com a sua chegada para se escapulir e sair para o terraço.

Nem sequer regressara quando, segundo as suas próprias palavras, tinham acabado de lamber os seus sapatos de couro italiano. Despertara a sua curiosidade, algo habitual nele, e não conseguira resistir a sair para o terraço atrás dela.

Thia respirou fundo e os seios voltaram a inchar sob o vestido.

– Peço-lhe desculpas pela minha indelicadeza, senhor Steele. Não há nenhuma desculpa para o meu comportamento, mas não estou a ter uma boa noite e a minha descortesia acabou de a piorar – fez um ar de desagrado. – Imperdoável.

– Penso que ainda não me conhece suficientemente bem para decidir se mereço ou não a sua descortesia – murmurou ele, num tom de troça.

– Bom... Não, claro – mostrava-se visivelmente inquieta diante da ênfase posta na palavra «ainda». – No entanto – abanou a cabeça e os cabelos sedosos deslizaram sobre os ombros nus. – Não devia ter falado tão descaradamente sobre alguém que só conheço pela imprensa.

– Sobretudo, quando todos sabemos como a imprensa pode ser pouco rigorosa.

– Exatamente! – assentiu ela, com entusiasmo, antes de olhar para ele com desconfiança. – Não é o dono de noventa por cento dos meios de comunicação social do mundo?

– Isso seria contra a lei antimonopólio – respondeu ele, impassível.

– Os arquimilionários preocupam-se com coisas como as leis? – brincou Thia.

– Fazem-no se não quiserem que os seus traseiros arquimilionários acabem numa cela – Lucien deu uma gargalhada.

Thia sentiu o arrepio familiar na base da coluna com o som da gargalhada daquele homem. Pela primeira vez desde a sua chegada a Nova Iorque, estava a divertir-se, por muito que aquele homem a inquietasse.

– Tens frio?

A jovem não teve oportunidade de responder, pois Lucien tirou o casaco para lhe cobrir os ombros nus com ele. A peça de roupa chegava-lhe quase até aos joelhos e tinha um cheiro fresco a limão, misturado com outro mais terrestre e masculino.

– A sério, não...

– Não te incomodes – Lucien segurava o casaco com ambas as mãos sobre os ombros dela.

Thia tremeu novamente ao sentir o calor das mãos dele. Nem esse calafrio nem o anterior se deviam ao frio, mas à presença daquele homem.

Lucien afastou as mãos e observou-a com os olhos prateados e pálidos. A camisa justa que usava revelava uns ombros impressionantemente largos, um peito musculado, uma cintura fina, umas ancas magras e pernas compridas. Era mais do que evidente que Lucien Steele não passava o dia inteiro no escritório.

– Porque não estás a ter uma boa noite? – quis saber ele.

Porque a visita a Nova Iorque não fora como ela imaginara. Porque fora novamente arrastada para uma festa para ser abandonada à sua mercê. Era verdade que Jonathan não era o seu namorado, mas considerava-o um amigo, um amigo que desaparecera com a anfitriã da festa pouco depois de chegarem.

E, por último, não estava a ter uma boa noite porque era muito consciente do homem que tinha ao seu lado e do cheiro quente e sedutor do casaco de Lucien Steele, que a fazia sentir-se abraçada por ele.

E também porque não sabia o que fazer com a excitação inesperada que percorria o seu corpo.

– Não gosto deste tipo de festas – ela encolheu os ombros.

– Porquê?

– Não são para mim – Thia tentou não lhe faltar ao respeito pela segunda vez.

– Onde encaixas entre estas pessoas? – e assentiu. – És atriz?

– Pelo amor de Deus, não!

– Aspirante?

– Desculpe?

– Queres ser atriz? – Lucien encolheu os ombros.

– Não, não tenho a menor intenção de me tornar atriz.

– Modelo?

– Um pouco difícil quando meço apenas um metro e sessenta descalça!

– Não estás a colaborar muito, Cyn – observou ele, num tom divertido, não isento de certa impaciência.

Thia presenciara festas suficientes da elite de Nova Iorque em quatro dias para saber que não tinham o menor interesse em estar na companhia de uma estudante e empregada inglesa. Lucien Steele também não se interessaria por ela assim que soubesse.

– Eu não sou ninguém – ela ergueu o queixo. – Só estou de visita em Nova Iorque.

Lucien não podia estar mais em desacordo. Cynthia Hammond era de tudo menos «ninguém». Era uma mulher cuja beleza e conversa eram tão intrigantes como esperara que fossem.

– Estava a dar-te a oportunidade de te ires embora – ela arqueou uma sobrancelha.

– E porque haveria de querer fazer algo parecido? – Lucien olhou para ela com os olhos semicerrados.

– Isso é o que todos fazem em Nova Iorque, assim que compreendem que não sou de utilidade – Thia encolheu os ombros.

Conhecendo a sociedade de Nova Iorque, Lucien não achava difícil imaginá-lo.

– Penso que já mencionei que não gosto de me considerar como os outros.

– Não me digas? – corou violentamente e fechou os olhos. – Desculpo-me novamente. Esta não é a minha noite.

– Queres ir-te embora? – e assentiu. – Podíamos ir a algum sítio tranquilo e beber um copo.

– Desculpa? – Cyn pestanejou, perplexa.

– Também odeio este tipo de festas.

– Mas és o convidado de honra!

– O que mais odeio são as festas em que sou o convidado de honra.

Thia olhou para ele, incrédula e sem saber se Lucien Steele estava a gozar com ela ou porque se incomodaria em fazer tal coisa.

No entanto, a postura e a expressão daquele homem eram de alguém que raramente brincava.

Estava a pedir-lhe realmente para abandonar a festa dos Carew com ele...