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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2005 Harlequin Books S.A.

© 2015 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Escândalo de sociedade, n.º 733 - Setembro 2015

Título original: Society-Page Seduction.

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2007

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7137-3

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Wine Country Courier

Prólogo

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Se gostou deste livro…

Wine Country Courier

Crónica Social

 

 

 

Havia círios acesos, um quarteto de corda a tocar a marcha nupcial, rosas vermelhas e brancas... mas a noiva que estava atrás do véu não era quem se esperava... enfim, ninguém ia inquirir o noivo, o milionário Simon Pearce, a respeito disso.

Apesar dessa substituição de última hora, o senhor Pearce parecia calmo e feliz no seu casamento, que se realizou uns dias atrás. A noiva, Megan Ashton, primogénita do magnata Spencer Ashton, que também era a organizadora do evento, estava resplandecente com um vestido branco de seda e renda.

A explicação oficial é que, embora a decisão de se casarem tenha sido um tanto repentina, os dois conheciam-se há várias semanas e tinham-se apaixonado... enquanto organizavam os preparativos do casamento do senhor Pearce com outra mulher!

Duvidamos que a coisa fique por aqui porque quando o nome de um membro da família Ashton sai a público, vai sempre seguido de algum escândalo, portanto não percam as próximas edições.

Prólogo

 

1968

 

Spencer Ashton reclinou-se na sua poltrona de couro e esboçou um sorriso arrogante. Tinha chegado muito longe em muito pouco tempo desde que abandonara o Nebraska. Mas não o suficiente.

Porém, o sorriso apagou-se dos seus lábios quando virou a poltrona para a janela para observar as palmeiras que oscilavam ao vento. As palmeiras eram um símbolo da Califórnia, mas para ele eram também uma lembrança de quão diferente era o seu presente em relação ao que deixara para trás. Os seus olhos fixaram-se então no seu próprio reflexo sobre o reluzente cristal e perscrutaram-no com satisfação.

Era jovem, razoavelmente atraente, ambicioso, coisas das que por enquanto soubera tirar proveito. Trabalhava há apenas três anos nos Investimentos Lattimer e já tinha conseguido o seu próprio escritório. Ganhara-o. Durante esses três anos tinha adulado John Lattimer, o dono da companhia, tinha dito sempre o que se esperava que dissesse, tinha estado onde era requerido, e tinha aprendido.

Tinha aprendido o suficiente para saber que não se sentiria satisfeito até que não fosse o seu próprio chefe.

Queria tudo; queria desligar-se totalmente do homem que tinha sido. Se sentiu uma pontada de arrependimento nesse instante pela jovem esposa e pelos filhos que tinha abandonado, deve ter sido só durante uma décima de segundo.

Há muito que não pensava em Sally. Como ia fazê-lo se estava tão ocupado? Trilhava a estrada do sucesso, não ia esbanjar as suas energias a olhar para trás.

Sim, tinha decidido que não voltaria jamais a vista atrás. Pelo que lhe dizia respeito, o passado não existira. Estava a começar do zero, tinha virado a página, e só havia uma direcção para que se queria dirigir: para cima.

Ter conseguido um cargo naquela empresa não era um mau começo, pensou, mas um dia deixaria de se chamar Investimentos Lattimer para se converter em Investimentos Ashton.

Imaginava a situação: ele, temido e admirado pelos seus subordinados; os empregados adulando-o a ele; os seus concorrentes nervosos porque à mais mínima distracção poderiam ser expulsos do jogo. Teria uma casa duas vezes maior do que a de Lattimer, e certamente faria o possível para não ter nenhum empregado tão ambicioso como ele.

«Poder», disse a si mesmo esboçando um sorriso maquiavélico, «tudo se reduz a isso... e ao que um homem esteja disposto a fazer para o conseguir...».

– Spencer?

Pôs-se de pé de imediato ao escutar a voz do chefe. Aquele maldito Lattimer nunca batia à porta. Foi invadido por uma profunda irritação, mas conteve-a. Não podia permitir-se desgostar o velho... ou pelo menos não para já.

– John – cumprimentou-o sorrindo, ao mesmo tempo que o imaginava como um mendigo a pedir na rua, – que prazer ver-te.

Os seus olhos pousaram-se então na jovem que ia de braço dado com Lattimer.

– Quero apresentar-te a Caroline, a minha filha – disse o chefe, piscando o olho à menina. – É a minha única filha, a menina dos meus olhos.

Filha? Como não soubera disso até então? O velho tonto tinha uma filha?

As engrenagens da astuta mente de Spencer começaram a girar. De uma beleza discreta, Caroline Lattimer tinha os olhos verdes, boa figura, e o refinamento e segurança de uma jovem que se criara numa casa com dinheiro. O seu papá querido adorava-a, certamente, e Spencer, que sabia reconhecer as oportunidades mal surgiam, dirigiu-lhe o mais adorável dos sorrisos.

A jovem assentiu com a cabeça, mas depois, para sua satisfação, olhou-o com interesse.

– Senhorita Lattimer – disse pegando-lhe na mão, – é um imenso prazer conhecê-la.

– O meu pai falou-me tanto do senhor... – respondeu ela num tom sereno.

«Tímida», pensou Spencer, sorrindo com malícia no seu íntimo. Apesar de ser bonita e filha de um homem rico, provavelmente devido a essa timidez inata não teria muita experiência com os homens... algo de que naturalmente se aproveitaria.

Spencer acariciou-lhe suavemente a mão com o polegar, começando a urdir um plano para a seduzir enquanto se perguntava quanto demoraria a conseguir que a filha de Lattimer se apaixonasse por ele.

Não muito se jogasse bem as suas cartas. E depois? Bom, casar com ela e fazer parte da família do chefe podia ser-lhe útil. Enfim, havia muitas formas de conseguir o poder. Uma vez que o tivesse, jamais o largaria.

Capítulo Um

 

O presente

 

– A noiva desapareceu? Que quer dizer? – inquiriu Megan Ashton, reprimindo o impulso de atirar-se ao pescoço da sua irmã Paige e estrangulá-la.

Não fazia sentido matar o mensageiro.

– Quero dizer que não conseguimos encontrá-la – respondeu Paige num murmúrio apressado enquanto os seus olhos castanhos olhavam de um lado a outro. – Não aparece em lado nenhum.

– Oh, lindo, lindo... – murmurou Megan, dirigindo um sorriso forçado aos convidados reunidos no salão.

Não podia deixá-los divisar a sua preocupação.

Pegou no cotovelo da irmã e atravessou com ela a divisão até chegar a umas portas envidraçadas pelas quais se saía a uma varanda de pedra.

Uma vez fora e fechadas as portas para que não pudessem ouvi-las, Megan arrancou o auricular da orelha e, apertando-o, perguntou à sua irmã:

– Procuraram bem pelos jardins?

Paige inspirou profundamente e soprou.

– Pois claro que sim; vimos em todas as partes; inclusive nos lavabos do primeiro andar. Não está em nenhum lugar Megan, e tenho a impressão que não pensa voltar.

– Por que dizes isso?

Paige suspirou.

– Porque deixou o vestido de noiva no quarto.

– Oh, santo Deus... – murmurou Megan, começando a sentir-se tomada pelo pânico.

Devia manter a calma, pensou, era ela que organizava os eventos realizados na mansão Ashton, até então nenhum correra mal, este não seria o primeiro. Tinha de pensar... e rápido.

Olhou para a sua irmã mais nova, que a observava preocupada. Paige, o génio da família, tinha começado a estudar Ciências Empresariais na Universidade da Califórnia do Sul, mas desistira para ajudar na herdade; Megan não saberia como se poderia arranjar sem ela.

– Que fazemos agora? – perguntou Paige mordendo o lábio inferior e lançando um olhar nervoso para dentro, onde os convidados esperavam que a cerimónia começasse dentro de nada.

– Eu digo-te o que não vamos fazer: não vamos perder a calma.

– De acordo. E a respeito do casamento?

– Não faço ideia – resmungou Megan enquanto desviava do rosto uma madeixa loura que se tinha escapado do seu cabelo apanhado.

Lá dentro ouviam-se as pessoas começarem a murmurar. Aquilo era um pesadelo. Bom, um pesadelo em potência. Uma série de ideias passaram pela mente de Megan, que as rejeitou uma após outra. Nenhuma era bastante boa para evitar aquele desastre. Caramba, que tipo de mulher fugia quando só faltavam quinze minutos para a cerimónia do seu próprio casamento?

Que se supunha que ia dizer ao noivo?

Como se lhe tivesse lido o pensamento, Paige abanou a cabeça.

– Ah, não... não penso ser eu a dizer ao noivo que lhe deram uma tampa.

Megan esboçou uma careta.

Simon Pearce, o noivo em questão e multimilionário, não lidaria muito bem com as novas. Planeara o casamento até ao mais ínfimo pormenor e que tudo fosse por água abaixo no último minuto assentar-lhe-ia como uma canelada.

Megan massajou-se entre os olhos com o indicador e o polegar. Começava a notar uma incipiente dor de cabeça.

Lidava com Simon Pearce desde há um mês para organizar todos os detalhes do casamento, e embora incrivelmente bonito, também era irritante e mal-educado. Estava sempre a dar ordens e esperava que lhe obedecessem de imediato. De facto, até essa manhã Megan nem sequer tinha visto a noiva. Fora ele quem tomara todas as decisões sobre cada pequeno detalhe da cerimónia e do banquete, até os mais insignificantes, portanto Megan não estranhava que a noiva tivesse fugido. Ela, que não tinha nenhuma relação com o senhor «Sabichão» e «Não-me-incomode-com-tolices», temia o modo como reagiria quando lhe contasse o sucedido.

– Oh, meu Deus... Que lindo sarilho – murmurou alçando o rosto para o céu.

O frio vento de Março que soprava sobre os vinhedos e transportava o odor do oceano refrescou as suas faces rubras, mas não fez desaparecer a sensação de angústia que tinha no estômago.

– Dizes bem – murmurou Paige apoiando-se na balaustrada de pedra. Cruzou os braços sobre o peito, inclinou a cabeça e perguntou à sua irmã– : Bem, chefe, que queres que faça?

Megan quase riu. Ninguém dizia nunca a Paige o que tinha que fazer. Claro que provavelmente fosse coisa de família, porque ela não encarava muito melhor que lhe dessem ordens.

Aquele pensamento fê-la recordar uma conversa que tivera com o pai há duas noites. Outro homem acostumado a mandar e ser obedecido. Porém, este não era o momento de se preocupar com a reacção do seu pai quando se negasse a acatar os planos que delineara a respeito do seu futuro sem a consultar. Já lhe bastava o momento presente.

– Isto não pode estar a acontecer... – murmurou caminhando para a frente e para trás. – A comida do copo-de-água está pronta, o bolo é fabuloso, os músicos estão há meia hora a afinar os instrumentos... – lançou as mãos ao ar e deixou-as cair, desesperada. – Os jornalistas estão à espera lá fora, pelo amor de Deus... para não falar do sacerdote, que já há um bom bocado que começou a impacientar-se, e do noivo que deve estar à beira de um enfarte. Como pôde fazer-me isto essa estúpida noiva?

– Hum... não me parece que tenha pensado em ti quando decidiu fugir – referiu Paige.

Megan inspirou e exalou profundamente.

– Está bem, façamos o que temos que fazer. Tu volta para dentro e mistura-te com os convidados. Dá-lhes conversa e mantém o sorriso, como se não se passasse nada.

Paige ergueu-se e afastou-se da balaustrada.

– Está bem. Tu que farás?

– Eu... – começou Megan voltando a colocar o auricular no lugar... – vou falar com o noivo. Explicar-lhe-ei o ocorrido, e deixarei que ele decida como quer que contemos às pessoas.

– Então boa sorte; ainda bem que não estou no teu lugar.

 

 

Simon Pearce olhou para o relógio de pulso pela décima segunda vez nos últimos dez minutos. Segundo o previsto, há cinco minutos que devia ter entrado no salão onde esperavam os convidados, nesse instante deveriam estar a ponto de chegar à parte do «sim, quero». Tamborilou com o indicador sobre a esfera de cristal do relógio e tentou refrear a irritação que se apoderava dele. Aquele atraso transtornaria a sua agenda do dia e isso era inaceitável.

– Queres que vá ver o que se passa?

Simon voltou-se para o seu ajudante e amigo, Dave Healy, e negou com a cabeça.

– Não, esperemos mais cinco minutos. Se até lá estivermos na mesma, eu próprio irei ver o que se passa.

Dave encolheu os ombros e apoiou-se na parede.

– Como queiras; é o teu funeral.

– Queres dizer o meu casamento.

Dave sorriu.

– Depende da perspectiva.

– Pois.

Simon caminhou de novo para a frente e para trás pela pequena antecâmara. Dave nunca o apoiara na sua decisão de casar com Stephanie. Era felizmente casado com a que fora sua namorada desde a universidade e achava que o casamento devia ser por amor.

Ele, porém, opinava de modo muito diferente. Para ele o amor era só um estorvo, algo que turvava a mente e impedia de pensar com clareza, portanto preferia considerar o casamento como uma operação mercantil, como uma espécie de... fusão de empresas.

Foi até às vidraças, das quais se avistava a piscina e os jardins, e observou distraído aquela cena iluminada pelo sol desse dia de princípios de Primavera. Os ramos das árvores estavam ainda nus, e nas roseiras mal começavam a despontar os primeiros botões de flor, mas havia notas de um vermelho intenso e um laranja aceso na mistura de flores de Outono e Inverno que se vislumbravam nos canteiros que ladeavam o caminho até aos vestiários da piscina.

A sua mente, no entanto, não estava ocupada nesses detalhes, mas em Stephanie Moreland, a mulher com a qual se deveria estar a casar nesse instante. Conheciam-se há vários meses, e quando ele a pedira em casamento há seis semanas atrás, ela tinha aceitado com calma e dignidade... tal como ele esperara.

Stephanie possuía todas as qualidades que sempre pensou que a sua futura esposa deveria possuir: era elegante, inteligente, e suficientemente rica para não ter de se preocupar que só estivesse interessada no seu dinheiro. Em todos aqueles meses não tinham saltado faíscas entre eles nem nada parecido, mas sentia-se razoavelmente satisfeito com a sua escolha. Além disso, necessitava de uma esposa, e necessitava-a por um motivo concreto: no mundo dos negócios havia uns quantos directores de empresas antiquados que consideravam que um homem solteiro era um homem que não tinha assentado a cabeça e no qual não se podia confiar. Por outro lado, com Stephanie a seu lado, as Indústrias Pearce poderiam continuar a crescer como planeara.

Uma das metades da enorme porta de carvalho abriu-se nesse momento e Simon voltou-se. A organizadora de eventos da herdade Ashton entrava. Era alta, loira, com olhos verdes... e não tinha muita paciência. Comprovara-o em mais de uma ocasião durante as semanas que tinha estado a lidar com ela para ultimar os preparativos do casamento. Parecia eficiente, não obstante, sem dúvida devia ser esse o motivo pelo que os Ashton não a tinham despedido.

Porém, nesse momento, Simon teve a impressão que a jovem preferiria estar em qualquer lugar menos ali.

Um dos seus talentos como homem de negócios era o de ler as expressões das pessoas como livros abertos, e com um único olhar, soube que não ia gostar do que ela lhe ia dizer.

– Senhor Pearce.

Simon, que não era homem de rodeios, foi direito ao assunto:

– O que é que se passa? Por que não começámos ainda a cerimónia?

Megan fechou a porta e lançou um breve olhar ao seu ajudante. Simon olhou-o também. Dave encolheu os ombros e olhou por sua vez para a jovem, que avançou lentamente para eles. Compreendendo o motivo da sua hesitação, Simon disse-lhe:

– Não se preocupe; o senhor Healy é da minha total confiança. Diga.

– Está bem – respondeu Megan engolindo em seco e endireitando os ombros. – Lamento dizer-lhe isto, senhor Pearce, mas a noiva parece ter desaparecido.

– O quê? – quase rugiu Simon.

A jovem, no entanto, não se assustou e não desviou o olhar.

– A senhorita Moreland abandonou a herdade.

– Isso é impossível.

– Segundo parece, não é.

Simon sentiu como a ira se apoderava dele, mas imediatamente a travou pois sabia que indispor-se não o ajudaria a resolver a situação.

– Tentaram ligar-lhe para o telemóvel?

– Sim, mas não atende – respondeu Megan, lançando de novo um olhar nervoso ao ajudante, – e quando vai para as mensagens, uma gravação diz que estará fora do país nos próximos meses.

«Fora do país»... Simon lembrou-se da última conversa que tinha tido com a sua prometida. Ela tinha-lhe dito que gostaria que fossem viver para Londres uma temporada, ao que ele respondera que nesse momento era impossível porque os seus negócios o impediam. Segundo parecia, tinha decidido ir sem ele.

Simon puxou pelo extremos da casaca azul que usava e introduziu as mãos nos bolsos das calças enquanto tentava dominar a ira e pensar.

Escolhera com zelo a sua futura esposa, julgava que estavam na mesma onda: um casamento sem complicações sentimentais, uma união proveitosa para ambas partes... mas apesar de tudo isso, tinha-o deixado plantado.

O aborrecimento que tratava de conter ressurgiu com mais força. A fuga de Stephanie era um golpe para o seu ego de homem, mas não estava magoado já que o compromisso era simplesmente de conveniência, não houvera amor pelo meio. Porém, não lhe agradaram as imagens que se formaram na sua mente quando pensou nas repercussões que aquilo poderia ter.

Para começar, aquilo poderia atrasar semanas, se não meses, a fusão com a Fundação Derry. O velho Derry era muito antiquado e só estava disposto a tratar com homens de família, de valores tradicionais, e não havia tempo para encontrar outra esposa.

Diabos. Aquilo não podia estar a acontecer. Ele nunca perdia, aquela não ia ser a primeira vez.

– Lamento de verdade, senhor Pearce – murmurou a jovem. Simon ergueu a cabeça. – Se me disser como quer que o comuniquemos aos convidados, eu encarrego-me de o fazer.

Simon estudou-a pensativo e, pela primeira vez em todas essas semanas, reparou na beleza que era. Nesse dia usava o cabelo apanhado e os seus grandes olhos verdes olhavam-no de um modo solene, mas tinha-os visto brilhar quando ria e refulgir quando se irritava. Além disso, era uma mulher meticulosa no seu trabalho, algo que sempre admirara... e teria mais ou menos a mesma medida que Stephanie. Resumindo: poderia ser a substituta perfeita. Uma situação desesperada exigia medidas desesperadas.

– Sim, bem... na verdade queria pedir-lhe outro favor – disse-lhe.

Confusa, Megan olhou para o ajudante um instante antes de voltar a girar o rosto para ele. Simon, que advertiu a sua inquietação, virou-se para o seu melhor amigo e disse:

– Dave, poderias deixar-nos uns minutos a sós?

O outro homem franziu ligeiramente o sobrolho mas não replicou.

– Claro.

Quando saiu e fechou a porta, Megan voltou-se para Simon e perguntou:

– De que tipo de favor se trata?

– Pois... trata-se de algo em que só a senhora me pode ajudar – respondeu ele olhando-a nos olhos. – Quero que se case comigo.