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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2003 Cathy Williams. Todos os direitos reservados.

O FILHO SECRETO DO MAGNATA, N.º 785 - Março 2013

Título original: The Greek Tycoon’s Secret Child.

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2004

 

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

™ ®, Harlequin, logotipo Harlequin e Sabrina são marcas registadas por Harlequin Books S.A.

® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-2581-9

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Capítulo 1

 

Dominic Drecos nunca pensara vir a gostar de um sítio como aquele.

De facto, sempre criticara os grandes homens de negócios que fingiam ter famílias felizes e fugiam para discotecas como aquela assim que podiam para, em troca de uma bebida muito cara, poderem ver raparigas quase nuas.

Mas não conseguira escapar. Um importante cliente, juntamente com os seus dois contabilistas e três directores, tinha insistido imenso.

Queriam conhecer a noite londrina e não se referiam a jantar num bom restaurante em Knightsbridge e dar uma volta por Piccadilly Circus, nem a uma noite cultural num dos teatros de Drury Lane, claro!

– E onde é que vou levá-los? – perguntara ele à sua secretária. – Eu tenho ar de quem frequenta sítios desses? Antes de responderes, lembra-te que o teu emprego pode estar em perigo – sorrira para a sua secretária de cinquenta e cinco anos. – Conheces algum sítio?

– Nós, as avozinhas, não podemos entrar, senhor Drecos – respondera Gloria, – mas vou tentar saber alguma coisa por aí e prometo que lhe arranjo um local adequado.

E assim fora.

Ainda bem que Gloria tinha encontrado um local no qual não havia danças eróticas sobre as mesas nem cenas de nus em jaulas.

De facto, Dominic olhou à sua volta com a taça de champanhe na mão e pensou que aquele local não era tão sórdido assim.

Tinha pouca luz, é verdade, mas a comida era boa e as bebidas, apesar de certamente custarem uma fortuna, eram de álcool bom. Além disso, parecia que o seu cliente estava a divertir-se.

As belas empregadas que desfilavam por ali eram um júbilo para a sua alma cansada. Dominic Drecos tinha decidido não voltar a ter nada com uma mulher. Bastava lembrar-se da sua ex-namorada para ter suores frios, apesar de, graças a Deus, não a ver há mais de seis meses.

Não, obrigado! Conversas, cenas íntimas, teatros, presentes e toda a parafernália da corte, para ele tinha terminado.

Falou com o seu cliente, perguntou-lhe educadamente pelos seus estudos em Oxford, enquanto olhava discretamente para o relógio.

Quando ergueu os olhos, viu-a.

Estava junto à sua mesa, com a bandeja apoiada na anca e inclinada para a frente. Reparara que todas faziam isso, certamente para mostrar o decote de silicone e incentivar os clientes para que continuassem a gastar dinheiro em champanhe.

Certamente que ganhavam uma comissão por garrafa aberta.

A empregada que tinha à sua frente estava a utilizar o mesmo truque, o mesmo sorriso e a mesma inclinação de cabeça, mas nunca a vira antes.

De onde tinha saído? Claro que não passara pela sua mesa antes. Não, não era a empregada de cabelo castanho e olhos provocantes, mas tristes que os atendera antes.

– Apetece-vos tomar um pouco mais de champanhe, cavalheiros? – perguntou.

Dominic pensou que aquilo que lhe apetecia daquela mulher não era precisamente champanhe, mas outra coisa.

E isso surpreendeu-o, pois, desde Rosalind, não voltara a olhar para outra mulher e conseguira levar uma vida de celibato total apesar de estar em contacto com mulheres todos os dias, tanto na sua vida social atarefada como nos seus negócios.

Ela olhou-os a todos e encontrou-se com os olhos de Dominic e, como se tivesse lido a mensagem nos seus olhos escuros, afastou o olhar e ergueu-se um pouco.

– Mais umas garrafas? – perguntou o cliente de Dominic, sabendo que ninguém ia negar.

– Porque não? – replicou Dominic, sem conseguir deixar de olhar para a loura.

Não era só bonita. Havia imensas louras bonitas. Possuía, sim, um exotismo inigualável. Era muito mais magra do que o resto das suas colegas, tão magra que podia assumir um look andrógino se não tivesse um rosto tão feminino.

Um rosto onde sobressaía um nariz pequeno e recto, e uns grandes olhos em forma de amêndoa cuja cor Dominic não conseguia distinguir pela falta de luz. Tudo isso demarcado pelo cabelo mais incrível que alguma vez vira. Era da cor da baunilha, completamente liso e ela usava-o quase pela cintura.

Dominic inclinou-se para trás na sua cadeira para a observar melhor e apercebeu-se de que estava a comportar-se como um desses tristes homens de negócios que tantas vezes desprezara.

Apercebeu-se de que ela não queria olhar na sua direcção, algo que o incomodou. Primeiro, porque quem ia pagar a conta do caríssimo champanhe que tão habilmente conseguira impingir-lhes ia ser ele e, segundo, porque estava acostumado a ser admirado pelas mulheres.

– Mas vão ser as últimas, minha linda – disse num tom agradável –, porque amanhã temos que trabalhar – sorriu.

Apesar de tudo, tinha falado com arrogância e não pôde evitar fazer uma careta, mas faria tudo para que ela olhasse para ele.

Ora, o celibato devia estar a transtorná-lo.

Podia saber-se porque é que estava a tentar chamar a atenção de uma empregada?

Funcionou.

A jovem olhou para ele e Dominic apercebeu-se de que estava a tentar parecer simpática, apesar de sentir asco por dentro.

Começou a recolher as taças vazias e a colocá-las na bandeja. Ao chegar à sua, inclinou-se sobre ele, e Dominic aproveitou para espreitar o seu decote, que parecia autêntico.

– Não me volte a chamar «minha linda» – disse-lhe em voz baixa, antes de se erguer e desaparecer.

«Como é que se atreve?!», interrogou-se Mattie, furiosa.

Claro que não era a primeira vez que se deparava com homens que julgavam poder falar-lhe num tom comprometedor.

Quase sempre tinha conseguido ignorá-los porque, apesar dos sapatos de salto alto e do mini-vestido justo, ela era uma empregada profissional e sabia muito bem que não se confraternizava com os clientes.

No entanto, havia algo naquele cliente que lhe provocara arrepios na nuca e não conseguira evitar chatear-se ao notar um certo desprezo na sua voz. Tinha sido um erro, pois trabalhava ali há sete meses e sabia como retorquir aos comentários dos homens sórdidos que lá iam...

A verdade é que aquele não tinha aspecto sórdido. Era demasiado bonito para isso. Contudo, ela sabia muito bem que a beleza conseguia ocultar imensos pecados.

De repente, apercebeu-se de que estava a franzir o sobrolho, enquanto Mike lhe repunha duas garrafas de champanhe.

– Então, giraça? – perguntou o seu colega com um sorriso.

Mattie também lhe sorriu.

– O mesmo de sempre.

– Ora, sabes que tens que ignorar essas coisas – aconselhou Mike, entregando-lhe taças limpas. – Mentes doentes. De certeza que é casado e tem um rancho de filhos à espera dele em casa.

– Jessie não pode encarregar-se daquela mesa? – perguntou Mattie. – Não estou com paciência para aturar tipos destes hoje.

Após uma discussão com Frankie especialmente dura e um trabalho que tinha que entregar demasiado cedo, não tinha paciência para lidar com clientes difíceis.

– Não – respondeu Mike, – o local está apinhado e faltam-nos duas empregadas. Aguenta mais um pouco.

Uma coisa era dizê-lo e outra era fazê-lo.

Mattie avançou até à mesa. Doía-lhe a cara de tentar parecer natural. Harry gostava que as suas meninas estivessem sempre radiantes, como se fosse um prazer enorme servir bebidas a tipos ricos e embriagados.

Por vezes, não havia quem o suportasse.

Mas o salário era muito bom. Não podia esquecer-se disso.

E necessitava daquele dinheiro.

E quantos locais nocturnos lhe ofereciam o que ela tinha ali? Pelo menos, ali, tinha um dia de folga. O resto dos dias, após o trabalho, era passado a estudar ou a dormir.

Pensou em Frankie e soube que tinha que fazer algo, mas, como sempre acontecia quando pensava nele, o seu cérebro bloqueou o assunto.

Quando chegou à mesa em questão, o tal homem estava a conversar com os amigos, o que foi uma bênção. Enquanto abria a garrafa como uma verdadeira perita e servia as taças, ele olhou para ela apenas uma vez.

Mas Mattie não conseguiu deixar de olhar para ele, mesmo enquanto atendia outras mesas. Viu-o a falar com os amigos, sendo sempre o centro das atenções.

Os clientes estavam a começar a ir-se embora, pelo que não tardaria muito até ela poder ir para casa. Era uma pena perder os grupos que chegavam à última da hora porque deixavam boas gorjetas, mas necessitava de dormir.

Era jovem, mas não era de ferro e, ao contrário das colegas, não tinha todo o dia para recuperar forças.

Observou-os terminar as garrafas e rezou para que não pedissem mais. Aproximou-se da mesa.

Quando tinha entrado para trabalhar ali, ensinaram-na a caminhar. Aos seus vinte e três anos, não sabia que existiam diferentes maneiras de fazê-lo. Supunha que era uma simples questão de colocar um pé à frente do outro.

No entanto, depressa aprendera o sensual balançar de ancas e, sem dar por isso, estava a pô-lo em prática.

Dominic observou-a, encantado. Mattie estava decidida a não olhar para ele. Dominic apercebeu-se, pela forma como recolhia as taças, que ela não queria que eles pedissem mais champanhe.

– E aonde é que ponho isto? – perguntou.

O seu cliente lançou um assobio ao ver as notas que Dominic tinha entre os dedos.

Mattie estendeu o braço e abriu a palma da mão.

– Não é suposto deixar isto num sítio mais íntimo? – insistiu Dominic.

– Não – respondeu ela com um sorriso gelado, rezando para que Harry não andasse por ali.

– Muito bem – assentiu Dominic, entregando-lhe a gorjeta na mão.

Mattie não esperava tanto dinheiro, mas aceitou-o de bom grado e afastou-se em direcção aos vestiários, onde trocou o ridículo vestido e os saltos altos por umas calças de ganga e uns ténis.

Ao sair, procurou Harry na sala e despediu-se dele.

– Harry, vou-me embora.

Gostava daquele homem porque, apesar de no início parecer ser um chefe duro, tratava bem as empregadas, com amabilidade e respeito.

– Não me faças isso, Mattie, estamos muito mal de empregadas. Aliás, sabes o que é que aconteceu à Jackie? Porque é que ela se foi embora daquela maneira?

– Sentia-se mal – respondeu Mattie, desconfiando que a sua colega estava grávida.

Eram cinco e meia da amanhã e ela também estava cansada.

– Porque é que não ficas para ganhares mais algum dinheiro? – propôs Harry.

– Porque preciso de dormir – retorquiu Mattie com sinceridade.

– A sério que não sei para que é que andas a estudar. Porque é não deixas isso do Marketing? Sim, sim, eu sei que não vais abandonar os estudos. Pelo menos, quando os terminares, volta para cá e ajuda-me a gerir este sítio – Harry sorriu. – Vai lá, não quero que os clientes vejam as suas empregadas chiques de calças de ganga.

Aquilo fê-la sorrir.

– Não me reconheceriam. Devem achar que ando sempre de mini-saia e salto alto – comentou, dirigindo-se até à saída.

Junto ao bengaleiro, Dominic aceitou os elogios dos seus acompanhantes por tê-los levado a um lugar tão divertido.

Enquanto se despediam, passou a seu lado uma loura enfiada num casaco. Ninguém a reconheceu salvo ele, que sentiu vontade de correr atrás dela e falar-lhe.

Se aquela noite lhe servira de algo tinha sido para se aperceber de que no mundo havia muitas mulheres com as quais se conseguia manter uma breve relação sem compromisso. Porque é que aquele tipo de mulheres ia trabalhar para ali? Claro que nenhuma delas pertencia à classe social alta, como a sua ex-namorada, que tinha conseguido convencê-lo de que não valia a pena ter relações sérias com ninguém.

Pensava nisso mesmo, enquanto se despedia dos restantes sem perder de vista a silhueta que se afastava rua abaixo e estava prestes a virar a esquina.

Num arrebato, seguiu-a e alcançou-a quando ela já se dispunha a atravessar a estrada. Ao colocar-lhe a mão no braço, Mattie virou-se de imediato.

Havia muita gente na rua a apanhar táxis e sabia que era a hora ideal para os carteiristas.

– Você! – exclamou, furiosa.

Dominic apercebeu-se de que tinha razões para olhar para ele assim e retirou a mão.

– Que diabo está a fazer? Anda a seguir-me? – inquiriu, apercebendo-se de como ele era realmente alto. – Quando eu disser ao Harry, ele vai matá-lo! – advertiu.

Ele olhou-a com incredulidade.

– Aceito gorjetas, mas nada mais, meu senhor! – esclareceu, caminhando.

Virou a cabeça e viu que ele a seguia. Ao terminar de atravessar a rua, virou-se e olhou-o, deixando bem claro que não queria a sua companhia.

– Não é a primeira vez que me deparo com tipos como você e vou dizer-lhe uma coisa: enojam-me!

– Tipos como eu? – perguntou Dominic, apercebendo-se que não tinha a situação sob controlo, o que não era normal nele.

Aquela loura estava zangada, mas pouco se importava. Tinha-a seguido porque havia algo nela que o excitava e porque queria desculpar-se pela forma idiota como se comportara na discoteca.

No entanto, o ataque do qual estava a ser alvo estava a dar-lhe cabo da paciência.

– Tipos como eu? – repetiu num tom de voz que teria assustado muitos homens de negócios.

Ela, contudo, refutou com a mesma violência:

– Sim, como você! – exclamou Mattie, apercebendo-se de que estava a gostar daquilo.

Inicialmente, assustara-se ao vê-lo, mas depressa compreendera que, apesar de arrogante e odioso, não ia abusar dela numa esquina escura.