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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2016 Kate Hewitt

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Falsa noiva, n.º 1744 - março 2018

Título original: Moretti’s Marriage Command

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-983-1

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

Epílogo

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Capítulo 1

 

Luca Moretti precisava de uma esposa. Não de uma esposa real, que Deus permitisse que nunca precisasse disso. Não, precisava de uma esposa temporária que fosse eficiente, submissa e discreta. Uma esposa para o fim de semana.

– Senhor Moretti? – A secretária, Hannah Stewart, bateu uma vez à porta antes de abrir e entrar no seu escritório das águas-furtadas que dava para Lombard Street, em Londres. – Tem de assinar umas cartas.

Luca viu como a secretária se aproximava com um maço de cartas. Tinha o cabelo castanho-claro apanhado para trás e um rosto sereno. Usava uma saia preta, saltos rasos e uma blusa simples de seda branca. Nunca se incomodara em reparar na secretária, só queria saber se escrevia depressa e se era discreta no que dizia respeito às chamadas pessoais que, de vez em quando, chegavam ao escritório. Agora, observou o cabelo liso e castanho e o rosto ligeiramente sardento, que era bonito sem ser especial. Quanto à sua figura…

Luca deslizou o olhar pela silhueta esbelta da secretária. Não tinha muitas curvas, mas era aceitável.

Poderia…?

Pôs as cartas à frente dele e recuou, mas não antes de Luca sentir o seu perfume de flores. Pegou na caneta e começou a escrever a sua assinatura em cada carta.

– É só isso, senhor Moretti? – perguntou ela, quando assinou a última.

– Sim. – Luca deu-lhe as cartas e Hannah virou-se para a porta. A saia tocou-lhe nas pernas ao andar. Observou-a com os olhos semicerrados e teve a certeza. – Espera.

Obediente, Hannah virou-se para olhar para ele e arqueou as sobrancelhas pálidas com um ar expectante. Fora uma boa secretária durante aqueles últimos três anos, trabalhava arduamente e não protestava. Luca pensava que, por trás da sua personalidade disposta a agradar, se escondiam ambição e força de vontade e, naquele fim de semana, precisava de ambas as qualidades, desde que Hannah acedesse à farsa. Luca certificar-se-ia de que era assim.

– Senhor Moretti?

Luca recostou-se e tamborilou com os dedos na secretária. Não gostava de mentir. Sempre fora sincero e orgulhoso de quem era, apesar de muitos terem tentado fazê-lo cair. Contudo, aquele fim de semana era diferente. Significava tudo para ele e Hannah Stewart era apenas um peão para os seus planos. Um peão fundamental.

– Tenho uma reunião muito importante este fim de semana.

– Sim, em Santa Nicola – confirmou ela. – Tem o bilhete e o passaporte e a limusina irá buscá-lo amanhã às nove no seu apartamento. O avião sai de Heathrow ao meio-dia.

– Muito bem. – Luca não sabia de nenhum daqueles detalhes, mas esperava que Hannah o informasse. Era maravilhosamente eficaz. – Vou precisar de ajuda.

Ela arqueou as sobrancelhas ainda mais, mas o seu rosto permaneceu calmo.

– Ajuda administrativa, quer dizer?

Luca hesitou. Não tinha tempo para explicar as suas intenções naquele momento e suspeitava que a secretária se oporia ao que estava prestes a pedir.

– Sim, é isso. – Sabia que Hannah ficara surpreendida, mas disfarçou bem.

– Do que precisa exatamente?

«De uma esposa. De uma esposa temporária e complacente.»

– Preciso que me acompanhes a Santa Nicola no fim de semana. – Luca nunca lhe pedira para o acompanhar numa viagem de negócios, pois preferia viajar e trabalhar sozinho. Era uma pessoa solitária desde a infância. Ao estar sozinho, não precisava de estar em guarda, à espera que alguém o magoasse. Não havia nenhuma expectativa, exceto as que tinha para ele próprio.

Luca sabia que o contrato de Hannah incluía «horas extra ou compromissos, conforme as necessidades» e, no passado, estivera disposta a trabalhar à noite e aos sábados. Sorriu e arqueou as sobrancelhas.

– Suponho que isto não será um problema, pois não? – Mais tarde, podia falar-lhe das obrigações de que precisaria.

Hannah hesitou, mas só por um instante. Depois, assentiu com a cabeça.

– Claro que não, senhor Moretti.

 

 

Hannah debateu-se enquanto tentava descobrir como lidar com aquele pedido inesperado do seu patrão. Nos três anos que passara a trabalhar para Luca Moretti, nunca lhe pedira para ir numa viagem de negócios com ele. Nunca tivera de passar um fim de semana numa ilha exótica do Mediterrâneo. A possibilidade causou-lhe um calafrio de emoção.

– Compro mais um bilhete? – perguntou, tentando parecer tão profissional como sempre.

– Sim.

– Vou comprar um bilhete na classe económica – declarou, assentindo com a cabeça.

– Porque raios haverias de fazer isso? – quis saber Luca.

Parecia irritado e Hannah pestanejou, confusa.

– Não acho que deva viajar em primeira classe quando sou a sua secretária e o gasto…

– Esquece o gasto – interrompeu-a, abanando a mão. – Preciso que vás sentada ao meu lado. Vou trabalhar durante o voo.

– Muito bem. – Hannah levou as cartas ao peito, questionando-se do que mais precisaria para preparar uma viagem assim. E interrogando-se também porque Luca Moretti precisava dela para aquela viagem quando nunca a levara a nenhuma. Observou-o dissimuladamente sentado na cadeira do escritório. Tinha o cabelo preto despenteado e tamborilava os dedos na secretária.

Era um homem incrivelmente bonito, carismático e decidido e ela admirava a sua ética profissional e a sua fome de sucesso. Mesmo que fosse apenas uma secretária, partilhava aquele impulso.

– Muito bem – redarguiu. – Vou tratar de tudo.

Luca despediu-se dela, assentindo com a cabeça. Hannah saiu do escritório e correu para a secretária. Assim que comprou o bilhete de avião, mandou uma mensagem de correio eletrónico à mãe para lhe contar. Podia ter-lhe ligado, mas Luca não era partidário das chamadas pessoais no escritório e Hannah obedecia sempre às regras. Aquele trabalho significava demasiado para ela para o pôr em perigo.

Acabara de enviar a mensagem quando Luca saiu do escritório, vestindo o casaco do fato e consultando o relógio.

– Senhor Moretti?

– Vais precisar de roupa adequada para o fim de semana.

Ela pestanejou.

– Claro.

– Não me refiro ao que costumas usar – declarou Luca. – Este fim de semana é uma ocasião mais social do que profissional – explicou. – Vais precisar de vestidos de noite e dessas coisas.

Vestidos de noite? Não tinha nada disso no armário.

– Como sua secretária…

– Como minha secretária, tens de te vestir adequadamente. Isto não vai ser uma reunião de direção.

– E o que vai ser? Porque não compreendo…

– Pensa nisto como uma festa de fim de semana numa casa com um pouco de negócios pelo meio.

Aquilo fazia com que se questionasse ainda mais porque precisava dela.

– Receio que não tenha nenhum vestido de noite – começou a dizer Hannah. Mas Luca voltou a interrompê-la.

– Isso tem solução fácil. – Tirou o telemóvel do bolso e carregou em algumas teclas, antes de começar a falar em italiano. Alguns minutos mais tarde, desligou e assentiu, olhando para Hannah. – Está tratado. Vais acompanhar-me à Diavola depois do trabalho. Conheces essa loja, não é?

Ouvira falar dela. Era uma loja de moda de alta-costura em Mayfair. Hannah engoliu em seco e tentou manter a calma, como se toda aquela aventura inesperada não a tivesse deixado confusa.

– Receio que não esteja no meu orçamento…

– Eu pago, é claro! – Luca olhou para ela, franzindo o sobrolho. – São gastos de trabalho. Não espero que compres um vestido que só vais usar uma vez por trabalho.

– Muito bem. – Hannah tentou não tremer à frente do seu olhar fixo. Sentia-se como se estivesse a examiná-la e não cumprisse as suas expectativas, o que era perturbador. Sempre se sentira orgulhosa por fazer bem o seu trabalho. Luca Moretti nunca tivera motivo de queixas dela. – Obrigada.

– Saímos dentro de uma hora – informou-a Luca, voltando para o escritório.

Hannah ocupou aquela hora a acabar o seu trabalho e a tratar dos preparativos da viagem para mais uma pessoa. Sabia que Luca ficaria em casa do cliente, o empresário hoteleiro Andrew Tyson, e não soube se devia contactar diretamente o homem para se certificar de que havia um quarto extra para ela na villa luxuosa. Pareceu-lhe ousado da sua parte, mas que outra coisa podia fazer?

Estava a preparar a mensagem para a secretária de Andrew Tyson quando Luca saiu do escritório. Franziu o sobrolho ao vê-la.

– Não estás pronta?

– Lamento. Vou enviar uma mensagem de correio à secretária do senhor Tyson para pedir mais um quarto…

– Isso não será necessário – declarou Luca, inclinando-se para lhe fechar o computador. – Isso já está resolvido.

Observou-o. Estava demasiado surpreendida para disfarçar.

– Mas se não mandar a mensagem…

– Está resolvido. Não me questiones, Hannah. E por favor, no futuro, deixa-me lidar com todas as comunicações com o senhor Tyson.

Hannah sentiu-se magoada com o seu tom.

– Eu sempre…

– Esta negociação é delicada. Explico-te os pormenores mais adiante. Agora, vamos. Tenho muitas coisas para fazer esta noite, para além de comprar roupa.

Hannah corou devido ao seu tom depreciativo. Normalmente, o patrão era impaciente, mas não era mal-educado. Era culpa dela que não tivesse o guarda-roupa de uma mulher experiente? Levantou-se da cadeira e agarrou no computador portátil para o pôr na mala.

– Não tens de levar isso.

– Mas vou precisar dele se vamos trabalhar no avião…

– Não será necessário. Vais acompanhar-me num fim de semana que é uma ocasião social, para além de empresarial. Peço-te que uses um pouco de senso e de discrição porque se trata de uma situação delicada. Estou a pedir-te algo para além das tuas capacidades?

Hannah corou ainda mais.

– Não, é claro que não.

– Muito bem. – Luca apontou para o elevador com a cabeça. – Vamos.

Rígida devido à afronta, Hannah agarrou no casaco e seguiu Luca para o elevador. Esperou, olhando para a frente, e tentou controlar a irritação até as portas se abrirem e Luca lhe fazer um gesto para que passasse primeiro. Assim o fez e, quando ele entrou depois, apercebeu-se de um modo novo de como ocupava o espaço. De certeza que tinham viajado juntos no elevador noutras ocasiões, mas, naquele momento, quando Luca carregou no botão do primeiro andar, Hannah sentiu como era grande e masculino. Deu uma olhadela rápida ao perfil, ao queixo quadrado com barba incipiente, ao nariz reto e às maçãs do rosto angulares. Tinha pestanas surpreendentemente espessas e olhos escuros e duros.

Hannah sabia que as mulheres caíam aos pés de Luca Moretti. Sentiam-se atraídas pelo seu ar distante, a sua sensualidade e o seu carisma. Talvez se enganassem pensando que conseguiriam domá-lo ou caçá-lo, mas nenhuma conseguia. Hannah tivera de afastar mais de uma beleza chorosa da porta do escritório. Nunca lhe agradecia por aquele pequeno serviço e agia como se as mulheres, que praticamente se precipitavam para ele, não existissem, pelo menos, para além do quarto. Ou, pelo menos, era o que Hannah presumia, pois não sabia como Luca Moretti agia no quarto.

A ideia causou-lhe um calor nas faces, embora continuasse incomodada com aquela atitude tão pouco habitual nele. Por sorte, as portas abriram-se e saíram do espaço confinado do elevador para o vestíbulo impressionante de mármore da Empresas Moretti. Quando saíram para a rua banhada pela chuva, o ar húmido refrescou-lhe a cara.

Uma limusina apareceu na entrada assim que eles saíram e o motorista de Luca saiu para lhe abrir a porta.

– Tu primeiro – indicou Luca. Hannah entrou no carro luxuoso e ele seguiu-a. Tocou-lhe na coxa com a dele, antes de se aproximar mais da janela.

Hannah não pôde resistir a acariciar o couro suave do banco.

– Nunca antes tinha estado numa limusina – murmurou.

– Não? – perguntou ele, surpreendido.

– Nem num hotel de cinco estrelas – informou Hannah, com um certo sarcasmo. Nem todos eram tão privilegiados como ele. – Nem sequer provei champanhe.

– Bom, este fim de semana, poderás fazê-lo – afirmou Luca, virando-se para olhar pela janela. As luzes do trânsito projetavam um brilho amarelo no seu rosto. – Lamento – desculpou-se, de repente. – Sei que estou um pouco… tenso.

Hannah olhou para ele com receio.

– Sim… A que se deve?

– Como te disse antes, é um fim de semana delicado – murmurou ele, passando uma mão pela barba incipiente. – Muito delicado.

Hannah sabia que não devia insistir. Não entendia porque aquele acordo era tão delicado. Segundo sabia, a cadeia de hotéis familiares que Luca estava a pensar em adquirir era um ativo relativamente pequeno dentro dos bens imobiliários que possuía.

A limusina parou à frente da Diavola, que tinha as luzes acesas, apesar de já ter passado a hora de fecho. Hannah sentiu um calafrio de apreensão. O que devia fazer agora? Escolheria o vestido ou seria o patrão a fazê-lo? Não tinha vontade de passear à frente dele com o que experimentasse, mas talvez Luca a deixasse escolher um vestido e tudo acabasse aí. Confortada com aquele pensamento, saiu do carro.

Luca seguiu-a imediatamente e segurou-a pelo cotovelo. O contacto surpreendeu-a, pois Luca nunca lhe tocava. Nem um abraço nem uma palmadinha no ombro durante os três anos que passara a trabalhar para ele.

Agora, Luca mantinha a mão no seu cotovelo enquanto a guiava para o interior da loja.

– Quero comprar um guarda-roupa completo de fim de semana para a minha companheira – disse à mulher que os recebeu. – Vestidos de noite, vestidos de dia, fato de banho, camisa de dormir, roupa interior. – Consultou o relógio. – Em menos de uma hora.

– Muito bem, senhor Moretti.

Roupa interior? Hannah sentiu que tinha de objetar.

– Não preciso de todas essas coisas, senhor Moretti! – protestou, em voz baixa. É claro que não precisava que o patrão lhe comprasse um sutiã.

– Fá-lo por mim. E porque não me chamas Luca? Já trabalhas para mim há três anos.

Hannah ficou boquiaberta com a sugestão. Porque é que Luca estava a mudar tudo de repente?

– Está bem – murmurou.

A assistente da loja estava a recolher roupas por toda a loja e aparecera uma segunda que os acompanhou a um divã de veludo creme em forma de «U». Uma terceira trazia-lhes nesse momento duas taças de champanhe e umas bolachas com caviar.

Luca sentou-se, claramente habituado àquele luxo.

– Venha por aqui, por favor – pediu uma das assistentes a Hannah.

Ela seguiu a mulher até um provador que era tão grande como a parte de cima da sua casa.

– Primeiro este? – sugeriu a mulher, mostrando-lhe um vestido de noite em seda azul.

Era a roupa mais delicada que Hannah alguma vez vira.

– Está bem – acedeu, desabotoando a blusa e sentindo que estava dentro de um sonho.