Editado por Harlequin Ibérica.
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© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Falsa noiva, n.º 1744 - março 2018
Título original: Moretti’s Marriage Command
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.
Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-9170-983-1
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Epílogo
Se gostou deste livro…
Luca Moretti precisava de uma esposa. Não de uma esposa real, que Deus permitisse que nunca precisasse disso. Não, precisava de uma esposa temporária que fosse eficiente, submissa e discreta. Uma esposa para o fim de semana.
– Senhor Moretti? – A secretária, Hannah Stewart, bateu uma vez à porta antes de abrir e entrar no seu escritório das águas-furtadas que dava para Lombard Street, em Londres. – Tem de assinar umas cartas.
Luca viu como a secretária se aproximava com um maço de cartas. Tinha o cabelo castanho-claro apanhado para trás e um rosto sereno. Usava uma saia preta, saltos rasos e uma blusa simples de seda branca. Nunca se incomodara em reparar na secretária, só queria saber se escrevia depressa e se era discreta no que dizia respeito às chamadas pessoais que, de vez em quando, chegavam ao escritório. Agora, observou o cabelo liso e castanho e o rosto ligeiramente sardento, que era bonito sem ser especial. Quanto à sua figura…
Luca deslizou o olhar pela silhueta esbelta da secretária. Não tinha muitas curvas, mas era aceitável.
Poderia…?
Pôs as cartas à frente dele e recuou, mas não antes de Luca sentir o seu perfume de flores. Pegou na caneta e começou a escrever a sua assinatura em cada carta.
– É só isso, senhor Moretti? – perguntou ela, quando assinou a última.
– Sim. – Luca deu-lhe as cartas e Hannah virou-se para a porta. A saia tocou-lhe nas pernas ao andar. Observou-a com os olhos semicerrados e teve a certeza. – Espera.
Obediente, Hannah virou-se para olhar para ele e arqueou as sobrancelhas pálidas com um ar expectante. Fora uma boa secretária durante aqueles últimos três anos, trabalhava arduamente e não protestava. Luca pensava que, por trás da sua personalidade disposta a agradar, se escondiam ambição e força de vontade e, naquele fim de semana, precisava de ambas as qualidades, desde que Hannah acedesse à farsa. Luca certificar-se-ia de que era assim.
– Senhor Moretti?
Luca recostou-se e tamborilou com os dedos na secretária. Não gostava de mentir. Sempre fora sincero e orgulhoso de quem era, apesar de muitos terem tentado fazê-lo cair. Contudo, aquele fim de semana era diferente. Significava tudo para ele e Hannah Stewart era apenas um peão para os seus planos. Um peão fundamental.
– Tenho uma reunião muito importante este fim de semana.
– Sim, em Santa Nicola – confirmou ela. – Tem o bilhete e o passaporte e a limusina irá buscá-lo amanhã às nove no seu apartamento. O avião sai de Heathrow ao meio-dia.
– Muito bem. – Luca não sabia de nenhum daqueles detalhes, mas esperava que Hannah o informasse. Era maravilhosamente eficaz. – Vou precisar de ajuda.
Ela arqueou as sobrancelhas ainda mais, mas o seu rosto permaneceu calmo.
– Ajuda administrativa, quer dizer?
Luca hesitou. Não tinha tempo para explicar as suas intenções naquele momento e suspeitava que a secretária se oporia ao que estava prestes a pedir.
– Sim, é isso. – Sabia que Hannah ficara surpreendida, mas disfarçou bem.
– Do que precisa exatamente?
«De uma esposa. De uma esposa temporária e complacente.»
– Preciso que me acompanhes a Santa Nicola no fim de semana. – Luca nunca lhe pedira para o acompanhar numa viagem de negócios, pois preferia viajar e trabalhar sozinho. Era uma pessoa solitária desde a infância. Ao estar sozinho, não precisava de estar em guarda, à espera que alguém o magoasse. Não havia nenhuma expectativa, exceto as que tinha para ele próprio.
Luca sabia que o contrato de Hannah incluía «horas extra ou compromissos, conforme as necessidades» e, no passado, estivera disposta a trabalhar à noite e aos sábados. Sorriu e arqueou as sobrancelhas.
– Suponho que isto não será um problema, pois não? – Mais tarde, podia falar-lhe das obrigações de que precisaria.
Hannah hesitou, mas só por um instante. Depois, assentiu com a cabeça.
– Claro que não, senhor Moretti.
Hannah debateu-se enquanto tentava descobrir como lidar com aquele pedido inesperado do seu patrão. Nos três anos que passara a trabalhar para Luca Moretti, nunca lhe pedira para ir numa viagem de negócios com ele. Nunca tivera de passar um fim de semana numa ilha exótica do Mediterrâneo. A possibilidade causou-lhe um calafrio de emoção.
– Compro mais um bilhete? – perguntou, tentando parecer tão profissional como sempre.
– Sim.
– Vou comprar um bilhete na classe económica – declarou, assentindo com a cabeça.
– Porque raios haverias de fazer isso? – quis saber Luca.
Parecia irritado e Hannah pestanejou, confusa.
– Não acho que deva viajar em primeira classe quando sou a sua secretária e o gasto…
– Esquece o gasto – interrompeu-a, abanando a mão. – Preciso que vás sentada ao meu lado. Vou trabalhar durante o voo.
– Muito bem. – Hannah levou as cartas ao peito, questionando-se do que mais precisaria para preparar uma viagem assim. E interrogando-se também porque Luca Moretti precisava dela para aquela viagem quando nunca a levara a nenhuma. Observou-o dissimuladamente sentado na cadeira do escritório. Tinha o cabelo preto despenteado e tamborilava os dedos na secretária.
Era um homem incrivelmente bonito, carismático e decidido e ela admirava a sua ética profissional e a sua fome de sucesso. Mesmo que fosse apenas uma secretária, partilhava aquele impulso.
– Muito bem – redarguiu. – Vou tratar de tudo.
Luca despediu-se dela, assentindo com a cabeça. Hannah saiu do escritório e correu para a secretária. Assim que comprou o bilhete de avião, mandou uma mensagem de correio eletrónico à mãe para lhe contar. Podia ter-lhe ligado, mas Luca não era partidário das chamadas pessoais no escritório e Hannah obedecia sempre às regras. Aquele trabalho significava demasiado para ela para o pôr em perigo.
Acabara de enviar a mensagem quando Luca saiu do escritório, vestindo o casaco do fato e consultando o relógio.
– Senhor Moretti?
– Vais precisar de roupa adequada para o fim de semana.
Ela pestanejou.
– Claro.
– Não me refiro ao que costumas usar – declarou Luca. – Este fim de semana é uma ocasião mais social do que profissional – explicou. – Vais precisar de vestidos de noite e dessas coisas.
Vestidos de noite? Não tinha nada disso no armário.
– Como sua secretária…
– Como minha secretária, tens de te vestir adequadamente. Isto não vai ser uma reunião de direção.
– E o que vai ser? Porque não compreendo…
– Pensa nisto como uma festa de fim de semana numa casa com um pouco de negócios pelo meio.
Aquilo fazia com que se questionasse ainda mais porque precisava dela.
– Receio que não tenha nenhum vestido de noite – começou a dizer Hannah. Mas Luca voltou a interrompê-la.
– Isso tem solução fácil. – Tirou o telemóvel do bolso e carregou em algumas teclas, antes de começar a falar em italiano. Alguns minutos mais tarde, desligou e assentiu, olhando para Hannah. – Está tratado. Vais acompanhar-me à Diavola depois do trabalho. Conheces essa loja, não é?
Ouvira falar dela. Era uma loja de moda de alta-costura em Mayfair. Hannah engoliu em seco e tentou manter a calma, como se toda aquela aventura inesperada não a tivesse deixado confusa.
– Receio que não esteja no meu orçamento…
– Eu pago, é claro! – Luca olhou para ela, franzindo o sobrolho. – São gastos de trabalho. Não espero que compres um vestido que só vais usar uma vez por trabalho.
– Muito bem. – Hannah tentou não tremer à frente do seu olhar fixo. Sentia-se como se estivesse a examiná-la e não cumprisse as suas expectativas, o que era perturbador. Sempre se sentira orgulhosa por fazer bem o seu trabalho. Luca Moretti nunca tivera motivo de queixas dela. – Obrigada.
– Saímos dentro de uma hora – informou-a Luca, voltando para o escritório.
Hannah ocupou aquela hora a acabar o seu trabalho e a tratar dos preparativos da viagem para mais uma pessoa. Sabia que Luca ficaria em casa do cliente, o empresário hoteleiro Andrew Tyson, e não soube se devia contactar diretamente o homem para se certificar de que havia um quarto extra para ela na villa luxuosa. Pareceu-lhe ousado da sua parte, mas que outra coisa podia fazer?
Estava a preparar a mensagem para a secretária de Andrew Tyson quando Luca saiu do escritório. Franziu o sobrolho ao vê-la.
– Não estás pronta?
– Lamento. Vou enviar uma mensagem de correio à secretária do senhor Tyson para pedir mais um quarto…
– Isso não será necessário – declarou Luca, inclinando-se para lhe fechar o computador. – Isso já está resolvido.
Observou-o. Estava demasiado surpreendida para disfarçar.
– Mas se não mandar a mensagem…
– Está resolvido. Não me questiones, Hannah. E por favor, no futuro, deixa-me lidar com todas as comunicações com o senhor Tyson.
Hannah sentiu-se magoada com o seu tom.
– Eu sempre…
– Esta negociação é delicada. Explico-te os pormenores mais adiante. Agora, vamos. Tenho muitas coisas para fazer esta noite, para além de comprar roupa.
Hannah corou devido ao seu tom depreciativo. Normalmente, o patrão era impaciente, mas não era mal-educado. Era culpa dela que não tivesse o guarda-roupa de uma mulher experiente? Levantou-se da cadeira e agarrou no computador portátil para o pôr na mala.
– Não tens de levar isso.
– Mas vou precisar dele se vamos trabalhar no avião…
– Não será necessário. Vais acompanhar-me num fim de semana que é uma ocasião social, para além de empresarial. Peço-te que uses um pouco de senso e de discrição porque se trata de uma situação delicada. Estou a pedir-te algo para além das tuas capacidades?
Hannah corou ainda mais.
– Não, é claro que não.
– Muito bem. – Luca apontou para o elevador com a cabeça. – Vamos.
Rígida devido à afronta, Hannah agarrou no casaco e seguiu Luca para o elevador. Esperou, olhando para a frente, e tentou controlar a irritação até as portas se abrirem e Luca lhe fazer um gesto para que passasse primeiro. Assim o fez e, quando ele entrou depois, apercebeu-se de um modo novo de como ocupava o espaço. De certeza que tinham viajado juntos no elevador noutras ocasiões, mas, naquele momento, quando Luca carregou no botão do primeiro andar, Hannah sentiu como era grande e masculino. Deu uma olhadela rápida ao perfil, ao queixo quadrado com barba incipiente, ao nariz reto e às maçãs do rosto angulares. Tinha pestanas surpreendentemente espessas e olhos escuros e duros.
Hannah sabia que as mulheres caíam aos pés de Luca Moretti. Sentiam-se atraídas pelo seu ar distante, a sua sensualidade e o seu carisma. Talvez se enganassem pensando que conseguiriam domá-lo ou caçá-lo, mas nenhuma conseguia. Hannah tivera de afastar mais de uma beleza chorosa da porta do escritório. Nunca lhe agradecia por aquele pequeno serviço e agia como se as mulheres, que praticamente se precipitavam para ele, não existissem, pelo menos, para além do quarto. Ou, pelo menos, era o que Hannah presumia, pois não sabia como Luca Moretti agia no quarto.
A ideia causou-lhe um calor nas faces, embora continuasse incomodada com aquela atitude tão pouco habitual nele. Por sorte, as portas abriram-se e saíram do espaço confinado do elevador para o vestíbulo impressionante de mármore da Empresas Moretti. Quando saíram para a rua banhada pela chuva, o ar húmido refrescou-lhe a cara.
Uma limusina apareceu na entrada assim que eles saíram e o motorista de Luca saiu para lhe abrir a porta.
– Tu primeiro – indicou Luca. Hannah entrou no carro luxuoso e ele seguiu-a. Tocou-lhe na coxa com a dele, antes de se aproximar mais da janela.
Hannah não pôde resistir a acariciar o couro suave do banco.
– Nunca antes tinha estado numa limusina – murmurou.
– Não? – perguntou ele, surpreendido.
– Nem num hotel de cinco estrelas – informou Hannah, com um certo sarcasmo. Nem todos eram tão privilegiados como ele. – Nem sequer provei champanhe.
– Bom, este fim de semana, poderás fazê-lo – afirmou Luca, virando-se para olhar pela janela. As luzes do trânsito projetavam um brilho amarelo no seu rosto. – Lamento – desculpou-se, de repente. – Sei que estou um pouco… tenso.
Hannah olhou para ele com receio.
– Sim… A que se deve?
– Como te disse antes, é um fim de semana delicado – murmurou ele, passando uma mão pela barba incipiente. – Muito delicado.
Hannah sabia que não devia insistir. Não entendia porque aquele acordo era tão delicado. Segundo sabia, a cadeia de hotéis familiares que Luca estava a pensar em adquirir era um ativo relativamente pequeno dentro dos bens imobiliários que possuía.
A limusina parou à frente da Diavola, que tinha as luzes acesas, apesar de já ter passado a hora de fecho. Hannah sentiu um calafrio de apreensão. O que devia fazer agora? Escolheria o vestido ou seria o patrão a fazê-lo? Não tinha vontade de passear à frente dele com o que experimentasse, mas talvez Luca a deixasse escolher um vestido e tudo acabasse aí. Confortada com aquele pensamento, saiu do carro.
Luca seguiu-a imediatamente e segurou-a pelo cotovelo. O contacto surpreendeu-a, pois Luca nunca lhe tocava. Nem um abraço nem uma palmadinha no ombro durante os três anos que passara a trabalhar para ele.
Agora, Luca mantinha a mão no seu cotovelo enquanto a guiava para o interior da loja.
– Quero comprar um guarda-roupa completo de fim de semana para a minha companheira – disse à mulher que os recebeu. – Vestidos de noite, vestidos de dia, fato de banho, camisa de dormir, roupa interior. – Consultou o relógio. – Em menos de uma hora.
– Muito bem, senhor Moretti.
Roupa interior? Hannah sentiu que tinha de objetar.
– Não preciso de todas essas coisas, senhor Moretti! – protestou, em voz baixa. É claro que não precisava que o patrão lhe comprasse um sutiã.
– Fá-lo por mim. E porque não me chamas Luca? Já trabalhas para mim há três anos.
Hannah ficou boquiaberta com a sugestão. Porque é que Luca estava a mudar tudo de repente?
– Está bem – murmurou.
A assistente da loja estava a recolher roupas por toda a loja e aparecera uma segunda que os acompanhou a um divã de veludo creme em forma de «U». Uma terceira trazia-lhes nesse momento duas taças de champanhe e umas bolachas com caviar.
Luca sentou-se, claramente habituado àquele luxo.
– Venha por aqui, por favor – pediu uma das assistentes a Hannah.
Ela seguiu a mulher até um provador que era tão grande como a parte de cima da sua casa.
– Primeiro este? – sugeriu a mulher, mostrando-lhe um vestido de noite em seda azul.
Era a roupa mais delicada que Hannah alguma vez vira.
– Está bem – acedeu, desabotoando a blusa e sentindo que estava dentro de um sonho.