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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1999 Helen Bianchin

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Um homem muito sensual, n.º 470 - fevereiro 2019

Título original: Mistress by Arrangement

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1307-583-9

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

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Capítulo 1

 

 

 

 

 

Michelle Gerard tomou um gole de vinho e olhou à sua volta, observando discretamente os restantes ocupantes da mansão onde se encontrava.

Os homens resplandeciam nos seus elegantes fatos cujas camisas eram tão brancas que chegavam a ofuscar. As mulheres não ficavam atrás, exibindo Valentino’s, Dior’s e Versace’s legítimos, de valores exorbitantes.

O evento em questão, ao contrário do que podia parecer, não era nenhum casamento ou festa de gala e sim um simples jantar para dez pessoas na casa de Antónia e Emerson Brateson-Burrows, representantes da mais alta sociedade de Queensland, Austrália.

– Aceitas mais uma bebida, querida?

A oferta partira de Jeremy Bateson-Burrows, filho dos anfitriões, que no momento lhe enlaçava delicadamente a cintura.

Jeremy, o seu noivo. Ou melhor, o seu noivo… na opinião dele.

O problema era que o casamento num futuro próximo não estava nos seus planos. Nem um relacionamento sério. Graças a uma herança deixada pela avó materna, Michelle levava uma vida confortável. Aos vinte e cinco anos de idade, tinha o seu próprio apartamento, um bom carro e dirigia uma bem sucedida galeria de arte, juntamente com um amigo. A sua vida estava a atravessar uma fase maravilhosa e não queria mudá-la tão cedo.

Virou-se para Jeremy e forçou um sorriso.

– Não, obrigada. Estou a começar a ficar com fome. Sabes a que horas é que o jantar vai ser servido?

Ele olhou para o relógio.

– Assim que o nosso convidado atrasado chegar.

Michelle ficou espantada. Convidado atrasado? Mas quem é que teria coragem de chegar atrasado a um dos elegantes jantares oferecidos pelos snobes Bateson-Burrows?

Notando o espanto dela, Jeremy explicou:

– Telefonou ao final da tarde, avisando que teria de se atrasar um pouco. Tu não o conheces. Chama-se Nickos Alessandros. É de origem grega. Dinheiro relativamente novo, mas ganho honestamente. Está no ramo da informática e tem escritórios e apartamentos espalhados pelo mundo todo. Pelo que parece, está prestes a fechar um contrato de grande vulto aqui na cidade.

Michelle sorriu. Já conseguia visualizá-lo. O milionário em questão devia ser baixinho, careca e barrigudo, e com certeza viria acompanhado por alguma loira deslumbrante, de corpo escultural.

– Bem, seja lá quem for, espero que se despache. Não almocei e estou realmente a ficar com fome.

Jeremy fez um gesto com a cabeça em direcção à porta.

– As tuas preces foram atendidas, minha querida. O Nickos acabou de chegar.

Curiosa, Michelle virou-se para o local indicado… Naquele instante pensou que se iria transformar numa estátua de sal. Mais adiante, entrando no magnífico salão de festas dos Bateson-Burrows, estava o homem mais atraente que já vira em toda a sua vida. Um verdadeiro Apolo de traços perfeitos e marcantes, a completa antítese do barrigudo baixinho e careca que imaginara de início.

Observou-o a cumprimentar os restantes convidados, reparando no charme do seu sorriso e na graça dos seus movimentos.

Então, aproximou-se dela. E Michelle teve a certeza de uma coisa. Aquele homem elegante e educado escondia dentro do peito o coração de um guerreiro predador. Sentiu um frio arrepiante na barriga.

A anfitriã dizia algo e a jovem forçou-se a prestar atenção às suas palavras.

– Esta é a Michelle Gerard, Nickos. A namorada do Jeremy.

Nickos Alessandros pegou-lhe na mão e levou-a aos lábios. O frio arrepiante tornou-se ainda mais intenso.

– Como estás, Michelle?

A sua voz era rouca e sedutora e possuía um ligeiro sotaque que parecia ser mais italiano do que grego.

– B… bem, obrigada.

– É um prazer rever-te.

Um prazer o quê? Revê-la? Mas que história maluca era aquela? Michelle jamais o tinha conhecido. Se tivesse, lembrar-se-ia com toda a certeza. Nenhuma mulher poderia conhecer um homem daqueles e depois esquecê-lo. Era algo completamente impossível!

Jeremy franziu a testa.

– Vocês já se conheciam?

– Já – encarregou-se Nickos de responder. – Na altura em que a Michelle estudava na Sorbonne, em Paris.

Ela estava cada vez mais surpreendida. Sim, estudara na Sorbonne. Mas jamais o conhecera. Então, como é que Nickos Alessandros obtivera aquela informação?

– A sério? – perguntou a anfitriã, após alguns momentos de silêncio.

Fascinada, Michelle observou-o a abrir-se num largo e sensual sorriso.

– Sim. Eu nunca te esqueci.

O tal Nickos Alessandros podia ser o homem mais bonito do mundo, mas era também um mentiroso. Michelle sabia que nunca o vira antes. Pensou em abrir a boca e desmascará-lo, mas acabou por mudar de ideias. Não queria criar nenhum constrangimento aos seus anfitriões. Além disso, Nickos parecia ter o dom de a hipnotizar.

Sim. Aquele era um homem perigoso. Cheio de poder. Demasiado sensual. Um amante sem nenhuma inibição, que encorajava as suas parceiras a agir de forma igualmente desinibida. Encorajava, não. Exigia.

O simples facto de imaginar o que aquele homem podia fazer no corpo de uma mulher foi o suficiente para lhe povoar a mente com imensas fantasias indecentes e pecaminosas. Sentiu-se tonta. Teria abusado do vinho?

Percebeu vagamente que Antónia Bateson-Burrows voltara a dizer alguma coisa.

– Nickos, vem comigo. O Emerson está a preparar-te uma bebida.

Então, ele sorriu para Michelle, inclinou ligeiramente a cabeça e deixou que a sua anfitriã o levasse até ao outro lado da sala.

A sua tontura, porém, não diminuiu. E ela teve de fazer um esforço para levar a taça aos lábios e tomar mais um gole de vinho.

– Porque é que não me disseste que o conhecias?

Michelle virou-se para Jeremy, decidindo se lhe diria ou não a verdade. Achou melhor não. Sabia que ele ficaria ainda mais irritado se tomasse conhecimento da mentira do magnata grego.

– Eu… não me lembrava dele.

– Será que não? Então, porque é que ficaste tão vermelha quando o viste?

«Porque ele é o homem mais bonito do mundo, palerma. Um homem que me despertou fantasias inconfessáveis», pensou.

– Ora, Jeremy, pára com isso. Se eu fiquei vermelha, foi por causa do vinho, só isso.

O anúncio de que o jantar estava servido foi feito no momento mais oportuno. Michelle disfarçou um suspiro de alívio e dirigiu-se até à mesa.

Jeremy acompanhou-a e tocou-lhe no braço.

– Ainda me censuras por sentir tantos ciúmes do Nickos Alessandros? Ele faz um sucesso enorme com as mulheres!

– Ele… ele não é o meu tipo.

A mentira soou falsa até aos seus próprios ouvidos. Sentou-se no lugar indicado e, ao fazê-lo, olhou disfarçadamente para o deus grego que se sentava mesmo à sua frente. Reparou que ele também olhava para ela. E que lhe sorria.

Aqueles olhos acinzentados pareciam esconder mil segredos e, por alguns instantes, tudo desapareceu do seu campo de visão. Era como se existisse apenas Nickos Alessandros naquela sala. E no mundo. As conversas, os outros convidados tinham desaparecido como fumo ao vento.

Determinada a voltar à realidade, olhou para o outro lado e começou a prestar atenção aos lindos arranjos que Antónia Bateson-Burrows colocara sobre a mesa. Um deles era realmente deslumbrante. Um pequeno vaso em prata de lei que…

– Estou realmente feliz por te reencontrar, Michelle. Como o mundo é pequeno, não achas?

Ela não respondeu. Limitou-se a sorrir-lhe friamente e a esforçar-se por se concentrar na entrada que a criada lhe servia. Uma divina salada de salmão. Um dos seus pratos preferidos. Porém, ao saboreá-la teve a nítida impressão de estar a comer papel.

A conversa à mesa girou sobre a economia da Austrália e a possibilidade de uma reforma ministerial.

– Qual é a tua opinião a esse respeito, Michelle?

Novamente, aquela voz rouca que a deixava maluca chegou-lhe aos ouvidos. Ela engoliu em seco.

– Pouco importante, eu diria. Seja lá qual for a minha opinião, não terá nenhuma força para mudar o rumo que as coisas tomaram no nosso país.

– Mas mesmo assim, eu gostaria de a ouvir.

Michelle percebeu que ele estava a provocá-la. E resolveu entrar naquele jogo perigoso… e divertido ao mesmo tempo.

– Pelo que me lembro, meu caro Nickos, tu nunca estiveste particularmente interessado nas minhas opiniões a respeito de negócios e da política em geral.

Ela observou-o a erguer uma sobrancelha, e então abrir-se num largo sorriso.

– Sim, é verdade. Os meus interesses por ti eram outros. Será que alguém me pode culpar por isso, pedhi mou?

O anfitrião, Emerson Bateson-Burrows, veio em seu auxílio.

– Aceitas mais um pouco de vinho, Nickos? Este Tocai é excelente.

– Não, obrigado, Emerson – voltou a atenção para Michelle. – Acho que não preciso de mais estímulos.

Ela sentiu o rosto quente e soube que tinha enrubescido. Diabo! Estava a começar a perder o controlo das coisas. O pior de tudo era que os outros convidados à mesa pareciam muito interessados em acompanhar o desenrolar daquela história.

Felizmente, a criada reapareceu para servir o prato principal, frango com molho de limão acompanhado de legumes frescos e arroz de açafrão. A fome de Michelle, porém, tinha desaparecido totalmente e deixou o seu prato quase totalmente cheio. Desejava que aquela noite terminasse o quanto antes.

Mas ainda havia a sobremesa e a tábua de queijos, o café, o licor e os bombons. Tinha, pelo menos, mais uma hora pela frente antes de poder inventar uma desculpa qualquer e sair dali para fora.

Jeremy inclinou-se na sua direcção e cochichou ao seu ouvido:

– Gostaria que me contasses uma coisa, querida. Como é que ele é na cama? Um verdadeiro tigre, com certeza.

Michelle ficou ainda mais vermelha e embaraçada.

– Pára com isso, Jeremy. Eu nunca fui para a cama com ele.

– Não?

– Claro que não!

A sobremesa, um delicioso cheesecake com geleia de framboesa, foi servida, seguida da tradicional tábua de queijos. Michelle não aceitou nada.

– Vamos tomar o café na outra sala? – convidou a anfitriã, quando todos os convidados já tinham terminado de comer.

Aquelas foram as palavras mais doces e reconfortantes que Michelle ouvira nas últimas horas. Levantou-se rapidamente e aproximou-se dos seus pais.

Chantelle Gerard, uma linda mulher de cinquenta e dois anos, olhou para a filha de uma forma um tanto estranha.

– Não fazia ideia de que já conhecias o Nickos Alessandros.

O dinheiro era importante. Educação e berço, também. Os Bateson-Burrows possuíam as três coisas juntas. Mas a fortuna de Alessandros não podia ser ignorada.

Michelle conseguia até visualizar os cifrões nos olhos da sua mãe.

– Vou-me embora daqui a pouco.

– A sério? Vais prolongar a noite nalguma discoteca com o Jeremy?

– Não.

– Pois, pois – Chantelle levantou uma sobrancelha. – Conversaremos amanhã, está bem?

– Acredita, mamã, não tenho absolutamente nada para te contar.

Ter de responder a centenas de perguntas antes do amanhecer não era exactamente a sua maneira preferida de começar o dia. Michelle sabia que a sua mãe iria tentar arrancar-lhe todas as informações possíveis a respeito de Nickos Alessandros. Como é que lhe poderia dizer que jamais o vira antes?

– Bem, se esperares mais um pouco, o teu pai e eu damos-te boleia.

Deveria ter ido no seu próprio carro, mas Jeremy insistira tanto em ir buscá-la, que não tivera como recusar. Decididamente, um grande erro da sua parte.

A dor de cabeça que pensara em inventar já não era um mero fingimento da sua parte. Além disso, Jeremy estava a ficar insuportável. O seu apartamento ficava a apenas um quarteirão dali, uma distância que podia ser perfeitamente encarada durante o dia. À noite, porém, as coisas eram diferentes. A violência já tinha chegado até mesmo àquela, outrora, tranquila cidade.

– Não, obrigada, mamã. Vou chamar um táxi.

O café e o licor foram servidos, seguidos pelos famosos bombons belgas, conhecidos como os melhores do mundo.

Michelle tomou o seu café o mais depressa que conseguiu e colocou a chávena vazia em cima de uma mesinha. Agora, tudo o que tinha de fazer era despedir-se dos seus anfitriões e sair rapidamente dali. Porém, ao virar-se na sua direcção, sentiu um frio no estômago. Emerson e Antónia Bateson-Burrows estavam muito entretidos numa conversa com Nickos Alessandros.

Bem, não tinha outra opção. Teria de falar com o magnata grego uma última vez.

«Coragem, não vai ser assim tão difícil. Força um sorriso, agradece o magnífico jantar e tenta sair o mais depressa que puderes», aconselhou a si mesma.

Quase pressentindo a sua chegada, Nickos levantou a cabeça e observou-a a aproximar-se.

De imediato, Jeremy surgiu a seu lado e colocou-lhe um braço sobre o ombro.

– Queres ir embora, querida? Não gostarias de ir dançar comigo?

Antes que ela pudesse abrir a boca para responder alguma coisa, Nickos deu dois passos à frente.

– Já estás pronta, Michelle? – virou-se para os anfitriões e sorriu. – Por favor, peço que nos desculpem, mas a Michelle e eu estamos loucos para relembrar os velhos tempos.

Jeremy ficou vermelho de raiva.

– Michelle! – disse ele. – Eu é que te vou levar a casa.

Ela sentiu vontade de dar uma bofetada aos dois.

– Não há necessidade de deixares o jantar dos teus pais – explicou Nickos. – O apartamento da Michelle fica na mesma rua que o meu.

– Ela é minha namorada – rebateu Jeremy, sentindo o sangue ferver-lhe nas veias.

Aquilo estava a ficar pior a cada minuto que passava.

– Michelle? – soou a voz rouca e sensual do grego. – Vens comigo?

– Claro que ela não vai contigo! – exclamou Jeremy. – Será que não entendeste? Ela é a minha namorada!

– Mas também já teve um compromisso comigo!

– Não teve coisa nenhuma!

– Teve sim. Queres uma prova?

E antes que Michelle pudesse compreender o que se estava a passar, Nickos Alessandros agarrou-a e cobriu-lhe os lábios com os dele.