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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2008 Sabrina Philips

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Amante por un mês, n.º 1211 - janeiro 2018

Título original: Valenti’s One-Month Mistress

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-995-4

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Dante perguntava-se se ela o olharia nos olhos e suplicaria ou se evitaria o seu olhar, visto que da última vez que olhara para ele nos olhos tinha acabado por o rodear pela cintura com as pernas e por se entregar a ele. Dante espalhou o relatório pela secretária de mogno e cerrou os dentes. Não, duvidava. «Relutância» não era uma palavra que pudesse associar-se a Faye Matteson.

Recostando-se na cadeira de pele, viu o nome dela entre as reuniões que figuravam na sua agenda electrónica. Há um mês, a sua secretária pessoal tinha ido perguntar-lhe se estaria disposto a recebê-la e, imediatamente, ele tinha imaginado o que queria. Sabia que só algo assim teria feito com que ela regressasse a Roma. Mas não devia ter-se incomodado a fazer a viagem. A sua maneira de lhe expor o caso não faria diferença. Surpreendia-o que ela achasse que ele estaria disposto a ajudá-la. Mas claro, ela nunca imaginava que as coisas pudessem ser diferentes. E ele duvidava que, depois de seis anos, tivesse mudado. Ele mudara. A ex-empregada de mesa inglesa com olhar atrevido já não era um perigo. Daquela vez, ele sabia que ela era uma bruxa.

– A menina Matteson chegou, senhor Valenti – disse a recepcionista pelo intercomunicador.

Dante levantou-se, preparando-se para saborear a vingança.

– Mande-a entrar.

 

 

«Nada mudou», pensou Faye, enquanto respirava fundo e se sentava no sofá que lhe indicava a esbelta ruiva, o último obstáculo que se interpunha entre ela e o escritório de Dante. Talvez o seu império tivesse crescido, mas o cenário era o mesmo. Os empregados faziam o que ele queria e todas as mulheres se deslocavam na sua direcção como flores atraídas pelo sol.

Faye tremeu e tentou relaxar. Parte da sua tensão devia-se ao facto de ter estado sentada muito tempo durante a viagem de avião que tinha feito ao longo da noite. Olhou à sua volta e verificou que aquele ambiente já não lhe era familiar. Fizera mesmo parte daquilo? Suspeitava que era apenas outra falsa ilusão. Não fazia sentido perguntar-lhe depois de todos aqueles anos, duvidava que ele recordasse o seu nome. Mas depois recordou que Dante Valenti não permitia que a sua secretária marcasse uma reunião sem saber primeiro de quem se tratava. Portanto, era evidente que se lembrava dela e que fora por isso que aceitara recebê-la. Isso significava que… O que significava? Que o passado não significava nada para ele e que o negócio era a sua prioridade. «E o negócio é a única coisa que importa agora», admoestou-se ela, em silêncio. «Já é hora de começares a pensar da mesma forma». O facto de ele ter aceitado recebê-la significava que, pelo menos, existia uma possibilidade de ele estar disposto a ajudá-la.

Faye olhou para o relógio pela terceira vez. Aquilo tinha de funcionar. Observou que a mulher ruiva falava pelo intercomunicador e, sentindo-se insegura, afastou do rosto uma madeixa do seu cabelo escuro e segurou-o com um gancho. Não tinha orçamento para ir ao cabeleireiro, portanto tinha de se conformar com aquele penteado.

– O senhor Valenti recebê-la-á agora – a mulher falou como se estivesse a outorgar-lhe um acordo imerecido e guiou-a até à porta do escritório.

Faye alisou a saia do fato cinzento. Tinha o coração acelerado. Passara seis anos convencida de que não teria de voltar a ver Dante e, no entanto, tivera de o procurar. Mas que escolha tinha? Durante o último ano, recorrera a todos os bancos e possíveis investidores, mas ninguém lhe dera um cêntimo. Ao princípio, considerara-o preocupante, mas começava a ser desesperante. Não tinha mais escolha, porque não podia deixar que o restaurante da sua família caísse em bancarrota à frente dos seus olhos. Não só porque sentia que, como filha, era o seu dever evitar que isso acontecesse, mas também porque adorava o negócio. Gostava tanto do negócio que estava convencida de que, mesmo que tivesse nascido noutra família, também se teria sentido atraída pelo prazer de ver como as outras pessoas desfrutavam de uma boa refeição. Tal como as pessoas tinham feito no Matteson. Por isso, não havia outro remédio senão entrar naquele enorme escritório com toda a segurança que conseguisse aparentar.

Dante não disse nada ao vê-la e Faye sentiu-se agradecida. Embora só tivesse olhado para ele durante um instante, fora suficiente para ficar sem fala. Preparara-se para enfrentar o antigo Dante, mas não esperara que tivesse mudado. Melhorara com os anos. O seu cabelo escuro parecia mais espesso, a forma do seu queixo parecia mais marcada e a curva do seu lábio inferior era muito mais sensual. Mas os seus olhos escuros eram os mais mudados e, rodeados de uma tez suave de cor de azeitona, tinham adquirido um olhar mais penetrante, dominante… gelado. Dante continuava a ser o homem mais sexy que alguma vez vira.

– A que se deve este prazer inesperado, menina Matteson? Só consigo imaginar.

Ela levantou o rosto e ele fez um gesto para que se sentasse numa das poltronas de pele que rodeavam a secretária. Ela sentou-se na beira de uma poltrona e desejou que ele tivesse permanecido em silêncio, já que a sua voz lhe causara um efeito inesperado, fazendo com que o seu coração acelerasse e o sangue circulasse mais depressa pelas suas veias.

– Olá, Dante!

– Vais tratar-me por tu, Faye? Não devias ter marcado uma reunião com a minha secretária pessoal se, afinal de contas, isto vai ser uma reunião pessoal.

Faye suspeitava que toda aquela loucura teria sido mais fácil se tivesse falado com Dante por telefone. No entanto, pensava que seria mais convincente se falasse com ele cara a cara, mas não tinha contado com o efeito que a sua presença física teria sobre ela.

– Muito bem, senhor Valenti – disse ela. – Vim porque tenho uma proposta de negócio para si.

– A sério, Faye? E o que poderias oferecer-me que pudesse interessar-me?

Faye corou e sentiu que ele olhava para ela de maneira penetrante, fazendo com que ela desejasse tirar o casaco do fato. No entanto, não se atreveu a fazê-lo para que não visse que os seus mamilos erectos tocavam no tecido da blusa. «Continua com o teu discurso. Não permitas que perceba que a sua presença te afecta».

– A minha família e eu estamos a tentar encontrar um investidor para o Matteson; em troca, oferecemos uma percentagem dos lucros. Visto que mostrou interesse pelo nosso restaurante, pensei que talvez desejasse ver a nossa proposta – abriu uma pasta sobre a secretária e passou-lha.

Ele ignorou os papéis.

– Desejar? – não era preciso olhar para ele nos olhos para perceber a sua ironia. – Talvez tenhas sido suficientemente estúpida para supores que, naquele tempo, estive interessado no restaurante – abanou a cabeça, – mas deves ser completamente estúpida se achas que não sei que o Matteson está acabado.

Faye ficou tensa, perguntando-se se ele poderia ter dito alguma coisa que a magoasse mais. Portanto, tudo tinha sido uma fachada. Ele vira a oportunidade de a usar, mais nada. E se achava que o Matteson era irrecuperável, talvez fosse melhor desistir naquele mesmo instante. A ideia fez com que ficasse à defesa.

– Por muito que te agrade pensar que sou estúpida, Dante, informar-te-ei que o Matteson não está nas últimas. Admito que precisamos de uma injecção de capital para podermos actualizar-nos em alguns aspectos… – replicou, voltando a tratá-lo por tu.

– Uma injecção de capital? – interveio Dante. – Precisas de um milagre. Quem investiria dinheiro num negócio que está a dar prejuízo?

– Não está a dar prejuízo.

– Mas deixa-me adivinhar… Também não está a dar lucros.

As palavras de Dante fizeram com que Faye tivesse a sensação de que o ar da divisão era cada vez mais denso. O pai de Faye ficara doente e não pudera dedicar ao Matteson o tempo de que precisava. O seu orgulho impedira-o de procurar ajuda e de pedir a Faye para deixar a universidade para partilhar a responsabilidade. Faye engoliu em seco para desfazer o nó que sentia na garganta. Admirava o seu pai pelo que tinha feito, ao mesmo tempo que a incomodava que tivesse sido tão teimoso. Mas desde o seu falecimento, as coisas tinham ido de mal a pior. Por muito que Faye tivesse tentado resolver as coisas, os lucros continuavam a diminuir e, se não conseguisse mudar as coisas em breve, não seria capaz nem de pagar o salário aos seus empregados.

– Talvez, se tivesses adquirido um pouco mais de experiência antes de te meteres no negócio, não te encontrasses nesta situação, não achas?

O comentário era doloroso. Ele fora o motivo pelo qual ela não pudera aumentar a sua experiência.

– Tinha experiência. O facto de não a ter adquirido sob a tua orientação não significa que não valesse a pena. Não és o dono de todos os hotéis e restaurantes. Ou não percebeste?

– Não duvido que tenhas adquirido muita experiência – disse Dante, olhando para ela de cima a baixo. – Mas está claro que não és suficientemente boa, visto que estás aqui. E ambos sabemos que isso significa que estás desesperada.

– Todos os negócios precisam que se invista neles periodicamente. As circunstâncias pedem que o Matteson encontre um investidor externo, pela primeira vez em quinze anos. Não considero que isso seja um fracasso.

– Então, abre os olhos. Antes não precisavas de dinheiro porque o Matteson era um lugar moderno. Agora ficou antiquado. As pessoas precisam de mudanças.

Pensaria que era suficientemente parva para não saber isso? Ela fizera tudo o que podia para actualizar o local, para mudar as coisas depois de o seu pai falecer. Mas não podia fazer mais nada, para além de usar a impressora de casa para modernizar os menus ou gastar as economias em tinta para as paredes. Sabia que o Matteson precisava de mudar e estava disposta a fazê-lo, mas precisava de dinheiro.

– A nossa intenção é usar o dinheiro para renovar a cozinha…

– É demasiado tarde – replicou Dante. – O Matteson está em declive.

– Nesse ponto, não estou de acordo.

Faye olhou para ele nos olhos por um instante antes de desviar o olhar para o horizonte de Roma. Ele não disse nada, mas afastou-se da janela e dirigiu-se para Faye. Apoiou-se na secretária e cruzou as pernas.

Ela conseguia perceber o seu cheiro masculino e recordou imagens do passado. Imagens demasiado dolorosas para pensar nelas. Levantou-se, incapaz de suportar a sua proximidade. Desejava gritar para que se afastasse dela, para que se mantivesse a um metro de distância. Não fazia sentido que permanecesse naquela divisão com ele, se era evidente que depois daquela reunião não obteria o resultado que desejava.

– Nesse caso, procurarei outras fontes de investimento alternativas – disse ela, inclinando-se para pegar na proposta. – Obrigada por me dedicares um momento do teu tempo precioso.

Ele não permitiu que desse um só passo para a porta. Antes de ela perceber, tinha-a detido, agarrando-a pelo pulso. Faye susteve a respiração.

– Vais-te embora tão depressa? – perguntou ele, com frieza. – Uma vez mais fizeste o que querias fazer, mas não esperaste para ouvir o que eu tenho para dizer. Que surpresa!

– Tens mais alguma coisa para dizer? – perguntou ela e, de repente, sentiu-se como se fosse a rapariga de há seis anos, à espera de uma explicação que acalmasse a dor do seu coração.

– O local está num sítio excelente.

Dante soltou-lhe o pulso e apoiou-se novamente na secretária.

– O quê?

– Não me perguntaste se estou interessado em algum aspecto da tua proposta. Como bem interpretaste, não tenho interesse em investir no Matteson. No entanto, há uma coisa que me parece muito interessante. O restaurante está num lugar excepcional. Fica numa zona de Londres onde eu quero expandir-me. Poderia considerar comprar o local por uma quantia considerável, se mo oferecesses, claro.

Faye virou-se para olhar para ele. Fora por isso que aceitara recebê-la. Engoliu em seco. Tinha intenção de acabar com ela, de usurpar o seu negócio familiar e transformá-lo noutro restaurante de luxo, como o que tinha no centro de Londres.

– Terás de passar por cima do meu cadáver. Não está à venda.

– Ainda não, talvez – ele sorriu. – Mas esperarei.

– O que queres dizer?

– Ah, é claro. Como pude esquecer que não sabes o que é esperar, Faye? O que quero dizer é que acho que não demorarás muito tempo a pô-lo à venda.

Faye sentiu que ficava corada. Era evidente que Dante sabia mais a respeito da situação financeira do Matteson do que ela esperava e não era porque ele tinha interesse no restaurante ou nela, mas porque tinha visto uma boa oportunidade para si próprio. A ideia foi como um balde de água gelada. Portanto, se o Matteson não conseguisse aumentar os lucros, Dante estaria lá para fazer uma oferta brutal.

– Bom, parece que terei de tentar usar o meu poder de persuasão noutro sítio, não é assim? – perguntou ela, arqueando as sobrancelhas e esboçando um sorriso amplo.

– Talvez possamos chegar a algum acordo – replicou ele.

– O que queres dizer?

– Um acordo mútuo.

Faye duvidava que ele conhecesse o verdadeiro significado daquelas palavras.

De repente, ouviu-se uma voz pelo intercomunicador.

– Lamento interromper, senhor Valenti, mas o senhor Castillo telefonou, do escritório de Madrid, e diz que é urgente.

– Obrigado, Julietta – respondeu Dante. – Por favor, pergunte se se importaria de esperar alguns minutos. Já quase acabei.

– É claro – a voz da mulher era doce, reverente.

«Como devia ser a minha naquela altura», pensou Faye. Não conseguiu evitar tremer ao ouvir o tom sedutor que ele usara para responder à sua secretária. Um tom que sugeria que não era um canalha, frio e calculista. Os ciúmes apoderaram-se dela e Faye odiou-se por isso.

– Onde estás alojada?

– Como?

– Em Roma, onde te alojas?

– Num hotel que fica perto do aeroporto. Mas não te diz respeito.

– Não, de facto não. Enviarei alguém para ir buscar as tuas malas e o meu motorista levar-te-á para o Il Maia.

Il Maia? De que estava a falar? Ela não queria ver Roma outra vez e muito menos o seu hotel. E visto que ele tinha deixado claro que não tinha intenção de a ajudar, tinha pensado em regressar a casa no próximo voo.

– Mesmo que pudesse alojar-me no Il Maia, não seria necessário. Regressarei a casa esta noite.

– Não, Faye – disse ele, em voz baixa. – A menos que queiras sentar-te para veres como se desmorona o negócio da tua família. Estou disposto a reconsiderar a tua proposta, sob as minhas condições. Estarei no bar do hotel às oito e falaremos disto durante o jantar. Visto que me lembro que não esgotaste o prazo da tua estadia anterior, ignorarei o custo desta estadia – aproximou-se da porta. – Agora tenho de tratar de um assunto importante. Julietta mostrar-te-á a saída.