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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2006 Lucy Monroe

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Apaixonada pelo príncipe, n.º 1215 - janeiro 2018

Título original: The Scorsolini Marriage Bargain

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-998-5

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

– Algumas vezes ser princesa é como estar encarcerada – murmurou ela, enquanto fechava o fecho do seu vestido verde favorito e se preparava para outro jantar formal no Palazzo di Scorsolini.

Não era a perspectiva de mais um jantar com o rei Vincente e os dignitários que tinham ido visitá-lo que a fazia sentir-se incomodada, mas a frustração de passar um dia na sua própria versão do purgatório. Ela amava o rei de Isole dei Re e sentia-se mais unida a ele do que ao seu próprio pai.

Mas havia vezes em que desejava que Claudio e ela tivessem o seu próprio lar, não simplesmente um conjunto de apartamentos no palácio real de Paradiso. Apesar de ser bonita, a suíte não tinha intimidade, visto que se esperava de Claudio e dela que almoçassem quase sempre na sala de jantar formal. O facto de as suas obrigações como princesa regerem a sua vida pessoal era um grande inconveniente, sobretudo naquela noite, em que ela se sentia nervosa devido à necessidade de partilhar as notícias que tinha recebido do seu médico de Miami. Para garantir a absoluta discrição, tinha ido aos Estados Unidos fazer aquele exame médico tão particular. Agora quase se arrependia de o ter feito. Porque, se a imprensa descobrisse o que se passava, pelo menos teria evitado ter de ser ela a dar a notícia a Claudio.

Aquele pensamento era uma covardia. E ela não era covarde.

Mas até ela, com anos de treino como filha de um diplomata, não conseguia ver «o fim» do seu casamento com neutralidade. Ao contrário dos seus pais, ela não via a vida como uma série de estratégias políticas. Para ela, a vida real era terrível.

Claudio acabou de pôr os botões de punho e puxou as mangas com a mesma precisão de sempre. Ela sentiu um peso no coração ao pensar que podia perder aquela familiaridade com ele.

Os lábios de Claudio retorceram-se numa expressão que lhe dava um ar cínico.

– Direi à tua mãe – disse ele.

– Nem penses.

Claudio divertia-se com a tendência da mãe de Therese a escalar socialmente, mas ela era menos tolerante com a sua mãe. Ela, ao fim e ao cabo, era a escada pela qual a sua mãe esperava escalar.

– Não tenho vontade de ouvir o sermão da minha mãe a respeito de como sou sortuda por ser princesa, nem de como sou privilegiada por ter esta vida.

Já para não mencionar a parte em que lhe dizia como era incrível que Claudio a tivesse escolhido a ela entre todas as mulheres do mundo. Ela não desejava ouvi-lo.

– Se calhar a tua mãe consegue compreender melhor do que eu a tua evidente desilusão com o teu destino – o tom de Claudio fazia ver que só estava a brincar.

– Não estou decepcionada com o meu destino.

Sentia-se devastada. Mas aquele não era o momento de contar a Claudio.

Não conseguia parar de sentir que a sua vida fora amaldiçoada, provavelmente desde o começo, mas ela fora demasiado cega para perceber. Acreditara no conto de fadas e, depois, tinha descoberto que o amor não correspondido trazia dor, não prazer. O amor e a felicidade para toda a vida existiam apenas nos contos de fadas ou para aquelas pessoas que eram amadas por si próprias, como acontecia no caso das outras princesas Scorsolini.

– E, então, porque comparas o facto de seres a minha esposa com a vida de um sentenciado na prisão? – Claudio levantou-se.

A sua fragrância embriagadora envolveu-a, recordando-lhe como sentiria a falta da sua presença quando já não a tivesse.

Ele era o sonho de qualquer mulher, o tipo de príncipe de um conto de fadas. Tinha o cabelo preto, os olhos castanhos, a pele do tom dos seus antepassados sicilianos e a altura de um atleta profissional. O seu corpo era musculado, sem um grama de gordura, e o seu rosto poderia ter sido o de uma estrela de cinema, talvez de outra época. Porque não era um menino bonito, mas tinha traços pronunciados, angulosos, e uma covinha no queixo que denotava a força de carácter em que podia confiar-se totalmente.

Ela teve de engolir em seco duas vezes antes de responder:

– Eu não disse que ser tua esposa era assim.

– Tu disseste que a vida de uma princesa era assim e não o serias se não estivesses casada comigo.

– É verdade – ela suspirou. – Mas não quis ofender-te.

Ele agarrou-lhe o queixo e ela tremeu. Não costumava tocar nela se não fosse na cama. E quando o fazia, ela não sabia como reagir.

– Não estou ofendido, mas preocupado – disse ele, sinceramente.

Ela sentiu-se culpada.

Claudio não fizera nada de mal. Excepto escolher a mulher errada para ser princesa.

– Foi um dia um pouco difícil. É só isso.

Ele agarrou-lhe na cara com ambas as mãos e obrigou-a a olhar para ele.

– Porquê? – perguntou.

Ela lambeu os lábios, desejando não descer para jantar com o pai de Claudio. E o que mais desejava era que a dor que sofria fosse a típica que antecedia à menstruação, não a provocada por outra coisa.

– Passei toda a manhã com representantes de Isole dei Re de uma organização feminina, a falar da necessidade de creches e de escolas de crianças nas ilhas.

Claudio franziu o sobrolho como se não conseguisse compreender porque é que aquilo a incomodava. Ela tinha tido muitas reuniões como aquela e todas tinham corrido bem.

– Pensei que a esposa de Tomasso ia ocupar-se disso – replicou ele.

– O voo de helicóptero entre as ilhas aumentou as náuseas de Maggie, mas ela não queria adiar a reunião, portanto convenci-a a deixar-me fazê-la por ela. Agora que penso nisso, teria sido melhor pedir às delegadas para irem a Diamante encontrar-se com ela.

Claudio baixou as mãos e ela sentiu um frio interior.

– Porquê? Maggie e tu têm pontos de vista iguais nesse assunto. Certamente, informaste-te suficientemente para poderes falar.

– Não, segundo as comissárias. Elas sentiram que uma mulher sem filhos, e pior ainda, uma mulher que nunca teve de trabalhar para se sustentar, não conseguiria compreender os desafios que as mães trabalhadoras enfrentam. As delegadas acham que Maggie é ideal para este trabalho e que eu deveria manter-me à margem.

– Disseram-te isso?

Ele não parecia ofendido com a atitude das mulheres, mas meramente curioso. Não imaginava como a rejeição daquelas mulheres a magoara.

Sentia-se cansada depois daquela chamada telefónica do seu médico de Miami.

– Sim.

– Fico contente por teres aprendido diplomacia política, então – respondeu ele.

– Queres dizer que te alegras por não as ter mandando para o inferno?

Claudio estalou a língua, como se não conseguisse imaginá-la a fazer semelhante coisa.

– Como se fosses capaz de o fazer… – disse.

– Talvez o tenha feito.

– Conheço-te. Não há nenhuma possibilidade.

– Talvez não me conheças tão bem como pensas.

Na verdade, ela sabia que não a conhecia bem. Nunca tinha suspeitado que ela se casara por amor e não por conveniência, como tinham combinado as mães de ambos.

– Fizeste-o?

– Não, mas tive vontade de o fazer.

– O que queremos e o que podemos fazer raramente é o mesmo. E o teu controlo é uma prova de que és adequada para a tua posição.

Ela afastou-se dele e começou a pôr as jóias.

– E perguntas-te porque comparo a vida de uma princesa a estar na prisão?

– És desgraçada, Therese?

– Não mais do que a maioria das pessoas – admitiu.

Desde pequena, tinham-lhe ensinado a esconder as suas emoções. Mas estava tão cansada de fingir!

– Não és feliz? – perguntou Claudio, num tom de surpresa.

– Duas das mulheres foram muito pouco subtis ao expressarem a sua opinião de que já era hora de eu dar um herdeiro à Coroa – disse Therese, em vez de responder.

– E isso entristeceu-te?

– Um pouco.

– Não devia. Em breve, terás boas notícias nesse sentido.

Ela sentiu-se como se tivessem posto sal na ferida.

– E se não conseguir? – perguntou ela, medindo um terreno em que ainda não estava preparada para entrar.

Claudio pôs as suas mãos em cima dos seus ombros e obrigou-a a olhar para ele.

– Sentes-te triste porque ainda não conseguiste conceber? Não devias. Só estamos a tentar há alguns meses. O médico disse que as mulheres que estiveram a tomar a pílula durante um tempo prolongado podem demorar mais tempo a ficar grávidas, mas acontecerá em breve. Afinal de contas, sabemos que está tudo em ordem.

Aquelas palavras afectaram-na mais ainda.

Antes de se casar com Claudio, há três anos, ele quisera que se fizessem vários testes, incluindo o grupo sanguíneo e a compatibilidade do esperma dele com a mucosidade do útero dela. Claudio também tinha pedido que se fizessem testes sobre os seus ciclos férteis, simplesmente para ter a certeza.

Como ela soubera que o motivo fundamental pelo qual ele ia casar-se com ela era para ter um herdeiro ao trono de Scorsolini, aceitara-o sem discussão. Fora tudo normal. Eram compatíveis para conceber e ela era tão fértil como qualquer mulher da sua idade.

A maior surpresa para ela fora saber que ele queria esperar algum tempo para ter filhos. Ela não tinha compreendido. Ainda naquele momento, não sabia porque quisera que esperassem. Mas sabia que qualquer possibilidade de ter filhos tinha acabado.

Ela afastou-se. Ele pareceu incomodado. Gostaria de a agarrar e de lhe perguntar porque é que, depois de três anos, já não queria que lhe tocasse. Mas aquela teria sido uma reacção primitiva e o herdeiro à coroa de Isole dei Re não podia ser primitivo.

Além disso, a rejeição física de Therese não era uma novidade. Passara meses a rejeitá-lo. Mas cada vez que a via a afastar-se do seu contacto, ele sentia-se em estado de choque. Depois de dois anos de respostas apaixonadas por parte dela quando ele lhe tocava, era compreensível que ele se sentisse incapaz de compreender a sua mudança repentina.

Até há poucos meses, ele teria jurado que Therese o amava. Ela nunca lho tinha dito, mas durante os primeiros dois anos tinha-o demonstrado de forma subtil, deixando claro que sentia mais do que a satisfação mercenária de uma mulher por um casamento bem acomodado. O seu amor não fora uma das exigências de Claudio, portanto ele não dera ênfase a esse sentimento… até ter desaparecido.

Não se tratava de ele precisar do seu amor, mas não conseguia evitar perguntar-se para onde fora e porque é que ela já não o desejava com aquela paixão arrebatadora.

A sua rejeição física começara um mês depois de Therese deixar de tomar a pílula para conseguir ficar grávida. Ao princípio, ele tinha-o atribuído a uma questão hormonal, mas, depois, a coisa tinha piorado.

Algumas vezes, ela fazia amor como antes e ele ficava tranquilo. Mas depois voltava a aparecer a sua rejeição.

Ultimamente, aquilo repetia-se cada vez mais.

Ele não estava habituado a ser rejeitado pelas mulheres e o facto de a sua esposa o fazer parecia-lhe totalmente inaceitável.

– Não queres ter um filho meu? Tens medo do que vai acontecer?

– Sim, quero ter um filho teu. Mais do que qualquer outra coisa no mundo. Não sei como podes pensar que não o desejo.

– Então, não sei porque te alteras tanto com esta situação.

O olhar que lhe dedicou não era muito animador, mas ele continuou.

– Em breve poderás silenciar essas pessoas com a realidade da tua gravidez. E quanto ao que se passou hoje, simplesmente, faz com que as delegadas se encontrem com Maggie.

Ela prendeu o cabelo com um gancho.

– E já está tudo resolvido, não é?

– Devia ser assim. Não entendo porque reages assim. Lidaste com pessoas bastante mais difíceis do que essas mulheres.

Ela encolheu os ombros e dirigiu-se para a porta.

Therese era tão bonita, quase etérea apesar das suas curvas. E, em momentos como aquele, ele sentia-se como se ela fosse um espírito intocável. Mas ela era sua esposa, ele tinha o direito de tocar nela.

E fê-lo, agarrando-lhe o braço.

Ela parou e olhou para ele.

– O que foi?

– Eu não gosto de te ver assim.

– Eu sei. Tu esperas que não haja nenhum problema na tua vida, que todas as pessoas satisfaçam o papel que tu lhes outorgaste sem o questionarem. Tens uma agenda e tem de ser cumprida. Não pode haver surpresas.

– Custa-me muito consegui-lo.

– Mesmo ao ponto de te casares com uma mulher com todos os requisitos adequados… Fizeste uma investigação sobre mim e, depois, tu próprio verificaste se eu podia ser uma princesa e futura rainha. Tenho a certeza de que nunca imaginaste que eu poderia ser uma fonte de frustração para ti.

Ela tinha razão, mas ele não compreendia a amargura na voz de Therese.

– Tu foste tudo o que eu podia desejar numa esposa. Naturalmente, na minha posição, tive de me certificar de algumas coisas, mas tu foste e és perfeita para mim, cara.

Ela encolheu-se ao ouvir aquele tratamento carinhoso, do mesmo modo que se encolhia quando ele lhe tocava, como se qualquer alusão à intimidade entre eles a magoasse. Mas eles tinham uma relação íntima. Eram marido e mulher. Não havia relação mais íntima do que aquela.

Então, porque é que ele sentia que viviam em mundos totalmente separados?

Ele puxou-a e ignorou a rigidez do corpo de Therese.

– Não temos de descer para o jantar, sabes, não sabes?

Ela olhou para ele, surpreendida.

– O teu pai está a receber dignitários da Venezuela.

– São os seus companheiros de pesca.

– São diplomatas oficiais.

– Não se importará se o informar-nos que não iremos. Temos formas mais interessantes de passar a noite em vez de ouvirmos histórias de pesca.

– Passaremos a noite a falar?

– Não é isso que tenho em mente.

Ela afastou-se e disse:

– Isso seria uma falta de educação da nossa parte.

Therese teria um amante com quem partilhava a sua natureza afectiva?, perguntou-se ele ao vê-la tão fria.

Ele sentiu raiva ao pensar nisso. Era a única coisa que lhe ocorria para explicar a sua atitude distante. E ainda por cima parecia ausente.