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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2000 Helen Conrad

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Tempo de viver, n.º 1505 - Março 2016

Título original: Promoted to Wife!

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2005

 

Reservados todosos direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Dreamstime.com

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7703-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Kyra Symington observou a colher a mergulhar lentamente no gelado de frutas e nozes, a atravessar o chantili e o chocolate, a fazer o percurso inverso e a chegar à boca. Aquele era um dos maiores prazeres do homem. Acabara-se a dieta. Perdera seis quilos e ganhara a aposta que fizera com as colegas de trabalho, portanto, tinha de comemorar.

– Vais recuperar os quilos que perdeste – avisou-a Chareen Wolf, pondo várias madeixas do cabelo loiro e liso atrás das orelhas, enquanto olhava para ela com inveja.

Kyra estava sentada, com três colegas, numa mesa do bar dos funcionários. Olhavam fixamente para Kyra, enquanto esta comia aquele gelado com um prazer enorme. As quatro tinham feito dieta. Chareen perdera quatro quilos, a ruiva Gayle Smith ganhara um quilo e a outra estava na mesma. Portanto, não havia dúvidas. Kyra era a vencedora e merecia aquele gelado. No entanto, Chareen não conseguiu evitar fazer outro comentário.

– Esse gelado deve ter milhares de calorias.

– Eu sei – replicou Kyra, olhando para a colher com gelado.

O chantili era tão branco como a neve, o gelado era de uma cor dourada e o chocolate líquido tinha um aspeto irresistível. Comer um gelado era, de facto, um prazer, pensou Kyra, ao levar a colher à boca. Voltou a olhar para as outras três mulheres, que não paravam de a observar, e não conseguiu evitar sentir-se ainda mais satisfeita.

– Hum! – exclamou, saboreando o gelado. Era evidente que as amigas estavam com uma certa inveja. Fechou os olhos e deixou cair a cabeça para trás. – Oh… – suspirou, exagerando um pouco. – Ah! – nesse momento, as suas colegas começaram a rir-se e ela abriu os olhos. Ia desatar a rir-se à gargalhada, quando os seus olhos se encontraram com os do novo diretor do departamento de Projetos Especiais, que estava a observá-la da porta. Pela expressão do rosto dele, devia ter ouvido os gemidos e ter visto a sua expressão de prazer. E, pelo sorriso, parecia que estava a gostar.

– Oh! – exclamou ela, olhando para outro lado.

As outras repararam, espantadas, na troca de olhares e começaram a rir-se à gargalhada, quando o senhor Redman se virou e entrou, juntamente com dois colegas, no bar reservado aos diretores.

– Oh, meu Deus! Oh, meu Deus! – Chareen abafou um grito com as mãos. – Viram a cara dele? Viram como olhou para ela?

As outras estavam igualmente escandalizadas.

Somente Kyra se manteve em silêncio, muito corada. «Quem me dera morrer neste momento», pensou. «Quem me dera não ter nascido. Quem me dera que o King Kong aparecesse na janela e me raptasse. Quem me dera…»

– Espera alguns dias e vais ver. Tenho a certeza de que vai aumentar o teu ordenado.

– Ou promover-te.

– Ou convidar-te para seres secretária pessoal dele.

– Querida, será que podes ajudar-me a tirar umas fotocópias? – Gayle imitou a voz de um homem.

– Se fosse eu, ajudava-o a fazer tudo o que me pedisse – comentou Chareen, ajeitando o cabelo e fazendo um ar dramático. – Até lhe dava alguns conselhos.

Kyra ouvia, ao longe, o som das vozes das amigas, no entanto, não conseguia perceber o que diziam. Sentia-se, simultaneamente, envergonhada e intrigada. Reparara no senhor Redman, desde que ele, há algumas semanas, viera de Dallas, e tivera fantasias eróticas com aquele homem alto e bonito. Era um homem que chamava a atenção. No entanto, o que acabava de acontecer fizera com que ficasse espantada. Quando os seus olhos se encontraram, ela viu mais qualquer coisa, para além do seu sorriso, embora não soubesse exatamente o quê…

Kyra sentiu um arrepio e suspirou. Provavelmente, ele não se apercebera de nada. Porque haveria de se ter apercebido? Todas as mulheres do oitavo andar tinham reparado nele e um homem como ele podia ter as mulheres que quisesse. Ele devia ter achado graça à sua representação, só isso. Rira-se dela, o que, para Kyra, não era nada divertido. Abanou a cabeça e voltou à conversa com as amigas.

– Cheryl Pervis contou-me que ele a seduziu, quando ela foi ajudá-lo a analisar o relatório de Roberts – estava a dizer Gayle.

– Oh, Cheryl acha que o porteiro, quando lhe pede para afastar as pernas para que possa tirar o caixote do lixo que está debaixo da mesa, está a seduzi-la – replicou Chareen.

– Talvez tenhas razão – assentiu Gayle, com um ar pensativo. – Mas aquele homem parece perigoso. Reparaste no ar dele? Naquele sorriso matreiro?

Kyra alheou-se, novamente, da conversa. Ficou a olhar para o gelado, que começava a derreter. «Que coincidência. À minha vida está a acontecer mais ou menos o mesmo», pensou. Achava engraçada a possibilidade de aquele homem se sentir atraído por ela. Isso faria com que as horas de trabalho fossem mais divertidas. Além disso, a sua vida estava repleta de acontecimentos estranhos. Normalmente, os homens preferiam mulheres atrevidas, como Chareen, ou elegantes, como Gayle. No caso dela, os homens deviam pensar que era demasiado séria. Talvez tivessem razão.

Contudo, nem sempre fora assim. No liceu, tivera muitos admiradores. Não fora uma das raparigas mais populares, mas tivera o seu grupo de amigos e divertira-se muito com eles… Iam a discotecas, faziam piqueniques e, às vezes, até faziam um cruzeiro a Santa Catalina. Chegara até a pensar que estava apaixonada.

Gary mostrara-se muito afetuoso e ela sentira-se muito feliz. Não se apercebera de que tudo o que fazia girava em torno dele. No entanto, como acabaram por andar na mesma universidade, divertiram-se muito juntos. Kyra tinha de admitir que o facto de estarem juntos fizera com que as coisas fossem muito mais fáceis.

Contudo, tudo aquilo parecia ter acontecido há muito, muito tempo. Na universidade, durante o segundo semestre, os pais tinham tido um acidente com a avioneta do pai e nada voltara a ser igual. De repente, todo o seu mundo se desmoronara. Não só por ter perdido os pais, mas também por ter de enfrentar a situação económica em que a tinham deixado. O valor das dívidas era superior ao valor do seguro de vida que o pai deixara.

E, para piorar, Gary abandonara-a. Ele só queria divertir-se, por isso, assim que as coisas começaram a correr mal, decidiu desaparecer. Dessa forma, ela aprendera que era uma estupidez confiar num namorado quando as coisas começavam a ficar sérias.

Felizmente, tinha os avós. Os pais da mãe não tinham muito dinheiro, mas eram muito carinhosos e ela acabara por ir viver com eles. Então, começara a trabalhar para pagar as suas despesas e para pagar as dívidas do pai. Fora assim que entrara para a TriTerraCorp, uma empresa de construção que tinha projetos em todo o país. O ordenado não era muito elevado, mas o edifício onde a empresa funcionava era uma obra de arte. Era todo em vidro e ferro, com corredores alcatifados e escritórios individuais, em vez das divisórias habituais de outras empresas. Era um lugar muito agradável para se trabalhar. Contudo, o facto de trabalhar ali e de ter um segundo emprego fazia com que tivesse muito pouco tempo para sair com homens.

– Bom, se o senhor Redman te chamar ao seu escritório, tens de nos contar – dizia Chareen, brincando com o cabelo. Há muito tempo que nenhum homem repara em mim, por isso, basta-me que me contes.

– Tu não precisas que os homens reparem em ti – replicou Gayle, a suspirar. – Já tens dois meninos ruivos em casa.

Kyra ficou a olhar para Gayle. Aquela mulher, alta e bonita, teria dado qualquer coisa para ter um filho. Há muito tempo que Gayle tentava engravidar, mas o marido era muito mais velho do que ela e tinha uma saúde frágil. Assim, até àquele momento, nem uma série de clínicas de fertilidade tinham conseguido ajudá-los.

Pelo contrário, Chareen, que tinha dois filhos gémeos, não tinha um marido para a ajudar, como tal, tinha de criar, sozinha, aqueles dois meninos travessos. Durante alguns segundos, Kyra sentiu vergonha por ter estado a lamentar-se, ainda que não o tivesse feito em voz alta. Havia pessoas com problemas muito mais graves do que os dela. Portanto, não tinha o direito de sentir pena de si própria.

A hora do almoço acabou e Kyra deixou ficar o gelado quase todo, apesar das brincadeiras das colegas.

Ao sair do bar, viu imediatamente o senhor Redman. Ia com um grupo de homens e nem sequer reparou nela. O seu coração, no entanto, começou a bater com muita força ao ver as costas largas dele. Também deixou escapar uma gargalhada nervosa. Que estupidez era aquela! «Nem uma adolescente tem uma reação destas», repreendeu-se, prometendo-se que aquilo não voltaria a acontecer. Pelo menos, não onde qualquer pessoa podia vê-la a comportar-se como uma parvinha.

Voltou para a secretária e começou a organizar a correspondência que recebera. Tinha uma pilha de cartas para responder e, naquele dia à tarde, tinha de sair a horas. Entrava no seu segundo emprego às seis da tarde, portanto, tinha o tempo contado para ir a casa e ver se a avó estava bem, antes de ir para o restaurante. Oito horas na TriTerraCorp e outras quatro no Rusty Scupper faziam com que o seu dia fosse terrivelmente longo.

Assim, ficava sem tempo nenhum para sonhar com o novo diretor de Projetos Especiais, o homem mais atraente da TriTerraCorp.

Suspirou e, sem conseguir resistir, voltou a pensar nele durante mais alguns segundos. Pensar nele era muito mais seguro do que aceitar sair com algum homem. Podia pensar nele sem se arrepender depois.

Além disso, era um ótimo assunto para sonhar acordada. O senhor Redman… Qual seria o seu primeiro nome? A maioria dos diretores tinha barriga e era careca, já para não falar dos que já eram casados, no entanto, o senhor Redman era novo, bonito e tinha um sorriso irresistível.

Na empresa, dizia-se que quase todas as mulheres suspiravam por ele. Diziam que era um conquistador. Todavia, ninguém conseguia dizer o nome de nenhuma mulher com a qual tivesse ido para a cama. Na verdade, nunca ninguém o vira na cidade, o que fazia com que o seu interesse por ele aumentasse.

Já no Rusty Scupper, Kyra não conseguiu deixar de pensar nele. Era relações públicas daquele restaurante há, sensivelmente, um ano e nunca o vira por lá. No entanto, muitos diretores da TriTerraCorp eram clientes habituais, portanto, sempre que entrava um casal, esperava que fosse ele. Queria vê-lo, no entanto, tinha a certeza de que, se isso acontecesse, o senhor Redman apareceria de braço dado com uma mulher. Então, porque sentia essa necessidade? Bom, o melhor seria esquecer aqueles olhos cor de turquesa e concentrar-se no trabalho.

No dia seguinte, quando chegou à TriTerraCorp, ao sair do elevador, espreitou para escritório dele, mas, imediatamente, virou a cara para outro lado, insultando-se pela estupidez do seu comportamento. Tinha de acabar com aquilo. Estava a ficar obcecada, embora não tivesse motivos para isso.

Passou o resto da manhã a trabalhar ao computador. Como tinha muito que fazer, não fazia intenções de ir almoçar. Enganou-se nos dados que estava a inserir numa folha de cálculo, pelo que teve de começar desde o início. Assim, não se mostrou muito recetiva ao convite de Chareen:

– Vem almoçar connosco.

Kyra fez uma careta.

– Não sei. Talvez coma um chocolate e…

– Não, não, depois de teres feito a dieta que fizeste, não podes voltar a fazer esse tipo de alimentação. Vá, tenho a certeza de que tens tempo para comer mais qualquer coisa do que um chocolate. Além disso, precisas de descansar.

– Sabes uma coisa? Pela primeira vez na tua vida, disseste uma coisa acertada. Tens toda a razão – pegou na mala e levantou-se. – Vamos.

Já no refeitório, puseram-se no fim da fila, serviram-se e foram ter com as outras amigas, que estavam na mesa do costume. O refeitório estava muito bem decorado, com várias mesas à volta de uma lareira. Durante o inverno, a lareira estava acesa e, durante o verão, enchiam-na de fetos e de outras plantas.

Comeram depressa, enquanto conversavam sobre assuntos banais. Kyra concluiu que, de facto, era agradável estar com as amigas, pois, com elas, podia descontrair. Ao ver o sorriso de Gayle e como brilhavam os olhos de Chareen, percebeu que gostavam muito dela. Eram as suas amigas. E ela também gostava delas. Então, para que precisava de um homem?

Contudo, de repente, ele voltou a aparecer. Assim que o viram, todas se calaram. Surpreendentemente, ele começou a ir em direção a elas. Como sempre, estava muito bonito, com o fato caro e os olhos de uma cor entre o azul e o verde. Havia qualquer coisa de especial naquele homem, até na forma de atravessar um refeitório. Kyra imaginou que talvez conseguisse cheirar a colónia e sentir o calor do corpo dele.

Todas as mulheres ali presentes ficaram a olhar para ele.

– Bom dia a todas – cumprimentou, olhando à volta, antes de voltar a olhar para Kyra e para as amigas. – Lembrei-me de entrar e dar uma vista de olhos a este refeitório. Nunca tinha entrado aqui.

Chareen foi a primeira a conseguir dizer alguma coisa.

– Bom, agora, já viu. Imaginava-o assim?

– Sim, mais ou menos – respondeu ele, a sorrir. – O meu nome é James Redman. Vocês são…?

James fez aquela pergunta a olhar para Chareen, portanto, ela foi a primeira a apresentar-se. Depois, as outras fizeram o mesmo.

– Tracy Martin.

– Gayle Smith.

– Ann Marie Hope.

– Kyra Symington – Kyra foi a última a apresentar-se e ele ficou a olhar para ela, enquanto repetia o seu nome, mentalmente.

Fez-se um silêncio incómodo. Depois, ela estendeu-lhe uma mão, que ele apertou durante mais tempo do que o normal, enquanto repetia o seu nome, como se estivesse a memorizá-lo.

Kyra sentiu o coração a bater mais depressa. O que é que aquele homem queria? Kyra retirou a mão com força, porém, ele não parou de sorrir.

– O que está a comer? – perguntou ele, olhando para o prato de Kyra. – Uma salada César?

– Sim.

– E como é que está?

– Bom… está muito boa – o sorriso dele estava a fazer com que as suas pernas tremessem. – Quer provar? – perguntou ela, sem pensar no que dizia.

Durante alguns segundos, ficaram a olhar um para o outro. À sua volta, começou a ouvir risinhos contidos e ela desejou poder matar as amigas. Ou, pelo menos, mandá-las para muito longe dali. Aquela situação era completamente surreal.

– Agora não, obrigado – agradeceu, finalmente.

Os olhos brilhantes dele pareciam acariciá-la de uma forma tão sensual que o seu coração quase parou.

Depois, ele virou-se e foi para o refeitório dos diretores.

– Isto não aconteceu, pois não? – Chareen quase não conseguia conter-se. – Terá sido um sonho? Viste como olhou para ti? – perguntou a Kyra.

– Eu não vi nada – replicou ela.

– Então, deves estar cega!

– Oh, Kyra… – Ann Marie suspirou, ajeitando-lhe uma madeixa de cabelo. – É óbvio que quer qualquer coisa contigo.

Kyra abanou a cabeça.

– Não, tenho a certeza que…

– Aposto que, hoje à tarde, vai ter contigo ao teu escritório.

– Se te pedir para ires ao escritório dele, não te esqueças de levar um spray de defesa – acrescentou Chareen.

– Nem penses! – exclamou Gayle. – Na minha opinião, deves levar um robe.

Chareen desatou a rir-se.

– Muito bem, aceitam-se apostas. Eu aposto que vai tentar beijá-la.

Gayle deu uma gargalhada.

– Eu aposto que a deita em cima da secretária e faz amor com ela ali mesmo.

– Oh! – exclamou Ann Marie. – Assim, ficará com marcas de caneta nas costas. Eu acho melhor fazerem amor na carpete. Ouvi dizer que, no escritório, tem uma muito fofinha.

Tracy que, até ali, se limitara a ouvi-las, disse:

– Eu acho que vai convidá-la para sair.

Então, todas se viraram para ela. Tracy era a mais nova e a menos irónica. Assim, surpreendeu-as a todas com aquelas palavras.

– Nem pensar! – exclamou Chareen. – Os diretores nunca fazem esse tipo de convites às funcionárias.

Tracy ergueu o queixo.

– Então, nem sequer faz sentido Kyra pensar em envolver-se com ele.

Ao ouvirem aquilo, as outras suspiraram, mas Kyra não. Concordava com Tracy. Ou as coisas eram feitas como devia ser ou nem sequer valia a pena fazê-las.

– Penso que deviam ter mais respeito por mim – queixou-se Kyra, levantando-se e pegando no tabuleiro. Depois, virou-se para elas e fez-lhes uma pequena reverência, antes de sair do refeitório, com um sorriso.

Contudo, aquele sorriso desapareceu assim que viu o computador. Ainda não acabara o que estava a fazer e tinha outras tarefas à sua espera. Portanto, não tinha tempo para pensar naquele homem, nem no seu sorriso sensual. Além disso, tinha de tentar marcar uma consulta para a avó e a enfermeira O’Brien, que ficava com ela todos os dias à tarde, pedira-lhe para lhe trazer creme para as mãos.

Uma hora depois, Chareen parou à frente da secretária de Kyra, que estava a acabar de inserir os dados na folha de cálculo.

– Então? Ainda não tiveste notícias do senhor Maravilhoso? – perguntou a amiga, num sussurro.

– Tenho de trabalhar, portanto, deixa-me sossegada.

Chareen arqueou as sobrancelhas e foi-se embora. Enquanto se afastava, Kyra pensou no seu encontro com o senhor Redman. Talvez ele não estivesse interessado nela, no entanto, segurara na sua mão durante algum tempo, repetira o seu nome duas vezes e sorrira de uma forma especial. Quereria dizer alguma coisa?

Mas, o que é que isso interessava? Ficara doida? Ela não tinha intenção de atender a nenhum pedido daquele playboy. Chareen tinha razão. Os diretores nunca saíam com funcionárias da empresa. Assim, embora pudessem mostrar algum interesse, só queriam uma coisa. Além disso, o que dissera às amigas na mesa era verdade. Uma mulher tinha de impor respeito. Ela nunca fora um brinquedo nas mãos de ninguém nem pretendia vir a ser. Era uma mulher séria e tinha de trabalhar muito para sobreviver, por isso, não podia perder tempo com fantasias idiotas, sobretudo, com um chefe.

Mas, mesmo assim, ele mantivera a mão na dela durante algum tempo… mais do que o normal…

Perdida naqueles pensamentos, não se apercebeu que a chefe se aproximava.

– Não sabia que querias ir para o departamento de Projetos Especiais – comentou a mulher, olhando para ela com frieza.

– O quê? – Kyra olhou para Alice Beals, pestanejando. – Eu não pedi a transferência para lado nenhum.