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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2010 Barbara Hannay

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

A única esperança, n.º 1282 - Agosto 2016

Título original: A Miracle for His Secret Son

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2011

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-8545-5

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

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Prólogo

 

Freya sabia que não seria fácil falar com Gus sobre o bebé.

Gus era ambicioso e, de todas as vezes que tinham falado sobre o futuro, dissera-lhe que não queria ter filhos, pelo menos, antes dos trinta anos. De qualquer forma, ela tentou tranquilizar-se, enquanto viajava de comboio de Sugar Bay para Brisbane, dizendo a si mesma que, quando Gus soubesse, mudaria de ideias. Como poderia não querer um filho seu?

Sentada no comboio, imaginou o aspecto de Gus. Já devia estar a perder o bronzeado de Verão, o que era de esperar, pois, naquela altura, vivia na cidade e andava na universidade. Parecia ter de estudar tanto que nem sequer ao fim-de-semana podia ir vê-la à costa. O seu cabelo, pelo menos, seria sempre escuro e suave. E, sobretudo, os seus olhos castanhos iluminar-se-iam de forma especial ao vê-la.

Provavelmente, chamar-lhe-ia Floss, a alcunha que lhe dera poucos dias após ter chegado a Sugar Bay. Dirigir-lhe-ia um dos seus sorrisos maravilhosos e abraçá-la-ia com tanta força que ela sentiria o seu coração a bater.

Quando Gus se habituasse à ideia, pensariam em alguma coisa e o futuro deixaria de ser um buraco negro. Teria Gus e o seu filho. Correria tudo bem.

Capítulo 1

 

Uma sexta-feira à tarde, Gus Wilder pegou no telefone sem lhe prestar muita atenção.

– É uma chamada de longa distância, chefe – disse-lhe Charlie, do escritório à frente do dele. – Uma tal de Freya Jones, de Sugar Bay, em Queensland.

De repente, Gus viajou mentalmente do seu escritório portátil até um lugar perdido no norte, uma vila da costa de Queensland. Tinha novamente dezoito anos e olhava para os olhos verdes de uma linda rapariga que se ria. Há doze anos que deixara Sugar Bay e que vira Freya pela última vez, mas claro que se lembrava dela. Perfeitamente.

Não recordariam todos os homens a magia doce e frágil do primeiro amor? Tinha passado muito tempo. Tinha acabado os seus estudos e trabalhado no estrangeiro, e tivera amores alegres e difíceis. Freya também teria mudado muito. Estaria casada com algum tipo sortudo.

Não imaginava o que poderia Freya querer depois de tanto tempo.

– Chefe, vai atender?

– Sim, claro – Gus engoliu em seco para aliviar a secura inesperada que sentia na garganta. Ouviu a voz dela.

– Gus?

– Olá, Freya.

– Imagino que estejas surpreendido com a minha chamada.

Parecia nervosa, totalmente diferente da rapariga risonha e segura de si mesma que recordava.

– O que queres, Freya?

– Receio que seja difícil explicá-lo pelo telefone, mas é importante, Gus. Será que podemos ver-nos?

Gus ficou atónito e demorou muito tempo a responder.

– Claro, mas tenho muito trabalho. Quando queres que nos encontremos?

– O quanto antes.

Gus olhou pela janela do seu escritório provisório para a paisagem selvagem que se estendia por quilómetros até às falésias vermelhas do horizonte.

– Sabes que estou em Arnhem Land, não sabes?

– Sim, disseram-me que estás a dirigir um projecto de casas para uma comunidade de aborígenes.

– É verdade. Neste momento, é-me quase impossível sair daqui. Do que se trata?

– Podia ir aí ver-te.

Gus ficou petrificado. Porque quereria Freya vê-lo depois de tanto tempo?

Imaginou-a como a recordava, com o cabelo comprido e o corpo bronzeado, geralmente de biquíni e com um páreo atado à cintura. Provocaria agitação se fosse a uma obra onde só havia homens.

– Seria difícil vires até cá. Isto fica no meio do nada.

– Os aviões não vão até aí?

– Não há voos comerciais regulares – Gus coçou o queixo. – Disseste-me que tens algo muito importante para me dizer.

– Sim – respondeu ela e acrescentou, com uma vozinha assustada: – É uma questão de vida ou morte.

Combinaram ver-se em Darwin, a capital da zona, que, em muitos sentidos, era o lugar ideal para se encontrarem, sobretudo ao entardecer de sábado, no fim de um Inverno ameno.

Freya chegara muito cedo e viu que Gus não estava na esplanada do hotel, por isso, sentou-se a uma mesa e começou a torcer ansiosamente a alça da mala. Aquele nervosismo não era normal nela e detestava-o. Orgulhava-se de ser uma pessoa tranquila que fazia ioga e meditação.

Mas a sua serenidade desaparecera quando mais precisara dela: no dia em que o médico lhe comunicara o diagnóstico. Desde então, fora possuída por um medo horrível e tentava não se ir abaixo.

Fechou os olhos e imaginou o seu filho em casa, com Poppy, a sua mãe. Se Nick não tivesse ido passear o cão, Ouriço, devia estar deitado no tapete da sala a brincar. Poppy devia estar a fazer o jantar.

Tinha saudades do seu filho. Era a primeira vez que estavam longe um do outro e sentia vontade de chorar.

«Vais conseguir fazê-lo e tens de o fazer. Por Nick», disse a si mesma. Faria qualquer coisa por ele, inclusive contar a verdade a Gus Wilder, depois de tanto tempo.

Tinha sido fácil encontrá-lo. O pior estava para vir.

De repente, viu um homem a chegar à esplanada. Era Gus. Alto, bronzeado, talvez um pouco mais magro do que recordava, mas bonito e atlético. O tempo tratara-o muito bem.

Enquanto avançava na sua direcção, contornando as mesas, vieram-lhe à memória cenas do passado: o dia em que Gus chegara a Sugar Bay, com dezasseis anos, para estudar; os dois a dançarem; os passeios de mãos dadas ao luar; o primeiro beijo...

De repente, Gus inclinou-se para ela e deu-lhe um beijo na cara.

– É bom ver-te, Freya.

– Igualmente – e os seus olhos encheram-se de lágrimas. Pestanejou com força. Não era altura para nostalgias. Tinha de estar tranquila e concentrada. – Obrigada por teres vindo.

– Como estás? – perguntou-lhe, enquanto se sentava e lhe sorria com cautela. – Estás com óptimo aspecto.

– Estou bem, obrigada – respondeu ela, contente com o elogio. – E tu? E o teu trabalho?

– Muito bem. Suponho que ainda vivas em Sugar Bay.

– Sim – Freya humedeceu os lábios e preparou-se para dizer o que tinha de ser dito.

– Como está a tua mãe? – perguntou ele.

– Óptima, obrigada. Ainda vive na mesma casa à frente da praia. Continua hippie como sempre.

Ele olhou-a de cima a baixo e ela, apesar dos nervos, fez o mesmo. Sentiu uma dor no peito. Tinha muitas saudades de Gus. Não o via há doze anos. Sabia que tinha trabalhado em África, mas queria saber muito mais.

– Sei que tens algo muito importante para me contar – afirmou ele, – mas queres beber alguma coisa antes disso? – sem esperar pela resposta, levantou a mão para chamar o empregado.

Depois de pedir as bebidas, instalou-se um silêncio incómodo e Freya soube que tinha de ser ela a quebrá-lo. Se não passasse rapidamente ao que importava, seria ainda mais difícil fazê-lo.

– Muito obrigada por teres vindo, Gus.

– Disseste que era uma questão de vida ou morte, mas espero que tenhas exagerado.

– Infelizmente, não.

– O que se passa, Freya? – perguntou ele, enquanto lhe pegava na mão.

Agarrou-a com tanta suavidade e parecia tão preocupado que Freya fechou os olhos. Não fora capaz de abordar aquele assunto doze anos antes e, naquele momento, seria muito mais complicado.

– Antes de to contar, tenho de te perguntar se és casado.

Naquele preciso momento, e não poderia ter sido em pior altura, o empregado voltou com as bebidas. Freya ia pegar na mala, mas Gus não deixou.

– Eu pago.

– Mas é o mínimo que posso fazer depois de te ter arrastado até aqui.

No entanto, ele já estava a dar o dinheiro ao empregado e Freya não se sentia com forças para discutir.

– Desculpa-me pela curiosidade, mas o que interessa se sou casado ou não para o teu problema? – perguntou ele.

Ela corou.

– Poderia... tornar tudo mais complicado. Se fosses casado, a tua mulher poderia não querer que me ajudasses.

Freya achou que não escolhera a melhor táctica e Gus parecia perplexo, como seria de esperar. Desejou que houvesse uma forma de lhe transmitir a informação sem se perder em explicações e sem ter de procurar as palavras certas.

Gus lançou um olhar rápido à mão esquerda de Freya.

– E tu? És casada?

– Continuo solteira.

– Estou surpreendido. Pensei que já te tivessem caçado.

«Não lhes dei a oportunidade», pensou ela.

– Casei-me há três anos – afirmou ele.

Apesar de Freya se ter enchido de coragem e de ter decidido que não importava, a verdade era que importava e muito. Gus teria de falar acerca do problema com a mulher e não tinha a certeza se ela compreenderia.

Gus engoliu em seco.

– A minha esposa morreu.

– Oh... – sussurrou Freya. Foi invadida por uma mistura de emoções: compaixão, tristeza e inveja da mulher que conquistara o seu coração. – Lamento imenso, Gus. Estavam casados há muito tempo?

– Há pouco mais de um ano. Conhecemo-nos enquanto trabalhávamos em África. Monique era francesa. Era médica e trabalhava para os Médicos Sem Fronteiras.

«Uma mulher inteligente, aventureira e valente», pensou Freya. A mulher perfeita para Gus.

Sentiu-se envergonhada por sentir compaixão pela sua desgraça e alívio porque tinha desaparecido um possível obstáculo.

– Diz-me do que se trata – disse ele, com gravidade. – Qual é o problema?

– Na verdade, é o meu filho que tem um problema.

– O teu filho?

De repente, Freya sentiu a abater sobre si toda a tensão e preocupação das últimas semanas. Os lábios começaram a tremer-lhe, mas não podia ir-se abaixo.

– És mãe solteira? – ela assentiu, sem conseguir falar. – Como a tua mãe.

Ela voltou a assentir, satisfeita por o tom dele não ter sido condenatório. Gus não era um snobe como o pai e nunca desprezara os hippies de Sugar Bay. Mas era verdade, ela tinha seguido os passos da sua mãe. De facto, Poppy tinha-a incentivado a ser mãe solteira.

«Criaremos o teu filho juntas, querida. Vê como eu te criei. Vai correr tudo bem. Tu e eu somos parecidas. Estamos destinadas a ser independentes. Não precisamos de um homem.»

– Mantiveste o contacto com o pai do teu filho?

Era demasiado. Freya ficou com os olhos cheios de lágrimas. Tinha esperado muito tempo para lho contar e seria um golpe duro para ele. Não queria magoá-lo, mas não tinha outro remédio.

Receando começar a chorar em público e deixar Gus numa situação embaraçosa, perguntou-lhe:

– Podemos ir falar para outro sítio? Vamos dar um passeio?

– Claro.

Desceram até ao passeio que contornava o porto. Freya protegeu-se da brisa marinha abraçando-se, enquanto Gus caminhava ao seu lado com as mãos nos bolsos.

– Estás bem, Freya?

– Mais ou menos – inspirou profundamente, sabendo que não podia adiar a revelação nem mais um minuto. – Perguntaste-me se tinha mantido o contacto com o pai do meu filho. Não o fiz.

Olhou para ele de soslaio e viu o momento exacto em que ele se apercebeu do que ela queria dizer-lhe.

Ele parou e olhou para ela. Estava muito pálido.

– Quantos anos tem a criança?

– Quase onze anos e meio.

– Não pode ser... – disse Gus, enquanto abanava a cabeça. Fulminou-a com o olhar. A sua expressão de incredulidade rejeitava à partida o que ela ia dizer-lhe.