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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2012 Elizabeth Power. Todos os direitos reservados.

UM ENGANO DELICIOSO, N.º 1472 - junho 2013

Título original: A Delicious Deception

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2013

 

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

™ ®,Harlequin, logotipo Harlequin e Sabrina são marcas registadas por Harlequin Books S.A.

® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-2996-1

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Capítulo 1

 

O eco de uns passos firmes ricocheteava contra o chão do terraço aquecido pelo sol. Eram os passos de um homem cuja presença era sinónimo de perigo. Sem necessidade de se virar, Rayne soube de quem se tratava, aquela cadência decidida e inflexível era inconfundível. Todas as células do seu corpo estavam alerta pelo medo de ser reconhecida. Ele conseguia sempre tudo o que queria, fosse o que fosse, a qualquer custo.

– Então, o meu pai recolheu-a da rua, não foi? E mostra-lhe o seu agradecimento levando-o a passear de carro.

Ela estava de costas, a olhar através do arco do terraço, contemplando os edifícios cor de coral. Alguns tinham jardins no telhado e noutros havia piscinas que resplandeciam à luz do sol. Virou-se de repente ao ouvir aquele tom zombador e corrosivo que obscurecia um sotaque britânico impecável. A sua cabeleira ruiva caiu-lhe sobre o ombro. Atrás dela ficaram o mar rutilante, o palácio de La Roca e as escarpas que se estendiam por toda a costa de Monte Carlo.

A roupa que usava era feita à medida e muito cara. Todas as peças tinham um corte detalhado, desde a camisa branca imaculada ao fato, passando pelos sapatos pretos reluzentes. Era um homem cuja imagem sofisticada e fresca escondia uma natureza cruel e uma língua afiada.

Durante uma fração de segundo, Rayne não soube o que dizer. Os anos tinham-lhe dado uma presença poderosa que intimidava bastante. As fotografias recentes dos jornais não captavam bem aquela característica tão surpreendente, quase assustadora. Era como se o seu corpo irradiasse uma aura especial, algo que ia além do magnetismo físico que também tinha graças àqueles traços clássicos e ao cabelo preto denso.

– Para sua informação, tenho vinte e cinco anos.

Porque lhe dissera aquilo? Pela forma condescendente com que se dirigira a ela? Ou para lhe recordar que já não era a adolescente berrante que conhecera?

Ele arqueou um sobrolho, deixando-lhe muito claro como encarara a resposta. Devia pensar que tinha a intenção de levar o seu pai para a cama ou talvez que já o fizera. Talvez a considerasse uma mercenária do sexo ou algo parecido...

– E não me recolheu da rua. Ambos fomos vítimas de um roubo. Vim a França e depois ao Mónaco de férias, e fiquei sem cartões de crédito, sem dinheiro, sem um lugar onde ficar.

Porque sentia a necessidade de se justificar com ele? Apertou os dentes. Seria porque não se sentara naquela esplanada da cafetaria por acaso? Porque uma jornalista inexperiente estudava sempre o alvo de antemão? Porque sabia exatamente onde estaria Mitchell Clayborne?

– O seu pai ofereceu-me, muito amavelmente, um sítio onde ficar até que pudesse resolver tudo.

Ele apertou os lábios, aqueles lábios tão masculinos que sempre lhe tinham parecido apaixonados.

– Foi um pouco inconsciente não ter feito uma reserva.

Como era possível que cada palavra que saía da sua boca parecesse uma acusação? Ou seria o sentimento de culpa que a fazia imaginar coisas? O medo de ser descoberta...

– A minha mãe está doente há aproximadamente um ano. Agora está um pouco melhor, portanto, aceitou a oferta de um amigo e foi-se embora durante três semanas. Eu também quis aproveitar.

Na casinha vitoriana que partilhava com a sua mãe em Londres tinha-lhe parecido uma boa ideia. No entanto, Cynthia Hardwicke levaria as mãos à cabeça se soubesse a verdadeira razão que a levara a fazer aquela viagem.

– Tinha onde ficar até essa manhã.

Rayne encolheu os ombros. Não valia a pena contar-lhe o que acontecera depois. Tinha planeado passar uma temporada com a sua amiga Joanne, que vivia no sul de França com o marido, mas a irmã dela aparecera de surpresa com as três filhas e não tivera outro remédio senão ir-se embora para não ser um estorvo.

– Como a época alta acabava de começar, não pensei que tivesse dificuldade em encontrar alojamento noutro sítio.

Mas não contava com que a roubassem antes de poder registar-se num hotel.

– Tinha alugado um carro por um dia, parei para beber um café e... Bom, já sabe o resto.

Ele só sabia o que o seu pai lhe tinha contado, mas Mitch tinha uma visão claramente distorcida.

«Uma jovenzinha...», dissera-lhe.

Mas a mulher que estava diante dele não tinha nada de jovenzinha. Devia medir um metro e setenta. Tinha uma figura perfeita e um cabelo ruivo que chamava muito a atenção. Ou seria acobreado? A sua pele parecia de marfim e os seus lábios carnudos poderiam fazer qualquer homem perder a cabeça.

Emanava segurança em si mesma e era demasiado assertiva para não ter segundas intenções. O que poderia ser? Acontecera tudo na quarta-feira anterior. Pelos vistos, o seu pai saía do lugar onde costumava almoçar. Ia sozinho, pois naquela manhã tivera uma discussão com o último motorista que lhe tinha mandado.

Tão teimoso como sempre, pegara no velho Bentley, o qual estava adaptado para que pudesse usá-lo, e fora almoçar sozinho. Não era que o achasse incapaz de conduzir, mas não era recomendável que um homem de sessenta e sete anos de tanto renome saísse sem segurança, sobretudo tratando-se de alguém com graves impedimentos físicos. Ao entrar no carro, tinham-lhe roubado a cadeira de rodas e, pelos vistos, aquele anjo de cabelo vermelho que tinha diante de si fora atrás dos ladrões.

– Parece-me que devo agradecer-lhe por cuidar do meu pai, menina...

– Carpenter. Rayne Carpenter.

Não era o seu nome verdadeiro, não totalmente. Usava o sobrenome de solteira da sua mãe e o nome que costumava usar quando escrevia para aquele jornal local, mas se se tivesse apresentado como Lorrayne Hardwicke ter-lhe-iam fechado a porta na cara. Ao princípio, tinha a intenção de dizer quem era, mas as coisas tinham-se complicado. Os seus planos tinham ficado arruinados por causa dos ladrões.

«És a melhor jornalista que tenho, mas tens de me trazer uma boa história!», dissera-lhe o seu editor, seis meses antes.

Pouco depois, a sua mãe adoecera e tivera de deixar o trabalho para cuidar dela depois da operação.

«Bom, aqui está a minha história», pensou, apertando os dentes. Era um exclusivo que toda a gente gostaria de ler, mas sobretudo era algo pessoal.

De repente, viu como se contraía um músculo nos maxilares daquele homem. Aproximou-se dela. Estava suficientemente perto para conseguir cheirar o seu perfume.

– Sou Kingsley Clayborne, mas toda a gente me chama King – disse-lhe, oferecendo-lhe a mão.

«Sei quem és», pensou ela.

Hesitou por um instante. Não queria tocar-lhe, mas fez o possível para esboçar o seu melhor sorriso. Apertou-lhe rapidamente a mão.

– Não admira! – disse, quase sem pensar.

Sentindo como lhe tremia a mão, King deslizou um dedo sobre a veia azul que lhe palpitava no pulso. Havia também algo nos seus olhos. Eram cor de mel com pintas verdes e observavam-no com cautela, com receio.

Sabia que o seu pai podia cuidar de si mesmo. Era um homem experiente, mas também tinha um fraco por caras bonitas e podia ser uma presa fácil para uma caçadora de fortunas.

Observou-a por um instante. Havia algo nela... Uma lembrança esquecida pugnava por sair do seu subconsciente, como o fragmento de um sonho, escorregadio, mas poderoso.

– Já nos vimos antes?

Rayne sentiu que suava frio.

– Não creio – disse, rindo-se de forma nervosa.

Ele largou-a ou talvez tivesse sido ela a quebrar o contacto... De qualquer forma, ao soltar-se apercebeu-se de que precisava desesperadamente de respirar fundo.

Algo se agitou no seu interior. Seria ressentimento? Rejeição?

O que poderia ter provocado semelhante reação? Sentia o sangue quente nas veias, em ebulição, mas... Se alguma vez sentira algo por ele, ele mesmo se encarregara de matar esse sentimento.

Era estranho que não a tivesse reconhecido, embora costumassem dizer-lhe que mudara muito. Sete anos antes não tinha curvas e usava o cabelo curto e espetado, e de outra cor. Naquela época, todos a conheciam como Lorri...

– Aqueles ladrões devem ter pensado que era uma presa fácil, não é? Se foram atrás de si daquela forma...

Ela deu um passo atrás. A sua presença asfixiava-a.

– Desculpe? – perguntou-lhe, sem saber muito bem o que queria dizer.

– Quero dizer que devem ter notado que estava atenta ao meu pai. Sabiam que morderia o anzol assim que fugissem com a cadeira.

– Eu não gosto que se aproveitem de ninguém – disse ela, com contundência. – Por nenhum motivo... O que está a insinuar exatamente, senhor...?

– King.

Talvez preferisse que lhe chamassem «Sua Majestade»...

Rayne teve de morder o lábio inferior para não o dizer em voz alta. Convertera-se num homem rico e poderoso, e também desumano.

Já naquela época, sete anos antes, ao presenciar aquela cena entre o seu pai e ele, vira algo desconhecido, algo que jamais teria esperado dele. Era aquela atitude fria, aquela absoluta falta de escrúpulos num homem de vinte e três anos que se vira obrigado a tomar as rédeas de uma empresa internacional depois do acidente do pai.

– Não consegui evitar reparar nele e no que estava a fazer. Claro que não! – exclamou, odiando-o mais do que nunca por ter sido um dos que tinham destruído o seu pai. – Surpreendeu-me que fosse capaz de superar as suas dificuldades e conduzir um carro. Não sabia que admirar as capacidades de uma pessoa era crime.

– Não é – disse King. Um sorriso iluminou-lhe a cara.

Rayne sentiu um nó na garganta.

– Como já lhe terão dito, o motorista do meu pai foi-se embora... repentinamente. Era por isso que estava sem motorista, embora deva dizer que, graças a si, esse lugar já foi preenchido.

Ela assentiu, ignorando o sarcasmo que tingia as suas palavras.

– Sei que não perdeu tudo às mãos daqueles criminosos – disse-lhe, olhando-a de cima a baixo.

– Tinha a roupa no carro.

– E não lhe levaram as chaves?

– Não. Tinha-as no bolso das calças de ganga – juntamente com o telemóvel, felizmente, mas não lho disse.

Tinha-o tirado da mala para enviar uma mensagem à sua mãe justamente antes de Mitchell Clayborne sair do restaurante do hotel que havia ao lado da cafetaria. Assim pudera cancelar os cartões de crédito e denunciar o roubo dentro do carro alugado.

– Interroga todos os hóspedes do seu pai desta maneira?

Ele esboçou um sorriso e dirigiu-se para a mesa de granito do terraço. Serviu-se de uma chávena de café. Ofereceu-a a Rayne. Ela abanou a cabeça.

– Mas é mais do que uma hóspede, não é? Insiste em trabalhar durante a sua estadia até que possa resolver os seus assuntos, o que a torna uma espécie de empregada, embora seja uma empregada pouco convencional. E o meu pai não contrata ninguém sem me consultar primeiro.

Era fácil adivinhar quem estava à frente do império Clayborne.

– Peço-lhe desculpa por ser tão cauteloso e desconfiado – bebeu um gole de café e voltou a pousar a chávena na mesa com um movimento firme e subtil. – Mas, como já deve saber, o meu pai é um homem muito rico.

«E tu também», pensou Rayne. Recordava ter lido um artigo que o colocava entre os dez homens mais ricos de Inglaterra, inclusive à frente de Mitchell Clayborne. Todos os membros do clã tinham prosperado graças ao seu patriarca, mas Rayne também não queria pensar muito naquilo. Era consciente, não obstante, dos muitos negócios em que King tomava parte, negócios que nada tinham a ver com o império tecnológico da família.

– E o que significa isso? – perguntou-lhe, olhando-o de soslaio.

Ele agitou uma mão.

– Uma jovem... Um homem idoso, rico e vulnerável, com a autoestima um pouco baixa. Um roubo improvisado diante de uma cafetaria concorrida. Não negará que teria sido um golpe de mestre se o tivesse orquestrado para conquistar a confiança do velho e meter-se na sua casa.

Rayne sentiu que lhe ardiam as faces. Sentara-se naquela cadeira à espera de Mitchell Clayborne, mas não o fizera pelos motivos que sugeria aquele cão de guarda que tinha como filho.

– Isso é supor muito!

– É? – enfiou a mão no bolso. O tecido das calças esticou-se, marcando-lhe o contorno da pélvis.

Rayne apercebeu-se de que estava a olhar para onde não devia e desviou o olhar imediatamente. Observou-lhe as pernas de cima a baixo.

– Não é a primeira vez que se ouve uma história assim.

– Mas há uma diferença aqui, King.

Ambos olharam na direção de que provinha a voz. Um segundo mais tarde, começaram a ouvir o chiado inconfundível da cadeira de rodas.

– Ela não queria vir.

Era verdade. Ao princípio, não quisera acompanhá-lo, perseguida por um sentimento de culpa. Ao fim e ao cabo, vigiava-o por um único motivo: enfrentá-lo e dizer-lhe quem era. Inclusive pensara em ameaçar ir à imprensa se não admitisse todo o mal que King e ele tinham feito ao seu pai. Queria que lhe pesasse a consciência, se a tivesse.

Mitchell Clayborne e o seu filho King tinham arrebatado algo muito valioso à família dela, mas, ao vê-lo tão indefeso perante aqueles valentões de bairro, não fora capaz de o enfrentar. Além disso, esperava-o naquele café porque sabia que jamais conseguiria passar do portão da mansão. Era uma oportunidade que não podia desperdiçar.

– Ouviste, King?

Mitchell Clayborne saiu para o terraço. Ainda fazia calor, mas já quase não havia luz. O seu cabelo branco penteado para trás continuava a ser tão denso como o do seu filho.

– Eu disse que ela não queria vir.

Apesar das sombras que já começavam a cair sobre a pedra da mansão, Rayne pôde ver um vislumbre de sorriso nos lábios de King.

– Parece que é uma pessoa discreta – disse-lhe, com tom tranquilo. Os seus olhos, no entanto, davam a entender justamente o contrário.

«Saberá?», perguntou-se Rayne. O coração quase lhe saltava do peito. Tinha adivinhado quem era e estava a gozar com ela?

– Deixa-a em paz, King – disse Mitchell, avançando para a mesa, enquanto King agarrava na garrafa de cristal que estava junto da cafeteira. Serviu-lhe um copo. – Não posso desfrutar da sua companhia sem que a trates como se fosse uma mulher da rua?

Mitchell aceitou o copo que lhe oferecia King, o filho cuja influência e poder no mundo dos negócios era inigualável.

De repente, um raio de luz incidiu na garrafa de cristal e refratou-se numa miríade de cores.

– Claro – tapou-a e voltou a deixá-la na mesa. – Mas será tua responsabilidade, Mitch. Não vou carregar esta – disse e foi-se embora.

– Não gosta de mim – comentou Rayne a Mitchell.

– Vais ter de desculpar o meu filho. Suspeita de todas as mulheres que me dedicam um pouco do seu tempo, sobretudo se forem jovens e bonitas. Normalmente, consegue afugentá-las bastante depressa.

– Isso parece muito egoísta – disse Rayne, olhando na direção em que King se fora embora.

– Não tem motivos para o ser – disse Mitchell. – Com aquele físico e aquele intelecto, querem-no sempre – riu-se. – Bom, quem quereria um velho fóssil como eu? – começou a tossir. O copo começou a tremer perigosamente na sua mão.

Rayne aproximou-se para lho tirar, mas ele fez-lhe um gesto de impaciência.

– Mas o que pode fazer um homem?

As luzes do terraço acenderam-se, refletindo-se no copo de cristal que Mitchell levava à boca. Bebeu-o de um gole.

– Segundo ele, protege os meus interesses. Toma... – deu-lhe o copo. – Serve-me outro, está bem?

Rayne olhou-o por um instante. Parecia que já tinha bebido o suficiente. Além disso, conforme lhe tinha contado a governanta, tinha problemas de tensão alta e de coração.

– De certeza que é boa ideia?

– Pelo amor de Deus, rapariga! Atreves-te a questionar-me enquanto te hospedas em minha casa?

– Não era a minha intenção – disse-lhe ela.

Além disso, também não queria preocupar-se com um homem que fizera tanto mal ao seu pai. Era uma espécie de traição.

Mitch Clayborne parecia cansado e amargurado. Agarrou no copo e serviu-lhe outra dose.

– Pareces King – disse Mitchell. – Ele é da família, mas não o tolero a mais ninguém, entendido?

– Perfeitamente – respirou fundo e deu-lhe o copo cheio.

Havia um brilho quente naqueles olhos azuis tão intensos.

– Se não precisar de mais nada, acho que vou deitar-me cedo.

Ele sorriu e dispensou-a com a mão.

– Boa ideia. Ah, Rayne...

Rayne parou diante da porta aberta que separava a sala do terraço. Virou-se.

– Em relação a King... Irritaste-o antes de eu chegar?

– Não. Porquê?

– Nunca o tinha visto tão... intenso.

Ela encolheu os ombros.

– Talvez tenha tido um dia mau.

– Ao contrário do resto dos mortais, adora trabalhar arduamente, sob pressão.

– Qualquer um diria que é um dínamo.

– E é.

– Mas os dínamos também se partem.

– Se é o que achas, não conheces King.

– Claro que não.

– Mas conhecerás – disse Mitchell. – Vai ficar uma temporada.

– Muito bem – replicou Rayne. Custava-lhe cada vez mais manter um tom ligeiro. Era difícil continuar a fingir indiferença.

– E, Rayne...

Prestes a entrar na sala, ansiosa por escapar dali, Rayne olhou para trás por cima do ombro.

– Comporta-te com ele – advertiu-a com cautela. – Por nós os dois.

«Prostrar-me diante dos seus pés, não é? Como devem fazer todas as mulheres», pensou.

Forçou um sorriso. Doía-lhe a cara.

– Claro.

Entrou na sala espaçosa e tentou manter a cabeça fria. Tinha ido ao Mónaco para emendar o mal que tinham feito ao seu pai e não deixaria que ninguém se interpusesse no seu caminho, nem sequer Kingsley Clayborne.