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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2005 Carole Mortimer

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Depois do carinho, n.º 33 - Setembro 2014

Título original: Prince’s Love-Child

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5381-2

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

Prólogo

 

Rik! Rik Prince! É possível que sejas tu?

Rik ficou gelado, ao ouvir aquela voz rouca e sensual. Os músculos e os tendões retesaram-se e o peito deixou de subir e descer, ao respirar. O coração era o único que continuava a bater, mas a um ritmo mais rápido do que o normal, como se se tentasse proteger da lembrança de uma dor.

Reconheceu-a imediatamente.

Era uma voz que tinha ouvido muitas vezes, em sonhos. Uma voz que, todos os dias, durante meses, o tinha instigado a pegar no auricular do telemóvel, para voltar a ouvir o seu tom quente do outro lado da linha. E, todos os dias, desligava antes de começar a chamar.

Estivera muito tempo sem pensar nela. Tanto, que tinha chegado a convencer-se de que a sua velha infelicidade estava morta e enterrada.

Mas havia a possibilidade de se ter enganado.

– Rik?

A voz, com sotaque inglês, soou mais perto. De facto, Rik soube que Dee se encontrava atrás dele, mesmo antes de sentir o contacto da sua mão.

Com esforço, recuperou o controlo do seu corpo e voltou a respirar. Ficar ali, no meio da rua, paralisado pela surpresa, não era a melhor forma de enfrentar o problema. Tinha de se virar e olhar para ela.

Quando, por fim, o fez, descobriu que estava mais bonita do que nunca. Alta, loira, pele morena e com os olhos verdes mais incríveis que já vira na sua vida. Diamond McCall, Dee para os amigos. Tinham passado cinco anos desde que Rik deixara de a ver, mas continuava a fazer honra ao seu nome. Era um diamante de beleza estonteante.

Um diamante que irradiava glamour, até mesmo com as calças de ganga desbotadas e a simples t-shirt cor-de-rosa que usava nesse dia. Um diamante que se convertera na atriz mais bem paga de Hollywood. Um diamante cuja referência nos créditos bastava para que qualquer filme fosse um êxito de bilheteira.

Mas também era a esposa de outro homem.

– Sabia que eras tu! – o rosto de Dee iluminou-se com um grande sorriso. – Tinham-me dito que quando ficamos tempo suficiente nos Campos Elísios, em Paris, acabamos por encontrar toda a gente... Mas não tinha acreditado, até agora! O que fazes aqui?

Rik não soube o que responder. Não sabia o que estava a fazer ali nem, para falar a verdade, quem era. A sua mente ficara em branco, assim que olhara para aqueles olhos verdes.

– Continuas zangado comigo?

Ele fez a mesma pergunta a si mesmo. Ficara muito zangado com ela, com a madrasta e com a meia-irmã dela, umas manipuladoras, decididas a que Dee se casasse com o poderoso multimilionário Jerome Powers. Contudo, ao olhar para ela agora, parecia difícil acreditar que alguém pudesse estar zangado com uma criatura tão bela, tão cheia de energia.

– Diz alguma coisa, por favor... – insistiu ela, sem deixar de sorrir.

Rik não sabia se conseguia falar. Sentia-se como se tivesse ficado com a língua colada, algo mais próprio de um adolescente do que de um escritor, guionista, de trinta e cinco anos, com êxito profissional. E, se por acaso, isso fosse pouco, coproprietário de uma empresa cinematográfica.

Noutras circunstâncias, teria parecido patético, mas parecia ser uma reação justificada. Ao fim e ao cabo, não esperava encontrar Dee.

O seu dia começara como todos os outros, durante os dois meses que passara na capital francesa. Acordara às oito, tinha passeado pela margem do Sena, tinha regressado ao hotel para tomar o pequeno-almoço e decidira ler o jornal até chegar a hora de voltar a sair, para procurar um sítio onde comer.

Nada, em nenhum momento da sua rotina diária, o tinha advertido de que, nessa manhã, se ia encontrar com Dee McCall.

Mas tinha de dizer algo. Não podia ficar assim, como uma estátua.

– Tens bom aspeto, Dee.

– Tu também– disse ela, lançando-lhe um olhar coquete.

Dee tentou acrescentar algo, mas ele começou a falar ao mesmo tempo e interromperam-se um ao outro.

– O que ias dizer? – perguntou ela.

– Não, tu primeiro...

Rik pensou que era uma situação desconcertante. Tinham gostado muito um do outro, para imaginar que se comportariam como desconhecidos, com desconforto e timidez, quando se voltassem a encontrar.

– Ia perguntar se estás com alguém.

Ele abanou a cabeça.

– Não. E tu? Estás com Jerome?

Jerome era o marido. O homem com quem se casara há cinco anos. Apesar de Rik lhe ter rogado para não o fazer.

Não era um período da sua vida de que se sentisse particularmente orgulhoso mas, naquela época, estava tão apaixonado por Dee que tudo o resto carecia de importância para ele.

Por sorte, já não estava apaixonado por ela. Apercebeu-se disso, nesse mesmo instante, ao olhar para ela outra vez. Percebeu que só ficara a lembrança daquele amor, um eco do tempo que tinham passado juntos.

Naquela época, Dee tinha vinte e poucos anos, acabava de começar a sua carreira de atriz e estava sujeita à pressão da madrasta e da meia-irmã, para que casasse com Jerome Powers, um homem de quarenta anos, com mais poder no mundo do cinema do que os próprios irmãos Prince.

Certo dia, entre lágrimas, Dee dissera-lhe que casar com Jerome era a única forma de se livrar do jugo da madrasta e da meia-irmã. Rik mostrara-se disposto a oferecer-lhe a mesma proteção, mas não serviu de nada.

– Dee? Vem ver isto... Encontrei uma carteira e uma mala perfeitas para ti.

Rik reconheceu aquela voz, tão rapidamente como tinha reconhecido a dela. Era Jerome Powers, o marido.

– Rik...? Rik Prince! – Jerome cumprimentou-o com tanto calor, que não teve outro remédio senão apertar-lhe a mão. – O que estás a fazer em Paris?

De cabelo grisalho, encanto sincero e êxito entre as mulheres, Jerome agradava a toda a gente. Incluído Rik, embora preferisse odiar o homem que casara com Diamond McCall.

– Estive a trabalhar mas, neste momento, tirei uns dias, antes de regressar aos Estados Unidos.

Jerome assentiu.

– Como estão Nik e Zak? Ouvi dizer que casaram, recentemente... Suponho que isso te converte no único Prince que continua livre no mercado – brincou.

Rik teve de fazer um esforço para sorrir. Se as coisas não se tivessem complicado, há cinco anos, teria sido o primeiro dos Prince a casar. Mas a mulher por quem se apaixonara decidira casar com o homem que tinha diante de si.

– Estão bem. De facto, são muito felizes.

Esse era outro dos motivos pelos quais Rik passava tanto tempo em Paris. Embora se alegrasse por Nik e Zak serem felizes, essa felicidade fazia com que se sentisse mais só do que nunca.

E encontrar-se com Dee, na rua, não melhorava a situação.

– Excelente – disse Jerome, com entusiasmo. – Dee, porque não dás uma olhadela à loja? Sei que vais adorar a carteira e a mala que vi... Mas, onde estão as minhas maneiras? Desculpa, Rik. Ainda não te apresentei Sapphie...

Jerome virou-se para a mulher que o acompanhava.

Até esse momento, Rik não se fixara na pequena e linda criatura que acompanhava o marido de Dee. O cabelo, pelos ombros, brilhava sob a luz do sol. E os olhos, cor de âmbar, cravaram-se nele com a intensidade e a sagacidade dos olhos de uma gata.

Rik pensou que o seu dia não podia ser mais estranho. Primeiro, tinha-se deparado com Dee e Jerome. Depois, apercebera-se de que já não estava apaixonado por ela e agora, de repente, havia mais uma surpresa.

Porque a conhecia.

Também tinham passado cinco anos desde o seu último encontro, que fora breve. Mas conhecia-a.

Em todos os sentidos da palavra.