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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2004 Anne Mather

© 2015 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Uma única noite de amor, n.º 810 - Julho 2015

Título original: The Rodrigues Pregnancy

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2005

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7144-1

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Sob o sol da tarde, a villa tinha um ar melancólico. Era um edifício branco, só com um andar, adornado com buganvílias de cor malva, fúcsia e cor-de-rosa, que emolduravam as janelas com persianas de madeira verdes. Um terraço grande, rodeado de plantas e palmeiras, dava para o resto das divisões. Era tudo o que Olivia esperara e muito mais.

Não era uma casa muito grande. Comparada com as que tinha compartilhado com Tony ao longo dos anos, quase podia dizer-se que era pequena. Era por isso que gostava. Não queria nada grande, que impressionasse as pessoas. Só queria uma casa a que pudesse chamar sua. Um lugar onde pudesse passar despercebida.

Mais à frente, depois do jardim muito bem cuidado, as águas azuis do mar das Caraíbas acariciavam uma praia de areia branca.

Era uma maravilha e era dela… pelo menos, durante uns meses.

Contudo, Olivia estremeceu, ao recordar-se por que estava ali. Tony tinha morrido.

O seu marido, com quem estivera casada durante quinze anos, tinha morrido como sempre tinha vivido: na cama com a sua última amante. Como se isso não fosse suficiente, a polícia informara-a que ambos tinham consumido cocaína.

Naturalmente, os jornalistas ficaram em polvorosa. Antonio Mora sempre tinha sido notícia e, surpreendentemente, mesmo depois de morto, continuava a alimentar especulações de todo o tipo. Sobretudo ao descobrir-se que a sua última amante era a esposa de um senador.

Obviamente, esse lado do escândalo fora abafado imediatamente… Uma questão de dinheiro, naturalmente… Mas, por que continuava Olivia casada com ele era a questão que se levantava. Dizia-se que era por causa do dinheiro do seu marido, no entanto não era verdade. Ainda que se divorciasse de Tony, continuaria a ser uma mulher rica, uma vez que nunca assinara qualquer documento para que fosse efectuada uma separação de bens. Assim, qualquer advogado teria obtido para ela metade dos bens de Tony.

Não. Luis fora o responsável pelo facto de ela e Tony continuarem juntos. Luis, que só tinha três anos quando Olivia começou a ser sua ama… De facto, depois de descobrir que o seu casamento tinha redundado num fiasco, fora Luis quem a impedira de partir.

Apesar de tudo, Tony não era má pessoa. Quando se conheceram, Olivia sentira-se imediatamente atraída por ele. O que não sabia era que Tony procurava simplesmente uma mãe para o seu filho, não uma esposa.

O menino afeiçoou-se a ela e Olivia, depois de uma vida completamente normal em Inglaterra, sentiu-se lisonjeada pelo interesse do famoso milionário Antonio Mora.

O funeral do seu marido tinha sido um pesadelo. Repórteres de mais de uma dúzia de países procuravam uma fotografia da «triste viúva». Todavia, Olivia tinha sido incapaz de fazer esse papel, o que deu azo a mais especulações.

Quando se colocou à frente do caixão do seu marido sem derramar uma só lágrima, não pensou que a sua fotografia saísse na primeira página de todos os jornais.

Porém, chorara, a sós, na casa de Tony em Bal Harbour. Tinham estado juntos demasiados anos para não lamentar a sua perda e amara-o, uma vez, antes de saber que era um mentiroso. Embora não tivesse procurado a solidão por causa das mentiras de Tony.

Olivia levou uma mão ao ventre. Também ela era uma mentirosa, ainda que ninguém pudesse acusá-la de ser hipócrita.

Durante semanas depois da morte de Tony, não permitira a si própria pensar no que acontecera naquela noite. Estivera demasiado ocupada com burocracias para pensar em si própria… Melhor. Se estivesse ocupada com alguma coisa, podia esquecer o passado, podia esquecer aquele erro que ia sair-lhe tão caro.

Contudo, evitar e ignorar Christian Rodrigues, primo e braço direito do seu marido, não tinha sido fácil. Mas Christian tinha feito com que perdesse o respeito por si própria, com que não fosse melhor do que o seu marido, cujas mentiras desprezava.

Ainda assim, de repente, Christian passara a comportar-se como se se importasse, como se tivesse o direito de lhe dizer como devia viver a sua vida.

Era absurdo. Não se importava com nada e tinha-o demonstrado, ao seduzi-la naquela noite. Agora, Olivia não conseguia suportar estar ao seu lado e sabia que Christian também se desprezava pelo que tinha acontecido.

Também sabia que sentia compaixão por ela… Afinal, já não era uma rapariga bonita para atrair um homem como ele. Christian Rodrigues era como Tony: ambicioso e inteligente. Quando escolhesse uma esposa, para além de beleza, teria de ter um sobrenome conhecido e uma boa conta bancária.

Fora por isso que, quando descobrira que estava à espera de um filho dele, decidira ir-se embora. Com Luis na universidade de Berkeley, em São Francisco, não havia nada que a impedisse de sair de Miami. São Gimeno parecera-lhe o destino perfeito e fugir fora muito fácil, mais do que o que pensara. Pela primeira vez, Olivia agradeceu as vantagens do dinheiro, embora grande parte das suas posses tivesse de ficar num fideicomisso até Luis fazer vinte e um anos. Das seis casas que possuía em todo o mundo, Tony deixara-lhe duas em testamento: a mansão de Bal Harbour e um luxuoso apartamento em Miami. Além disso, com um fideicomisso que fazia com que entrasse na sua conta cerca de dois milhões de dólares por ano, nunca teria que voltar a preocupar-se com dinheiro.

Mas Olivia tinha os seus próprios planos. Assim que voltasse para os Estados Unidos, pretendia doar parte da sua herança a associações beneficentes. Conservaria o suficiente para si e para o seu filho, porém não queria que ele tivesse uma vida oca como a que Luis tivera durante tantos anos.

Apesar de tudo, agradecia por poder ir num avião particular para a ilha. Enquanto não nascesse o seu filho, não queria que ninguém soubesse que estava ali… nem sequer Luis. Ia sentir falta dos seus telefonemas diários, todavia Christian não podia saber do seu paradeiro.

Uma das ilhas mais pequenas do grupo das Bahamas, São Gimeno, salvara-se do crescimento turístico. Havia poucos hotéis e a economia assentava na agricultura e na pesca. Era o lugar perfeito para se afastar de tudo e, embora pretendesse ficar em São Gimeno apenas durante alguns meses, Olivia estava fascinada. Suspirando, aproximou-se das dunas que contornavam a praia. Estava a habituar-se a caminhar descalça, o que lhe dava uma agradável sensação de liberdade.

Aquela era uma vida completamente diferente da que tivera enquanto esposa de um dos homens mais ricos da Florida. Nem sequer conseguia imaginar o que diria Tony se a visse vestida com uma t-shirt e uns calções. Para ele, era muito importante sentir orgulho da sua esposa, por isso Olivia habituara-se a vestir e a fazer o que ele queria.

Contudo, Tony estava morto e, pela primeira vez desde os vinte e dois anos, era uma mulher livre. Um ser independente, que não tinha que dar explicações a ninguém. A ideia era muito sedutora. No entanto, não podia negar que sentia um calafrio de… de antecipação? De apreensão? Na situação dela, qualquer pessoa sentiria uma certa angústia em relação ao futuro.

Mais uma vez, a imagem de Christian Rodrigues apareceu na sua mente. De certeza que, como viúva de Tony, Christian se prontificaria a ajudá-la, se fosse necessário. Mas ela não fazia intenções de pedir ajuda a ninguém.

Nem a Luis.

Ainda não tinha decidido para onde ia viver quando o bebé nascesse. Poderia voltar para a Florida ou ficar ali, em São Gimeno. Poderia até voltar para Inglaterra. Ia depender do que decidisse fazer na vida. Desejava ganhar dinheiro a fazer o que gostava…

O sol continuava muito forte. Olivia passou uma mão pela testa. Estava habituada ao calor, porque a Florida era um estado muito quente e húmido, mas não queria ficar doente. Tinha que descansar, disse a si própria. A suspirar, voltou para a villa.

Susannah, a sua empregada, estava à sua espera no terraço.

De imediato, sentiu-se angustiada, sem saber porquê. Susannah e ela não eram grandes amigas, mas davam-se bem. Então, viu no rosto da sua empregada alguma aflição.

– Aconteceu alguma coisa? – perguntou, acelerando o passo.

– Não, senhora – respondeu ela, embora o seu tom não fosse muito convincente. – Tem uma chamada, senhora Mora. Dos Estados Unidos. Não sabia se queria atender…

– Uma chamada? – repetiu Olivia. Ninguém sabia que estava ali. Ou melhor, achava que ninguém sabia onde estava. – Quem é?

– Creio que disse que se chama Roderick ou Rodrigo. Quer que lhe diga que não está?

Olivia suspirou. Não era Roderick nem Rodrigo.

– Ter-te-ia dito Rodrigues? – perguntou, enquanto tentava disfarçar a apreensão.

Susannah assentiu.

– Talvez. Conhece-o?

Ela fez uma careta. Se conhecia Christian? Infelizmente, sim. Deveria ter adivinhado que não conseguiria escapar tão facilmente das suas garras, que Christian a seguiria.

– Posso perguntar-lhe o que quer – sugeriu Susannah, evidentemente preocupada devido à expressão de Olivia.

Desde que Susannah trabalhava para ela, há oito semanas, nunca recebera uma única chamada dos Estados Unidos.

Olivia suspirou. O melhor era que Susannah se encarregasse daquele telefonema. Afinal, não tinha que dar explicações a Christian. Ele não era Tony. Nem sequer era um amigo e não tinha o direito de a perseguir.

Contudo, Christian não podia pensar que tinha medo dele. Por que haveria de ter? Por que haveria de ter medo de falar com ele?

«Não!»

– Não há problema, Susannah – conseguiu dizer. – É um sócio do meu falecido marido.

«Sim, claro.»

– Se tem a certeza…

A empregada parecia preocupada com Olivia.

– Sim, tenho a certeza. Se não te importares de me trazer um copo de chá gelado… Tenho muita sede.

Olivia suspirou, ao entrar no hall fresco.

– Sim, senhora.

Susannah desapareceu pelo corredor, enquanto ela se aproximava do telefone, que estava em cima de uma das mesinhas, no quadrado perfeito formado pelos sofás de pele e pela lareira. Como as janelas estavam abertas, conseguia inspirar o delicioso aroma das flores. Levantou o auscultador.

– Sim? Quem fala? – perguntou como se não soubesse.

– Christian Rodrigues – respondeu ele. – Olá, Olivia! Como estás?

Ela cerrou os dentes. O que esperava? Que lhe respondesse amavelmente? Por que lhe telefonava?

– O que queres, Christian? – inquiriu, com frieza. – Como conseguiste encontrar-me?

Do outro lado, houve um silêncio.

– Por favor, Olivia – replicou ele, então. – Pensas que sou parvo?

Ela apertou o auscultador com força, deixando-se cair no sofá.

– Como descobriste onde estou?

– És a viúva de Antonio Mora, o meu primo. A minha obrigação é olhar por ti. Que tipo de homem seria eu, se traísse a confiança que Tony depositou em mim?

Olivia cerrou os dentes.

– Diz-me tu.

Houve outro silêncio.

– Não me parece que este seja o momento apropriado para discutir o passado. Tony morreu e, quer gostes quer não, deixou-te numa posição muito vulnerável. É minha responsabilidade fazer com que ninguém te incomode…

– Excepto tu, claro.

Um novo silêncio, carregado de hostilidade. Christian tinha sido um bom amigo de Tony, mas também poderia ser um inimigo descomunal. No seu próprio interesse e no do seu filho, Olivia devia fazê-lo entender que não precisava dele.

Mas, como?

Respirando profundamente, decidiu dar-lhe uma explicação:

– Desculpa-me, se te parecer ingrata, mas tens de entender que vim para cá para encontrar um pouco de paz e sossego. Desde que Tony morreu, não tive um minuto sequer para mim e… além disso, não tenho obrigação de te informar para onde vou ou deixo de ir.

Tinha que convencê-lo de que estava bem, que não precisava de nada.

– Não espero que me informes de nada, Olivia – replicou ele. – Mas teria sido simpático da tua parte deixares à minha secretária a tua morada.

À secretária dele? Nem pensar! À descarada secretária dele não diria nem sequer as horas!

Dolores Samuels tentava seduzir Christian, desde que Tony a deixara há um ano. E Christian devia sabê-lo. Será que já se tinha aproveitado da situação?

– Sim, bom… – murmurou, desconfortável. Incomodava-a que ele lhe pedisse explicações. Ele não era seu marido. Não lhe devia absolutamente nada.

– Peço desculpa por estar a aborrecer-te – desculpou-se Christian, num tom irónico. – Mas, dadas as circunstâncias, não tive outra opção.

Circunstâncias? Olivia ficou nervosa. Não, ele não podia saber de nada… A confidencialidade médica era sagrada.

Não. Estava a ficar paranóica. Christian devia querer resolver alguma coisa relacionada com a empresa de Tony.

Mas, então, por que não telefonara a Luis? O poder que o seu falecido marido lhe deu não era suficiente?

– Não estou a entender. Estás a falar de quê?

– Luis está no hospital, em São Francisco – respondeu Christian, sem mais rodeios.

– No hospital? – repetiu ela, atónita. – O que se passou? Está doente?

– Não, não está doente. Teve um acidente de carro. Fracturou a bacia e teve um traumatismo cervical…

– Meu Deus!

– Calma. Não é nada de irreversível.

Olivia engoliu em seco.

– Tens a certeza?

– Não sou médico, Olivia, porém creio que o teu lindo menino depressa estará são como um pêro.

O seu lindo menino?