sab396.jpg

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1996 Anne Mather

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Apenas meu amante, n.º 396 - outubro 2018

Título original: Wicked Caprice

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1307-140-4

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

Capítulo 18

Capítulo 19

Capítulo 20

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

 

 

 

 

Não tinha o aspecto que ele esperava.

Jillian descrevera-a com pêlos e sinais, mas era-lhe difícil imaginar que aquela criatura esbelta e pálida que o olhava do outro lado do balcão fosse uma sedutora perversa e egoísta.

– Deseja alguma coisa?

A sua voz era atraente, baixa e um pouco rouca. Interrogou-se sobre se seria do tipo de mulheres que gemiam de prazer ou se sussurraria palavras de alento ao ouvido de Richard. Em qualquer dos casos, não entendia por que é que o seu cunhado se interessara por uma mulher tão pouco vistosa. Normalmente, o seu gosto era muito diferente.

– Ah, sim.

Patrick olhou rapidamente à sua volta e apercebeu-se de que era o único cliente da loja. Passara tanto tempo a observá-la que os restantes clientes tinham terminado de fazer as suas compras.

Lembrou-se rapidamente da desculpa que inventara ao entrar. Vira um colar de caracóis na montra e parecera-lhe ser um objecto adequado para escolher.

– Caracóis – disse rapidamente.

– Caracóis? – repetiu ela, num tom agradável. – O senhor é coleccionador de caracóis? Interessa-se por caracóis no seu estado natural ou prefere os objectos elaborados? Têm tido muita saída.

O quadro que ela lhe mostrou provocou-lhe pele de galinha. Era uma composição feita com caracóis pequenos colados a uma tábua de madeira. Parecia o trabalho de uma criança em idade escolar. Não conseguia entender como é que aquilo podia ter tanta saída.

– Não, queria um colar – informou, olhando para trás. – Está na montra. Pensei que a minha sobrinha haveria de gostar dele.

«Apesar de nunca poder dar-lho», pensou. Jillian ficaria furiosa se ele aparecesse com um colar comprado na loja daquela mulher. No entanto, tinha a certeza de que Susie ficaria encantada, mas aos olhos da sua irmã seria uma traição. Além disso, existia sempre a possibilidade de que Richard o reconhecesse e Jillian preferia que o seu marido não descobrisse nada.

– Ah, sim, já sei de qual é que está a falar.

Com um sorriso, rodeou o balcão e aproximou-se da montra.

Patrick reparou que caminhava com passo muito gracioso para a sua considerável altura. As suas ancas moviam-se de forma rítmica, de um lado para o outro. Tinha o cabelo liso, apanhado numa trança castanha que atingia a altura das omoplatas. Era quase da mesma cor dos seus olhos, apesar de ter sobrancelhas mais escuras.

Quando ela se inclinou para apanhar o colar, ele viu que debaixo da saia longa usava umas botas de cordões, que pareciam mais adequadas para o campo do que para uma loja. Claro, se Richard se sentira atraído por ela, não fora pela sua maneira de vestir.

– Aqui tem – disse, estendendo o colar.

Apesar de tentar não gostar dela, tinha que reconhecer que aquela mulher possuía um certo encanto. A sua roupa larga não conseguia esconder toda a sensualidade do corpo feminino.

– Obrigado.

– É o último – informou a vendedora. – Acho que as pessoas compram-nos sobretudo para crianças. Como pode ver, não é um fio muito comprido.

– Sim.

Patrick sentia-se atónito. Estava habituado a dominar todas as situações, mas daquela vez sentia-se em desvantagem. Pensou que se devia ao ambiente desconhecido e àquela jovem que não parecia nada uma promíscua devoradora de homens, tal como a sua irmã a descrevera. Lembrou-se que, por vezes, as aparências enganavam.

– Gosta?

Aquela pergunta desconcertou-o e a sua reacção pô-lo nervoso. Nem sequer era bonita e, com aquela roupa, ninguém olharia para ela. No entanto, por algum estranho motivo, não conseguia tirar os olhos de cima daquela mulher.

– É muito bonito – respondeu.

– Concordo. Os caracóis são lindos. Adoro este tom cor de rosa. Seria impossível fazer este tom de forma artificial.

– Mmmm…

Patrick não queria desfazer-se em elogios sobre o colar, pois isso apenas faria com que lhe custasse mais desfazer-se dele. No final de contas, não fora admirar a mercadoria daquela mulher; fora ali para tentar descobrir o que é que ela queria de Richard. Na opinião de Jillian, devia ter um preço. As amantes do seu marido deixavam-se sempre comprar.

– Não gosta?

Virou a cabeça para olhá-lo e Patrick teve que se conter para não a beijar. Queria provar os seus lábios carnudos, acariciar os seus pronunciados pómulos…

Respirou fundo ao aperceber-se da reacção contida sob o fecho das calças. Não sabia o que se passava com ele. Não sentira até então de que necessitava de sexo de uma forma tão desesperada.

Fingiu interesse numas colchas para afastar-se dela.

– Não é isso – retorquiu. – É que não sei se a Susie vai gostar.

– Susie? – repetiu ela. – A filha de um conhecido meu também se chama Susie. É um nome muito bonito, não acha? É diminutivo de Susannah?

– Não – de facto, era, mas não estava disposto a reconhecê-lo. – Chama-se mesmo Susie. Os pais é que escolheram o nome. A avó também se chamava Susie.

– Entendo.

Patrick interrogou-se sobre se ela realmente entendia. Esperava que não. Fora demasiado longe com as suas explicações e, se no início se arrependera em utilizar o nome da sobrinha, agora arrependia-se ainda mais.

Tinha que fazer algo para desviar a conversa. Pegou numa das colchas e fingiu olhá-la com interesse.

– É bordada à mão, não é?

– Sim. Essas colchas são feitas por uma velha senhora que quase não consegue mexer-se devido ao seu problema de artrite, mas continua a bordar muito bem, não acha?

Patrick, que não fazia a mínima ideia do trabalho que daria fazer algo como aquelas peças, limitou-se a assentir, antes de se aproximar de uma mesa cheia de bonecos de peluche. Pelo menos, daquilo sabia algo. Eram artigos normais, de preço razoável.

– Esses também são feitos à mão – murmurou a jovem, enquanto ele admirava um par de coelhos. – De facto, tudo o que está aqui na loja é artesanato. Compramos directamente aos artesãos que, de outra maneira, não conseguiriam comercializar os seus trabalhos.

Jillian não lho dissera. Claro que não tinha que o ter dito. Não lhe interessava a natureza do negócio, mas sim a sua proprietária. De todas as formas, o facto daquela jovem fazer todo o possível para ajudar os fabricantes independentes não tornava a situação mais aceitável. Apesar dos seus fornecedores a considerarem uma santa, a sua vida privada revelara-se sórdida.

– Já abriu esta loja há muito tempo, menina…?

Deteve-se justamente a tempo, antes de pronunciar o seu apelido, que conhecia perfeitamente bem.

– Herriot – adiantou ela, rapidamente. – Isobel Herriot. Abria-a há uns cinco anos atrás, porquê?

– Apenas por curiosidade. Tem muita variedade de artigos. Estava a pensar como é que consegue andar para a frente com um negócio deste tipo.

– Oh – encolheu os ombros. – De início, foi bastante difícil, mas acho que agora estamos a ir bastante bem.

– A loja é sua? – perguntou ele, num tom desinteressado.

A jovem suspirou, impaciente.

– Gostaria imenso de ter um estabelecimento numa zona como esta. Mas não, o meu novo senhorio é o senhor de que lhe falei há pouco. Aquele que tem uma filha chamada Susie.

– Ah…

Patrick comportou-se como se não soubesse que a Shannon Holdings adquirira recentemente aquele edifício da rua principal de Horsham-on-the-Water, com todos os seus imóveis, incluindo os pequenos espaços comerciais. Situada entre Stratford-on-Avon e Stow-on-the-Wold, a pequena aldeia de Horsham atraía muito turismo. Também era verdade que muitos dos visitantes não iam ali de passagem, visitavam a antiga igreja e o mosteiro.

– Claro – continuou ela – que o aluguer vai aumentar. A velha senhora Foxworth, a antiga proprietária, cobrava uma renda muito baixa. Acho que todos os arrendatários pensavam que a situação se prolongaria de forma indefinida. Mas uma empresa de Londres comprou o edifício e parece que querem ganhar o máximo de lucro possível. Não nos conhecem. O Richard disse que fará tudo aquilo que puder para evitar o aumento do aluguer, mas não temos muitas esperanças.

– O Richard? – repetiu Patrick. – O seu novo senhorio?

– Bom, ele não é exactamente o nosso novo senhorio – explicou-lhe com um tom que indicava que estava a ficar farta daquele interrogatório. – É apenas um empregado da empresa. E não sei o que é que ele pode fazer, nem ele nem ninguém.

Patrick sentiu um certo ressentimento para com Richard pela forma como este se apresentara, mas essa era a menor das suas preocupações. Não sabia há quanto tempo é que ela conhecia o seu cunhado, nem o que é que este lhe prometera exactamente.

Escolhendo as palavras com cuidado, Patrick deixou o colar de caracóis no balcão.

– Parece que estão com problemas – comentou. – Conhece esse homem há muito tempo?

– Não – respondeu, cerrando os lábios com impaciência. – Já tomou uma decisão?

– O quê? – inquiriu ele, desconcertado. – Ah, o colar! Vou levá-lo – olhou para a etiqueta e tirou a carteira do bolso. – Pode embrulhá-lo? Volto a passar aqui dentro de alguns dias para levá-lo.

– Pode levá-lo agora.

Patrick estava à procura de uma desculpa adequada para evitar levar o colar quando um casal de turistas entrou pela porta adentro.

– Na quinta-feira – disse, deixando algumas notas sobre o balcão. – Vejo que está ocupada e não estou com pressa.

Assim que saiu da loja, respirou fundo. Tinha quase a certeza de que não conseguiria descobrir mais nada sobre a relação de Richard com aquela mulher quando regressasse alguns dias mais tarde. Não podia perguntar-lhe nada directamente, apesar disso ser aquilo que Jillian mais desejava. Claro que a sua irmã pretendia que ele subornasse Isobel ou a ameaçasse para que deixasse de ver Richard, mas Patrick não se sentia com forças para fazer algo desse género.

O Bentley esperava-o a uns metros de distância, na mesma rua. Abriu a porta traseira e entrou.

– Vamos, Joe – disse, quando o motorista se virou para ele. – Primeiro até Portland Street e depois para casa.

Joe Muzambe iniciou a marcha do veículo.

– Não que parar para cumprimentar a tua irmã?

– Não – respondeu Patrick, sabendo que passariam perto da casa de Jillian no caminho de volta. – Não tenho nada para lhe dizer. Agora, leva-me quanto antes até Portland Street. Tenho muito trabalho.