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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2002 Janece O. Hudson

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Rendição total, n.º 465 - novembro 2018

Título original: Wild About a Texan

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1307-197-8

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Prólogo

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Epílogo

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Prólogo

 

 

 

 

 

Ele acordou de repente, com o coração a bater fortemente. Rolou na cama e esticou o braço para lhe tocar, mas o lugar onde ela se tinha deitado estava vazio. Algo lhe dizia que ela se tinha ido embora há algum tempo, mas, mesmo assim, Jackson andou pela suite chamando por ela. O único sinal de que ela tinha estado lá era a segunda taça de champanhe ao lado da dele, na mesa-de-cabeceira.

Angustiado, pegou no telefone e ligou para o quarto dela.

– A menina Emory fechou a conta e foi-se embora, senhor – informou o recepcionista.

– Foi-se embora? Quando?

– Não sei. O senhor quer que eu verifique?

– Sim.

Com uma angústia crescente, Jackson esperou pela resposta do recepcionista e sentiu-se à beira do desespero quando descobriu que eram dez horas da manhã e que ela tinha uma vantagem de três horas.

Dez horas? Ele nunca tinha dormido tanto. Então lembrou-se de que eles não tinham dormido muito na noite anterior. Nunca tinha conhecido ninguém parecido com Olívia, nem nunca tinha tido uma ligação tão forte com uma mulher. Sabia, desde o primeiro momento, em que a vira na festa que ela era uma mulher especial.

O problema era que ele não conseguia ficar a sós com Olívia; estavam sempre rodeados de pessoas e parecia que ela preferia assim. Na verdade, ela tinha ficado na defensiva, quando Jackson tentara afastá-la do meio dos convidados, dizendo para ele sair da sua frente. Mas ele não se deixara derrotar, estava determinado a conquistar Olívia Emory.

Já tinha feito planos para a fazer voltar com ele para o Texas e teria conseguido se ela não tivesse fugido. Bem, Olívia não iria livrar-se dele assim tão facilmente. Ela não poderia ter ido muito longe.

Pegou nas calça que estavam aos pés da cama, vestiu-as e calçou as botas. Tirou uma camisa da gaveta e foi abotoando-a, enquanto se dirigia ao elevador. A temperatura descera bastante durante a noite e o céu estava encoberto, anunciando uma tempestade. Chegando ao aeroporto, Jackson descobriu que Olívia embarcara duas horas antes e que os próximos voos seriam adiados devido às condições atmosféricas. Não havia previsão para a reabertura do aeroporto.

Jackson voltou ao hotel, sentindo-se péssimo. Era como se lhe tivessem partido os pés e o tivessem atirado para um buraco. A verdade é que estava apaixonado por Olívia Emory, completamente apaixonado.

Era estranho ele ter-se interessado por ela. Mesmo sendo uma linda mulher, não era o seu tipo. Ele nunca se interessara por mulheres que se faziam difíceis. Tinha muitas à sua disposição para ter que andar a correr atrás de uma que não o queria.

Mas Olívia era uma jóia rara. Ele tinha percebido isso desde o primeiro instante.

Jackson tinha-a observado no casamento do seu primo Kyle e, apesar das suas palavras, ele estava certo de que ela tinha tido a mesma sensação que ele, ainda que ela não o tivesse deixado aproximar-se muito quando dançaram juntos na festa.

Estavam a dançar a valsa ao ar livre quando de repente alguma coisa mudou. Olívia começou a tremer e aproximou os lábios do seu ouvido.

– Leva-me até ao portão lateral – pediu ela. – Vamos sair daqui.

– Sair daqui?

Ela confirmara com um gesto de cabeça.

Jackson não questionara a sua mudança de atitude novamente. Atribuíra-a à sorte ou talvez o seu charme a tivesse finalmente conquistado. Ainda a dançar com ela, conduzira-a até à saída. Encontraram um barzinho a alguns quarteirões dali, onde comeram, beberam champanhe e conversaram.

E riram. Meu Deus, riram-se tanto! Jackson adorara o riso dela, um som maravilhoso e sensual. Contara todas as histórias engraçadas que sabia só para ouvi-la rir. Depois a brincadeira transformara-se numa conversa mais directa. Ele não conseguia lembrar-se de algum dia se ter divertido tanto só a conversar com uma mulher.

De volta ao hotel, ele tinha-a beijado no elevador. Quando a porta se abriu no andar da sua suite, foram juntos para o quarto, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Fazer amor com ela tinha sido inacreditável. Ultrapassara as suas mais loucas fantasias.

E agora ela tinha partido. E ele estava muito triste.

E a sentir-se muito frio.

Jackson entrou apressado no hall do hotel e só então se apercebeu de que não levara consigo a chave do quarto. Quando pediu outra à recepcionista, a jovem entregou-lhe um envelope.

– O que é isto? – perguntou ele, franzindo a testa.

– Um recado para o senhor.

Jackson abriu o envelope e leu o que estava escrito na pequena folha de papel. As palavras dançaram e ficaram baralhadas diante dos seus olhos.

Sentindo uma tristeza profunda, ele amarrotou o papel e foi para o elevador. Iria para Washington nem que tivesse de alugar uma máquina de terraplanagem para chegar até lá.

Capítulo Um

 

 

 

 

 

«Isto é um erro», pensou Olívia, quando se sentou no banco da igreja em Dallas, repleta de flores brancas e convidados para o casamento.

Ela não deveria ter deixado a sua amiga Irish convencê-la a ir ao casamento da sua irmã. Se tivesse ido directamente para Austin e não tivesse parado na casa de Irish, não estaria naquela situação desagradável. Mas agora era tarde demais.

No momento em que ela o viu no altar, à espera com os seus irmãos e os outros, sabia que tinha andado a mentir a si própria naquele ano e meio que tinha passado. Ela tremeu por dentro e a sua garganta fechou-se. As sensações ainda estavam lá.

De repente, a fragrância das flores e a multidão oprimiram-na. O seu instinto de sobrevivência, juntamente com os seus anos de experiência, mandaram-na fugir. Porém, quando estava a levantar-se, a música começou a tocar e todos olharam para a nave central. Tarde demais. A primeira dama de honor já entrava na igreja.

Olívia sentiu um formigueiro, sabia que Jackson a tinha reconhecido. Tentou não olhar na direcção dele, mas não conseguiu e os seus olhares encontraram-se. Encararam-se por um instante. Ficou sem defesas; a música e as pessoas desapareceram; o tempo perdeu-se.

Então, ele sorriu e piscou-lhe um olho. Quem além de Jackson Crow iria namoriscar com uma mulher no meio de um casamento?

Fora uma tolice ter ido ao casamento. Outra pessoa teria inventado qualquer desculpa, mas Olívia não conseguia mentir. E, no fundo do seu coração, sabia que tinha ido ao casamento porque queria vê-lo novamente.

Com um enorme esforço, tentou prestar atenção à cerimónia. Eve Ellison, a irmã mais nova de Irish, estava linda no seu vestido de renda e cetim. Matt Crow, o irmão mais novo de Jackson, olhou para a noiva com tanta ternura que Olívia se emocionou. Irish, radiante com a recente notícia da sua gravidez, era a madrinha e o doutor Kyle Rutledge, o seu marido e cirurgião plástico, era o padrinho.

Olívia praticamente não ouviu os votos dos noivos. A sua atenção estava dividida entre Jackson e a ansiedade de se ir embora. Não queria atrapalhar a cerimónia indo-se embora, mas também não queria encarar Jackson novamente. Assim que a igreja se esvaziasse, iria escapar pela primeira saída que encontrasse, apanharia um táxi para a casa de Irish e Kyle e… Maldição! Ela não tinha a chave da casa.

– Senhoras e senhores, apresento-lhes o senhor e a senhora Mathew Crow.

O casal estava radiante. Todos se levantaram, aplaudindo. O órgão começou a tocar e a festa começou.

Olívia esperou que todos os convidados saíssem e, então, foi a correr para uma porta e abriu-a rapidamente.

Lá, casualmente encostado à parede, estava Jackson Crow.

– Vais a algum lado, querida?

– Eu… estou à procura da casa de banho.

Divertido, ele mostrou-lhe onde ficava.

– É ali. Vou esperar por ti.

– Não é preciso – disse com uma alegria forçada. – Sei que tens as tuas obrigações de padrinho, fotografias e coisas assim.

– Eu espero.

Dentro da casa de banho, Olívia demorou-se ao máximo. Retocou o baton com vagar. Por fim, não teve outra opção, senão voltar para onde Jackson a aguardava pacientemente.

– Pareces uma miragem. Fazes ideia de quanto procurei por ti quando fugiste? Para onde foste?

– Fui para casa, para Washington.

– Quero dizer depois disso. À meia-noite daquele dia eu estava em Washington e tu já tinhas desaparecido. Liguei para todos os lugares possíveis e não te encontrei.

– Fui visitar uma amiga no Colorado; não que isso seja do teu interesse.

– É claro que é do meu interesse. Depois daquela noite…

– Eu prefiro esquecer aquele fim-de-semana, Jackson. Eu… não sei o que me deu para… Bem, costumo ser mais sensata. Deve ter sido do champanhe. Não costumo beber muito e… – percebendo que Jackson estava a divertir-se com o seu desconforto, ela parou e respirou fundo. – Gostaria que fosses um cavalheiro e que esquecesses que aquela noite existiu.

A sombra de um sorriso curvou os lábios sensuais de Jackson, lábios cuja imagem havia perseguido Olívia durante meses depois daquele encontro. Ela ainda se lembrava do sabor deles, da sensação dos beijos…

– É pouco provável, querida – disse Jackson vagarosamente, enquanto deslizava o dedo pelo queixo dela. – Embora a minha mãe me tenha educado para ser um cavalheiro, não há nada de mal com a minha memória.

Apesar do nervosismo, Olívia esforçou-se para raciocinar com clareza. Não iria cair na armadilha dele mais uma vez. Não havia espaço para um homem nos seus planos. Sobretudo um homem como Jackson. Se ela não tivesse ficado tão apavorada quando avistara o seu ex-marido na pista de dança, nunca teria saído com Jackson naquela noite. Mas ficara tão chocada, ao perceber que Thomas a tinha encontrado, que agira impulsivamente, pensando apenas em escapar e em Jackson como sendo o seu anjo protector.

– Mesmo assim deves esquecer – disse ela bruscamente. – Nunca mais se repetirá. Agora, se me dás licença…

Ela tentou passar, mas Jackson impediu-a.

– Calma – disse ele, encurralando-a entre os seus braços e a parede. – Agora que te encontrei, querida, não vou deixar-te escapar novamente.

Uma porta abriu-se no corredor e o avô de Jackson olhou lá para dentro.

– Jackson – chamou-o. – Eu já devia saber que estavas com uma linda mulher por aí. Com licença, menina, mas, Jackson, é melhor vires depressa ou a tua mãe vai esfolar-te vivo.

– Vou já, avô.

– Por favor, vai – disse Olívia.

– Se eu for, tu vais fugir.

O avô de Jackson, conhecido por todos como xerife Pete, caminhou até eles. Bem conservado com oitenta anos, olhou para Olívia com um sorriso simpático.

– Quem é vivo sempre aparece! – exclamou. – Se não é a Olívia Emory… Como está?

Ela sorriu e estendeu a mão.

– Agora sou Olívia Moore. Estou bem, senhor Beamon.

– Moore? – perguntou Jackson subitamente. – Casaste?

– Nada de senhor Beamon – corrigiu Pete, ignorando a pergunta de Jackson. – Apesar desta roupa de festa, ainda sou apenas xerife Pete. Vamos, Jackson. Eu tomo conta da Olívia enquanto tiras as fotografias.

Jackson não se moveu.

– Estás casada?

Por um segundo, ela sentiu-se tentada a mentir. Se Jackson pensasse que estava casada, muitos problemas seriam evitados, porém alguma coisa na expressão dele fez com que ela dissesse a verdade. Suspirou e negou com a cabeça.

– Então por que é que mudaste de nome?

– É uma longa história.

– Eu tenho tempo.

– Não tens, não – disse Pete. – Jackson, despacha-te. Vocês podem conversar mais tarde.

Depois de empurrar o neto para fora, ofereceu o braço a Olívia.

– Que tal irmos juntos para a festa? Há bastante espaço naquela limusine e todos os homens ficarão com inveja de mim se eu aparecer acompanhado por uma mulher tão bela. Dá-me a honra? – ele afagou a mão de Olívia e sorriu de uma maneira tão sedutora e contagiante que ela não pôde deixar de retribuir.

– É um galanteador incorrigível, Pete Beamon. Agora já sei de quem é que os seus netos herdaram o charme.

Ele abriu um sorriso e pestanejou.

– Ensinei-lhes tudo o que eles sabem. Vamos. A caminho do restaurante, pode contar-me por que é que o seu nome, agora, é Moore. Estou muito curioso. Então, não se casou novamente?

– Não. Apesar de estar divorciada há três anos, só agora voltei a usar o meu nome de solteira – não era bem a verdade, mas ela achou que era a melhor explicação. Na verdade, ela escolhera o sobrenome Moore de uma lista telefónica em Durango.

Pete concordou com a cabeça.

– Decidiu livrar-se do sobrenome do canalha miserável de quem se separou.

– Como é que sabe que o meu ex-marido é um canalha miserável?

– Apenas deduzi. Se ele prestasse, ainda estaria casada com ele. Se quer saber, acho que ele foi um tolo por deixar escapar uma mulher como a Olívia.

«Se, pelo menos, ele me tivesse apenas deixado», pensou Olívia enquanto eles se aproximavam de um dos carros que estavam à espera.

– Fico feliz por saber que está solteira – disse Pete, enquanto a ajudava a entrar no carro. – Parece que o Jackson simpatizou muito consigo. E eu tenho uma proposta a fazer-lhe.

– Uma proposta?

– Sim. Não há nada no mundo que eu queira mais do que os meus quatro netos encontrem uma boa esposa e formem uma família. Fiquei muito contente quando o Kyle conheceu a Irish e quando o Matt conheceu a Eve. Apesar das desavenças normais, formam dois casais perfeitos. Agora só faltam dois. E está na hora do Jackson, sendo o mais velho, juntar os trapos com a mulher especial que ele finalmente encontrou. Posso dizer que ele está pronto.

– Pronto? – Olívia sentiu um aperto no peito e uma onda de calor coloriu o seu rosto e o seu pescoço. – E quem é essa mulher tão especial?

– A Olívia.

– Eu? – indagou com uma voz aguda.

Pete fez um sinal afirmativo com a cabeça.

– A Irish fala muito bem de si e posso afirmar que o Jackson está muito impressionado consigo. Ele parecia um urso ferido, quando a Olívia desapareceu. Vasculhou todos os lugares, procurou por si durante muito tempo. Chegou a contratar pessoas para o ajudarem. Na minha opinião, isso torna-a uma mulher especial. Agora, a minha proposta é a seguinte: se se casar com o Jackson, eu dar-lhe-ei dois milhões de dólares no dia do casamento.

Olívia olhou para ele boquiaberta. Sabia que o avô de Jackson, apesar do seu ar afável e maneiras simples, era absurdamente rico e poderia perfeitamente cumprir aquela promessa. O que ela não compreendia era o porquê daquela oferta. Finalmente gaguejou:

– Dois milhões de dólares? Casar-me com o Jackson? Eu? Deve estar a brincar!

– Não, estou a falar a sério. Acabei de entregar à Eve os dois milhões dela por se casar com o Matt.

– Mas isso é ridículo! Certamente eu não me casaria com o seu neto por causa de dois milhões de dólares.

O velho suspirou.

– Bem, é verdade que o Jackson não será um marido muito fácil… não que lhe falte carácter, entende. Ele é um bom rapaz. Mas é o mais velho e eu gostaria de vê-lo com alguém forte, com alguém que consiga vê-lo como ele realmente é por detrás da aparente imaturidade. Já está mais do que na hora de ele sossegar. A Olívia parece ser a pessoa perfeita para o acalmar, por ser psicóloga e tudo mais. A Irish disse-me que é uma rapariga muito inteligente.

– Inteligente demais para me casar com o Jackson Crow. Não estou interessada em acalmá-lo, nem pretendo negociar um marido, muito obrigada.

– Não precisa de decidir tão depressa. Espere um pouco e pense nisso. Significaria muito para mim ver aquele garoto feliz. Tanto que aumentarei a quantia para cinco milhões, se for preciso.