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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2016 Jane Porter

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Uma ilha para sonhar, n.º 1818 - abril 2020

Título original: Bought to Carry His Heir

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1348-276-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Epílogo

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Capítulo 1

 

 

 

 

 

Era uma tarde fria e ventosa de fevereiro em Atlanta, mas o ambiente que havia no interior do escritório de advogados Laurent & Abraham era ainda mais frio.

O advogado proeminente James Laurent pegou nos óculos que estavam na sua secretária impressionante e suspirou com impaciência antes de falar.

– Assinou os contratos, menina Nielsen, uns contratos totalmente vinculantes em qualquer país do mundo e…

– Não tenho nenhum problema com o contrato – interrompeu Georgia, mais incomodada do que intimidada com o duro olhar do advogado, pois estava completamente decidida a ser a mãe daquele bebé para depois o entregar. Aquele era o seu trabalho como barriga de aluguer e ela levava sempre o seu trabalho muito a sério. – O bebé é do senhor Panos, mas não há nenhuma cláusula no contrato que estipule onde tenho de dar à luz e nunca me disseram que esperavam que o fizesse no estrangeiro. Se fosse assim, não teria aceitado ser a barriga de aluguer para o senhor Panos.

– A Grécia não é um país do terceiro mundo, menina Nielsen. Pode ter a certeza de que receberá uma atenção médica excelente em Atenas antes, durante e depois do parto.

Georgia lançou um olhar ao advogado enquanto se esforçava para manter o mau feitio sob controlo.

– Estudo Medicina em Emory. Não me preocupo com esse aspeto da gravidez. Mas sinto-me incomodada com a sua condescendência. Se se cometeu algum erro ao redigir o contrato foi do seu cliente… Ou seu. Não se menciona que tinha de entrar num avião e viajar seis mil quilómetros para dar à luz.

– É um problema de cidadania, menina Nielsen. O bebé deve nascer na Grécia.

Se Georgia estivesse de melhor humor, talvez até tivesse sorrido, mas não estava de bom humor. Estava furiosa e frustrada. Cuidou minuciosamente de si própria desde o princípio. A sua responsabilidade como barriga de aluguer era ter um bebé saudável e estava a cumprir a sua parte. Alimentava-se bem, dormia sempre que podia, fazia exercício e tentava manter o stress afastado, algo que não era especialmente fácil estando na Faculdade de Medicina. Contudo, entre os seus planos, não figurava ir à Grécia!

– Os arranjos para a viagem estão a ser finalizadas enquanto falamos – acrescentou o advogado. – O senhor Panos vai enviar-lhe o seu próprio jato que, como imaginará, é realmente luxuoso e confortável. Estará lá antes de dar por isso…

– Nem sequer cheguei ao terceiro trimestre de gravidez. Parece-me incrivelmente prematuro estar a fazer planos de viagem.

– O senhor Panos não quer que o bebé e a menina se vejam submetidos a um stress desnecessário. E os especialistas recomendam não fazer viagens internacionais no terceiro trimestre de gravidez.

– Em caso de gravidezes de alto risco, mas esta não o é.

– Mas foi uma fecundação in vitro.

– Não houve nenhuma complicação.

– E o meu cliente quer que as coisas continuem assim.

Georgia teve de morder a língua para não dizer algo de que podia ter-se arrependido. Sabia que ela era apenas um recipiente, um útero de aluguer, e que o seu trabalho não teria acabado até o bebé estar a salvo nos braços do pai.

Contudo, isso não significava que quisesse sair de Atlanta e abandonar o mundo que conhecia. Percorrer meio mundo significaria uma grande tensão, especialmente quando se aproximava o fim da gravidez. Sentia-se muito consciente de que se tratava de um trabalho, de uma forma de poder continuar a tomar conta da irmã, mas também não era ingénua. Era muito difícil não experimentar sentimentos pela vida que crescia no seu interior e sentia consciência de que aqueles sentimentos estavam a tornar-se cada vez mais fortes com o passar do tempo. As hormonas já estavam a fazer o seu trabalho e só podia imaginar o que sentiria quando se aproximasse o momento do parto.

No entanto, também sabia que a maternidade não era o seu futuro. A medicina era o seu futuro, a sua meta e o seu caminho na vida.

O senhor Laurent cruzou os dedos das mãos por cima da secretária enquanto o silêncio se prolongava.

– O que é preciso fazer para que esteja disposta a apanhar esse avião na sexta-feira?

– Tenho de ir para a universidade. Tenho de continuar os meus estudos.

– Acabou agora os estudos pré-clínicos. Agora, está a preparar-se para o exame da licenciatura e, na Grécia, poderá estudar tão bem como em Atlanta.

– Não tenciono deixar a minha irmã sozinha durante três meses e meio.

– A sua irmã tem vinte e um anos e vive na Carolina do Norte.

– Está a fazer os seus estudos superiores na Universidade Duke, mas depende económica e emocionalmente de mim. Sou a sua única parente viva. – Georgia ergueu o queixo num gesto desafiante enquanto olhava para o advogado imponente. – Sou tudo o que resta.

– E o bebé que espera?

– Não é meu. Se o senhor Panos quer estar presente no nascimento do filho, terá de vir para Atlanta. Caso contrário, uma enfermeira poderá levar-lho como estava combinado.

– O senhor Panos não pode viajar.

O desconcerto de Georgia ao ouvir aquilo só durou uma fração de segundo.

– Isso não é problema meu. O bebé deixará de ser responsabilidade minha assim que der à luz. Pagaram-me para não me apegar a ele e tenciono cumprir a minha parte do acordo.

O advogado fechou os olhos por um instante e levantou uma mão para empurrar os óculos com o dedo indicador pelo seu nariz poderoso.

– Quanto dinheiro vai ser preciso para que apanhe esse avião na sexta-feira? E antes que me diga que não estou a ouvir, permita-me esclarecer-lhe que há muito tempo que sei que todos têm um preço. Incluindo a menina. Foi por isso que aceitou transformar-se numa barriga de aluguer. A compensação pareceu-lhe satisfatória, de maneira que não andemos com rodeios e faça o favor de me dizer quanto quer para entrar no avião.

Georgia tentou esconder a sua ansiedade e frustração por trás de uma máscara de serenidade. O dinheiro era bom, mas não queria mais dinheiro. Só queria que aquilo acabasse. Fora um erro comprometer-se a fazê-lo. Achara que seria capaz de manter as suas emoções sob controlo, mas, ultimamente, sentia que estavam a sair do seu controlo. No entanto, já era demasiado tarde para voltar atrás. Sabia que o contrato que assinara era vinculativo. O bebé não era dela, mas de Nikos Panos, e não devia esquecer aquilo.

O que significava que seguir em frente era a sua única opção. E, assim que desse à luz e entregasse o bebé, apagaria para sempre aquele ano das suas lembranças. Aquela seria a única forma de sobreviver a uma experiência tão desafiante. Felizmente, já tinha experiência no que dizia respeito a sobreviver a experiências difíceis na vida. A dor e a tristeza profunda eram bons professores.

– Diga-me a quantia que quer.

– Não se trata de dinheiro…

– Não, mas, com o dinheiro, poderá pagar as suas contas e tomar conta da sua irmã. Sei que ela também quer estudar Medicina. Aproveite a oferta e nunca mais terá de fazer algo parecido.

Aquela última frase atingiu o alvo. O senhor Laurent tinha razão. Georgia sabia que nunca mais conseguiria voltar a fazer algo parecido. Aquilo estava a partir-lhe o coração. Contudo, sobrevivera a coisas piores. E também não ia abandonar o bebé nas mãos de um monstro. Nikos Panos queria aquele bebé desesperadamente.

Inspirou rapidamente e mencionou uma quantia escandalosa, uma soma que bastaria para pagar os estudos de medicina de Savannah, a sua manutenção e algo mais.

Esperava ter escandalizado o velho advogado, mas este nem sequer pestanejou. Limitou-se a empurrar um papel impresso que tinha em cima da mesa.

– O anexo ao contrato. Assine por baixo e ponha a data, por favor.

Georgia engoliu com esforço, emocionada com a prontidão com que o advogado aceitara a quantia que pedira. Provavelmente, esperava que pedisse mais. De certeza que também teria aceitado se lhe tivesse pedido milhões. Orgulho estúpido. Porque não podia comportar-se como uma verdadeira materialista?

– Assinando o anexo, está a aceitar ir-se embora na sexta-feira – explicou o senhor Laurent. – Passará o último trimestre da sua gravidez na Grécia, na villa que o senhor Nikos Panos tem em Kamari, que se encontra a pouca distância de Atenas. Depois de dar à luz, quando se encontrar em condições, o meu cliente vai enviá-la de volta a Atlanta no seu jato privado ou num voo em primeira classe na linha aérea que escolher. Alguma pergunta?

– O dinheiro estará na minha conta amanhã?

– Bem cedo. – O advogado assentiu ao mesmo tempo que lhe dava uma caneta.

Georgia assinou e devolveu-lhe a caneta.

– Alegra-me que tenhamos chegado a um acordo – disse o senhor Laurent, com um sorriso.

Georgia assentiu, abatida, mas incapaz de ver outra saída para a sua situação.

– Como o senhor disse, todos têm um preço, senhor Laurent.

– Desfrute do tempo que passar na Grécia, menina Nielsen.